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Sobre o seu dia, com a palavra Colono e Motorista

Na terra e na estrada, impulsionando o país

 

Dia 25 de julho é comemorado o Dia do Colono e do Motorista, duas profissões que são responsáveis pelo abastecimento e progresso do país. Os colonos retiram da terra o alimento que abastece toda a população de um país, já os motoristas são os responsáveis pela distribuição desses alimentos. No seu dia a dia enfrentam muitas adversidades. Na boleia os motoristas enfrentam a estrada que nem sempre oferece boas condições, enfrentam a saudade de quem fica em casa e vários quilômetros de estrada para levar o progresso e a produção do brasileiro. Já no campo, a luta não é menor, enfrentam o clima como um aliado, porém muitas vezes é ele quem põe tudo a perder. O colono enfrenta crises, as pragas, o calor do sol e o frio da chuva, mas apesar das mãos calejadas, o amor pela vida no campo não o deixa desistir da luta diária.

Nossa reportagem, objetivando homenagear essas duas classes responsáveis diretas pelo desenvolvimento econômico do país, buscou, através de um agricultor (colono) e de um caminhoneiro (motorista), aleatoriamente escolhidos, a avaliação da evolução e do atual momento vivenciados por “colonos e motoristas”.

 

Colono

 

Hedio Weber

 

Família de colonos capinando na lavoura                              Assim era arada, com bois, a terra

 

            

Filho de colonos, convivendo desde sua infância no meio rural e tendo a agricultura como sua atividade profissional, Hedio Weber, estabelecido com propriedade rural na localidade de São Jacó, interior de Santo Augusto, na passagem do “Dia do Colono” que transcorrerá neste 25 de julho, fala sobre o setor. Cultivando e criando alguns animais na propriedade de 23 hectares, seu pai criou os 12 filhos que desde pequenos ajudavam nas tarefas da família. A pouca produção de soja, milho e a suinocultura num sistema rudimentar da época, formavam a grande receita de seus pais. A família trabalhava de sol a sol, o serviço era braçal, o preparo da terra era feito com arado puxado com junta de bois e, em determinados locais se usava muito a capina, com enxada, e era a família que fazia essa capina e não se utilizava fertilizantes, nem herbicida e inseticida. A gente criava e engordava suínos tratando com lavajada, mandioca, abóbora, bata-doce, milho, lembra Hedio. Não existia banco naquela época, tudo o que se colhia era sobra, se colhia menos mas sobrava, não se tinha muito no que gastar. Mas nós fomos evoluindo e com o pensamento de economizar para comprar terra, aliás, era muito mais fácil comprar terra naquele tempo, tinha oferta e preço bom. Nós, os filhos, estávamos sempre participando das ideias do pai e da mãe, na programação das atividades, nas tarefas do dia seguinte. Isso foi na década de 50, início de 60. No final da década de 60 e no início de 70 começamos a mecanizar a lavoura, mas como não tínhamos máquina própria ainda continuamos a queima da palhada favorecendo a formação de erosão e consequente desgaste do solo.

Quando começou a década de 80 tinha gente já começando parar de queimar a palhada, mas igual fazia a subsolagem, a aragem ou a gradeagem. Naquele período veio também a cooperativa que muito auxiliou na assistência técnica e comercialização dos produtos, e a agricultura começou crescer dentro da visão de empresa rural.

Na década de 90 surgiu o plantio direto, aí mexeu e revolucionou a cabeça do agricultor que passou a conviver com os engenheiros agrônomos e com a adoção de tecnologias.

Houve resistências e muitos desistiram, mas quem insistiu, permaneceu no campo e acompanhou a tecnologia está bem, com estabilidade e conforto. Quanto às desistências dos que abandonaram o campo é lamentável e, eu culpo o poder público que deveria ter proporcionado à assistência técnica e a orientação necessária àqueles pequenos agricultores.

Outro fator de preocupação é a “sucessão familiar no campo”. A sucessão, segundo Edio Weber, significa dar oportunidade aos nossos filhos, condições para que eles tenham visão de futuro com qualidade de vida igual aos que vivem na cidade, ver a propriedade como um negócio lucrativo, de estabilidade, e que ele possa se orgulhar daquilo que está fazendo. E aí é que deveriam aparecer os técnicos da Secretaria Municipal da Agricultura, da Emater, comprometidos com um projeto de sustentabilidade. Na verdade, nós temos um município fazendo o social apenas, onde o custo é altíssimo e o produtivo é fraco. O certo é que todas as pessoas gostariam de trabalhar e ganhar o seu próprio dinheiro. Isso é dignidade, fortalece a autoestima e dá qualidade de vida.

