A Justiça decretou a prisão preventiva de um vereador de Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre, investigado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul por suspeita de chefiar uma quadrilha que lavava dinheiro proveniente de vários crimes – entre eles tráfico de drogas. Vanio Presa (PMDB) é considerado foragido após não ter sido encontrado em uma operação deflagrada nesta terça-feira (8) na cidade gaúcha.
A Operação Alderman – vereador em inglês – ainda cumpriu sete mandados de busca e apreensão em escritórios de contabilidade, pizzarias, uma residência e veículos. Também foi determinado bloqueio de bens do grupo criminoso em contas correntes, de um imóvel no Litoral Norte gaúcho e dois imóveis em Alvorada, além de cinco veículos.
diz o MP (Foto: Marjuliê Martini, divulgação/MPRS)
"No momento do cumprimento [do mandado de prisão, o vereador] foragiu. Hoje ele encontra-se foragido. Tentou-se vários contatos com ele, e ele sabendo da prisão dele e da iminência de ter que se apresentar, decidiu se furtar da aplicação da lei penal", disse o promotor de Justiça Criminal Marcelo Tubino em entrevista coletiva.
Segundo o MP gaúcho, o grupo vem sendo investigado desde março pelas promotorias de Justiça Criminal, Especializada e Eleitoral de Alvorada, Grupo Especializado de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Núcleo de Inteligência do Ministério Público (Nimp). Além de tráfico, o dinheiro lavado pela quadrilha vinha de agiotagem e crimes licitatórios e contra administração.
"Uma quadrilha especializada em lavagem de dinheiro chefiada por um vereador da cidade fazia uso de pessoas jurídicas, empresas, para ingresso de capital de origem ilícita provenientes de crimes tráfico, contra a administração e usura, e fazia esse capital circular nessas pessoas jurídicas e com base nisso dissimulava esse patrimônio e adquiria outros ganhos moveis e imóveis, colocando sempre em nomes de terceiros", explica o promotor. A estimativa do MP é que mais de R$ 1 milhão tenham circulado no esquema.
O pedido de prisão preventiva deferido pela Justiça argumentava reiteração criminosa e o embaraço à investigação. Além disso, foi determinado o afastamento do vereador do cargo. Outros investigados na operação ficaram proibidos de exercer atividades econômicas e tiveram impostas medidas cautelares de fiança de R$ 5 mil a R$ 30 mil para responder ao processo em liberdade.
Assessores trabalharam em pizzarias
Presa já havia sido acionado na Justiça pelo Ministério Público por improbidade administrativa. Segundo a promotora Rochelle Jelinek, ele é investigado por suspeita de desvio de diárias e por manter assessores que, na verdade, trabalhavam nas pizzarias onde ocorria a lavagem de dinheiro. Com o material apreendido na operação, podem surgir novos indícios contra o político.
"As provas obtidas hoje devem auxiliar na conclusão dessas investigações e, em breve, serão ajuizadas novas ações", afirmou a promotora.
O G1 entrou em contato com o gabinete do vereador e com o diretório do PMDB em Alvorada, mas não obteve resposta. O prefeito eleito e presidente do partido na cidade, José Arno Appolo do Amaral, afirmou que não sabia do fato e que não tinha como repassar o contato de um advogado de defesa. G1RS