Pesquisar
Close this search box.

Testemunhas se contradizem na reconstituição da morte de Odilaine

Foto: Félix Zucco / Agencia RBS

Além de darem as suas versões sobre o fato, elas representaram a cena vivenciada no dia em que o tiro foi disparado

Cinco testemunhas participaram, na tarde desta terça-feira, em Três Passos, dareconstituição da morte de Odilaine Uglione. Além de darem as suas versões sobre o fato, elas representaram a cena vivenciada no dia em que um tiro disparado de dentro do consultório do médico Leandro Boldrini tirou a vida da então esposa. E houve contradições.

Os diferentes relatos não teriam deixado claro se o disparo fora ouvido antes ou depois de Leandro deixar, às pressas, a clínica (mesma discrepância que apareceu nos depoimentos à Polícia Civil). Uma testemunha ainda teria relatado ter escutado o estampido de dois tiros, enquanto outra afirmou que nada teria percebido.

Solicitada pela Polícia Civil ao Instituto-Geral de Perícias (IGP), a chamada Reprodução Simulada dos Fatos (RSF) ocorreu nas salas onde funcionava a clínica de Boldrini, no Centro Clínico São Mateus. Ruas no entorno do prédio foram bloqueadas pela Brigada Militar, e o prédio, isolado.

— A reprodução dos fatos transcorreu de forma tranquila, sem nenhum tumulto que pudesse provocar transtornos — limitou-se a dizer o delegado Marcelo Lech, que investiga a morte de Odilaine.

Há expectativa para a quarta-feira, quando Boldrini participa, à tarde, da reconstituição. Outras seis pessoas, que não tiveram os nomes informados pela polícia, também participam da reprodução. Entre elas, a então secretária do médico, Andressa Wagner, apontada por uma perícia particular como autora da carta de suicídio de Odilaine.

A investigação sobre a morte da mãe de Bernardo foi reaberta em maio deste ano, justamente depois ter se tornada pública a análise da carta, para que se apontem as circunstâncias do ocorrido. À época, em 2010, o inquérito foi arquivado como suicídio, mas a família de Odilaine acredita se tratar de um suposto homicídio.

— Existem indícios que podem levar a uma conclusão diferente da apresentada em 2010, que não suicídio — defende Marlon Taborda, advogado da mãe de Odilaine, Jussara Uglione.

São essas contradições que a reprodução deve auxiliar a elucidar. As versões encenadas pelas testemunhas são registradas em imagens pelos peritos do IGP que, depois, devem analisá-las em um prazo de até 30 dias.

— A partir de diferentes versões que são dadas para um determinado fato, se procura reconstituí-las, na medida do possível e o mais fidedigno possível, para responder se a versão é factível, ou não — explica o diretor do Departamento de Criminalística do IGP, Paulo Frank.

Na véspera do início dos trabalhos, moradores instalaram faixas nas esquinas em frente ao prédio onde ficava a clínica com fotos de Odilaine, Bernardo e um pedido:

— Justiça. Se ele (Leandro Boldrini) é culpado, ele há de pagar — resumiu a dona de casa Rozani Renz, 54 anos, que deixou um buquê de flores rosa no local.

A MORTE DE ODILAINE

— Odilaine Uglione morreu às 18h50min do dia 10 de fevereiro de 2010, no hospital de Três Passos, horas depois de supostamente atirar contra a própria cabeça, dentro do consultório do marido, o cirurgião Leandro Boldrini.

— Testemunhas viram Odilaine chegar nervosa e entrar na sala para esperar Boldrini.

— Conforme o relato de testemunhas à época, Boldrini saiu correndo da sala e um tiro foi ouvido. Outras testemunhas, no entanto, disseram primeiro ter ouvido tiro e depois, visto o médico sair da sala.

— A investigação da morte foi arquivada com a conclusão de suicídio.

— Depois que Bernardo Uglione Boldrini, filho de Odilaine e de Leandro, foi morto, em abril de 2014, e o pai e a madrasta surgiram como suspeitos do crime, a família de Odilaine passou a tentar reabrir o caso de 2010, sustentando a tese de homicídio.

— A Justiça negou os pedidos até que uma perícia particular indicou que a carta de despedida, encontrada na bolsa de Odilaine, não teria sido escrita por ela, mas sim por uma funcionária de Boldrini à época.

— Assim que o resultado da perícia particular foi tornado público, a funcionária registrou ocorrência por calúnia e forneceu material escrito para que a perícia oficial fizesse a comparação com a carta de suicídio. Essa perícia ainda está em andamento.

— Em maio, o Ministério Público se manifestou pela reabertura do caso e o pedido foi acatado pela Justiça.

— O delegado Marcelo Lech foi designado para conduzir a nova investigação sobre as circunstâncias da morte de Odilaine.

Categorias

Categorias

Arquivos

Arquivos