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Sobre Racismo…

É lamentável. É absurdo. É estúpido o que ocorreu no jogo de futebol entre Cruzeiro de Minas Gerais e Real Garcilaso do Perú, pela Libertadores da América na semana passada. O jogador Tinga, que já atuou pelo Grêmio e pelo Inter, foi vítima de racismo pela torcida adversária.

            Sempre que o atleta tocava na bola, torcedores peruanos estúpidos e ignorantes imitavam o som de um macaco na arquibancada, querendo inibir o jogador. As imagens destes torcedores circularam o mundo e a repercussão foi imediata. Ao final do jogo, o atleta desabafou:

            – “A gente fica muito chateado né. A gente tenta esquecer ali dentro, a gente tenta competir, mas a gente fica um bocado chateado de acontecer isso em pleno 2014. Acontecer uma coisa dessa, num país tão próximo da gente. Se pudesse não ganhar nada e ganhar esse título contra o preconceito, eu trocaria todos os meus títulos por uma igualdade em todos os lugares, todas as áreas e todas as classes”.

            Mas o pior estava por vir. Após a partida o jogador ligou para a família no Brasil, e seu filho de 11 anos estava chorando e pediu para não ir a escola no outro dia. Com a tranquilidade de um vencedor, um atleta exemplar, Tinga aproveitou a oportunidade para conversar com o menino e pediu que ele fosse a escola. Disse ainda que todos gostavam dele e ressaltou que o que tinha acontecido com seu pai seria importante para o seu crescimento. O jogador não dormiu naquela noite…

            No dia seguinte várias mensagens de solidariedade ao jogador surgiram nas redes sociais e na imprensa em geral. A torcida lotou o aeroporto para recebe-lo com carinho. Outros atletas como Ronaldinho Gaúcho se manifestaram publicamente e até o presidente do Atlético Mineiro, clube rival do Cruzeiro em Minas Gerais se manifestou com as seguintes palavras: “Todas as cores, uma só raça. Rivalidade sim, racismo nunca”. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em seu Twitter escreveu: “Por um mundo sem racismo, sem desrespeito”. O presidente da Conmebol, responsável pela competição, já afirmou que a equipe poderá sofrer punições, entre elas perda de pontos, multa e perda do mando de campo.

            Eu já vou mais longe…

            Como foi filmada a violência contra o jogador, deveriam ser identificados os torcedores e processados pelo crime de racismo. Se aqueles que praticaram o ato não forem punidos, voltarão a pratica-lo, pois ficará a imagem da impunidade. Não basta punir o clube. Tem que identificar quem fez.

            Na viagem de retorno das férias nesta semana, recebi uma revista do ano passado para ler e, curiosamente, tinha um reportagem do jogador Tinga, no campo de futebol com crianças paralíticas, onde o atleta utilizava umas botas especiais que prendiam uma destas crianças ao seu corpo, dando-lhe a oportunidade de chutar a bola com os movimentos do jogador. Era um dia de boas ações entre jogadores e crianças que não possuíam os movimentos. Um belíssimo exemplo, para refletir…

Das minhas leituras da madrugada: – Não se julga uma pessoa pela sua cor, mas pelo seu caráter…

                                                                                                                                    Por Marcos Salomão – Colunista jornal O Celeiro

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