Estranhamente, uma medida que deveria ser reconhecida como correta e louvável, adotada pelo vereador Horácio Ferrando Dorneles no início do ano legislativo de 2015, quando na presidência da Câmara Municipal de Santo Augusto, que nada mais representava do que controlar os gastos e cuidar da economia aos cofres públicos e, por conseguinte ir de encontro ao interesse dos munícipes, provocou verdadeiro alvoroço entre a quase totalidade dos demais vereadores que, inconformados dedicaram seus espaços no grande expediente das sessões ordinárias dos dias 30 de março e 6 de abril para criticarem, com veemência e revolta o presidente, por ter ele limitado o número de diárias em no máximo 12, por vereador, durante aquele ano. Para quem acompanhou os pronunciamentos (transmitidos ao vivo pelo rádio), certamente, não restou outra interpretação senão a de que os vereadores que xingaram e reclamaram insistente e reiteradamente a medida adotada pelo presidente, “demonstraram a real e estampada ganância que têm por receberem diárias”.
Na sessão do dia 30 de março, o mais chorão foi o vereador Ultramar. Provavelmente pela falta de fundamento para justificar e expressar a raiva do momento, apresentou o esfarrapado argumento do sacrifício que os vereadores fazem saindo de Santo Augusto às 23h30min, tendo que dormir dentro do ônibus para ir a Porto Alegre; lá têm despesas de hotel, comida, táxi, e que ninguém entre os vereadores bota o dinheiro das diárias no bolso. Disse que desde 2005 deixou de ser empresário para dedicar-se à vereança em prol do povo. Já na sessão do dia 6 de abril, quase todos os edis gastaram a integralidade do seu tempo reclamando e batendo forte no presidente, não só por ele ter limitado o número máximo de diárias para cada vereador, mas também pela forma como Horácio tinha se expressado na sessão anterior, principalmente quando disse: “… me representa senhores vereadores, que hoje diária se parece a mamadeira, ‘representa que eu estou desmamando’, porque tá um choroteo por causa de diária”. Para mim, diária não pega bem, “quem quer fazer diária quer melhorar o salário, fazer um reforço no salário”, sustentou o então presidente. Melindrados e sentindo-se ofendidos, foi como enxame de abelhas, foram ao ataque.
Ao mesmo tempo que determinou limite máximo de diárias, o então presidente/2015 orientou aos vereadores que os valores gastos com diárias devem, sempre, reverter em algum benefício aos munícipes, com relatório circunstanciado e transparente sobre “o que foi buscado e o que foi trazido em benefício da população”, uma vez que é com dinheiro do contribuinte que são pagas as diárias. Convenhamos. Foram elementares e pertinentes as medidas adotadas pelo então presidente do legislativo santoaugustense. Afinal, qual tem sido o retorno aos munícipes sobre os valores gastos com diárias dos vereadores? Digamos que até frequentem aos cursos, seminários, enfim, que noticiam como justificativa das viagens mas, geralmente, o único beneficiado é o vereador que o faz, haja vista que, mesmo que tenha adquirido algum conhecimento, nada muda em suas ações como vereador.
Mas, agora, para o exercício legislativo de 2016, esse vereador revoltado e briguento por diárias “é presidente da Câmara de Vereadores”. E, já que é o presidente quem autoriza e libera as diárias, ele poderá viajar o quanto quiser e fazer a farra às custas do dinheiro do povo.