O que leva um agente político, no caso, um prefeito, que tem o dever e a responsabilidade de cuidar das pessoas de seu município da melhor forma e respeito possível, a não medir suas próprias palavras? Refiro-me ao prefeito de Erval Seco, Leonir Koche (PSDB), que, através de uma emissora de rádio, ao enaltecer uma obra realizada por sua administração, saiu-se com essa: “Fizemos realmente um trabalho de gente branca, vamos dizer, um trabalho perfeito”. Não o conheço, mas creio que não teve a intenção de discriminar racialmente sua gente, mas como diz o ditado: o peixe morre pela boca. Falou tá falado. Agora é aguentar as consequências.
Sobre a expressão do prefeito, uma denúncia chegou ao Ministério Público que, por sua vez, como se trata de um prefeito em exercício, remeteu o caso à Procuradoria da Função Penal Ordinária que no dia 24 de agosto instaurou procedimento para investigar o caso, inicialmente tratado como injúria racial praticada, em tese, pelo prefeito, podendo ele, ao fim da apuração, ser formalmente acusado e processado.
O caso ganhou repercussão na imprensa, nas redes sociais e também na Assembleia Legislativa, onde a deputada Laura Sito (PT) chamou a fala de “extremamente racista”, enquanto o deputado Leonel Radde, também do PT, afirmou que “é inadmissível que uma autoridade pública, que deveria representar e proteger todos os cidadãos e cidadãs, manifeste esse tipo de postura criminosa”.
Em nota, o prefeito se desculpou pela fala. Ele reconheceu “a desnecessidade de utilização deste ditado não mais popular, e que o mesmo não possui mais espaço na atual conjuntura social”. “Neste sentido, venho de forma pública manifestar meu pedido de desculpa, com fins de contribuir para manter um ambiente de diálogo respeitoso”, disse o prefeito na nota.