Finalizando, Hedio parabeniza as duas classes: “Colono e Motorista”, enaltecendo seu valor, um na produção de riquezas e o outro no transporte dessas riquezas, onde um complementa a atividade do outro, imprescindíveis à vida e ao desenvolvimento.

 

 

Motorista

 

           Roque Stechmann de Freitas                 

 

           Desfile no Dia do Motorista

 

Motorista de caminhão há mais de 35 anos, ex-presidente da extinta Associação dos Motoristas de Santo Augusto; presidente da Cooperativa dos Caminhoneiros de Santo Augusto, e membro da Federação Gaúcha e Catarinense dos Caminhoneiros, pela passagem da data consagrada ao “motorista” a transcorrer neste sábado, 25 de julho, Roque Stechmann de Freitas fala sobre a profissão.

A situação do caminhoneiro está muito difícil, disse. O frete defasado e sem perspectivas de melhora, as rodovias indo de mal a pior, o óleo diesel o grande vilão, continua com preço muito elevado e sem sinal algum de redução. E não se vê sinal algum de melhora para o setor do transporte como um todo, o que se ouve é bastante incentivo para as ferrovias. Mas, na verdade, o que tem que melhorar é as estradas, a fiscalização, reconhecer devidamente o setor do transporte rodoviário.  

Há poucos meses foi sancionada e regulamentada a Lei do Caminhoneiro, houve também uma paralização por melhorias no setor, mas na prática não mudou nada, nenhum benefício foi verificado de concreto ao motorista.

O descaso é gritante, pois no mesmo tempo que o governo cria lei perdoando multas por excesso de peso ele determina o fechamento das balanças no país. E o excesso de peso é visível, contribui muito para detonar com as rodovias. Vejo que o governo deveria reunir as federações do país, não no sentido de greve, nem de guerra, mas sim de negociar, de colocar as coisas no papel, item por item, para não haver aquele desencontro de governo, de motorista, de policiamento, de fiscalização, enfim.

Na verdade, no tocante a lei sancionada, o que beneficiaria o motorista, nada foi feito. A área de repouso, que o governo prometeu e dar um bônus para o posto de combustível que construísse uma área para esse fim, eu viajo o país de ponta a ponta, e não vi em lugar nenhum, sustenta Roque. Isso ficou só no papel. O único item que está funcionando é quanto ao horário de trabalho e horário de descanso, o que é bom.

Quanto ao frete, de uns anos para cá a oferta está maior que a procura e o governo, na verdade, não tem como regulamentar. Se houver caminhão sobrando, o preço do frete baixa. Por exemplo, um frete pra Rio Grande, na safra já esteve R$ 110,00, mas as empresas, hoje, aqui, estão pagando, no máximo, R$ 70,00, R$ 75,00. Apesar da defasagem, os custos são os mesmos ou até maiores, porque o óleo subiu e nada mudou em relação aos pedágios. Por isso, o governo deveria investir mais na infraestrutura do transporte rodoviário, em vez de estar se preocupando com ferrovia, coisa que não dá retorno, não gera emprego.

Roque vê como imprescindível a união dos profissionais do transporte rodoviário, mais especificamente, dos caminhoneiros, na busca de melhorias para o setor, não como foi feito nas paralisações de alguns meses atrás, meio que cada um por si. Temos que nos unir, disse, agir de forma elaborada, planejada, designar pessoas certas para chegar nos lugares certos, para chegar no governo, para chegar onde for necessário, em busca do benefício para todos. Então, havendo união e bom senso na classe, tem como melhorar. A organização em primeiro lugar. E finaliza dizendo: Se não for assim, não vamos chegar a lugar nenhum, com certeza.  

Em alusão ao Dia do Colono e do Motorista, Stechamann de Freitas deixa a mensagem: Aos motoristas, como eu, que tenham prosperidade, que sejam feliz independente de estrada, de caminhão, que estejam de bem com a família em primeiro lugar, e que alcancem o êxito que tanto almejam na vida. Feliz Dia do Colono e do Motorista.   

 

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