Servidores da Segurança repudiam ameaças de Sartori – NÃO HÁ DESGRAÇA MAIOR QUE ESTE GOVERNO

 

Servidores de cinco categorias da Segurança Pública promoveram nesta quinta-feira (4) uma paralisação de 15 horas em protesto contra o corte de investimentos na área e o parcelamento de seus salários pelo governo José Ivo Sartori (PMDB). Participaram da mobilização servidores da Polícia Civil, Brigada Militar, Bombeiros, Instituto Geral de Perícias e Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe). O Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm Sindicato) informou que 100% da categoria aderiu à paralisação no Estado. Segundo a entidade, agentes compareceram a diversas delegacias pelo Estado, mas paralisaram suas atividades em protesto. Já a Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf) relatou que, em Porto Alegre, pelo menos cinco batalhões da Brigada Militar tiveram a entrada bloqueada por representantes de sindicatos da categoria e familiares de brigadianos.

À tarde, os servidores realizaram uma manifestação que iniciou em frente ao prédio da Secretaria Estadual da Fazenda, por volta das 15 horas, e terminou em frente ao Palácio Piratini, em um ato unificado que contou com a participação de outras categorias do funcionalismo público. O Bloco da Segurança, que reúne os sindicatos da área, afirmou que a mobilização desta quinta consolidou a unidade de todos os servidores que devem organizar nas próximas semanas uma assembleia geral de todas as categorias do funcionalismo, a exemplo do que ocorreu no ano passado. As entidades que integram o bloco repudiaram as ameaças feitas no dia anterior pelo governador Sartori.

Servidores de cinco categorias da Segurança Pública realizaram protesto à tarde, em frente à Secretaria Estadual da Fazenda, contra as políticas do governo Sartori. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Servidores de cinco categorias da Segurança Pública realizaram protesto à tarde, em frente à Secretaria Estadual da Fazenda, contra as políticas do governo Sartori. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Críticas e um desafio a “Pezão”

No ato realizado em frente à Secretaria Estadual da Fazenda, os servidores receberam o apoio de muitos motoristas que buzinaram e fizeram manifestações de apoio ao movimento. No caminhão de som estacionado em frente à secretaria, representantes dos servidores fizeram muitas críticas ao governador José Ivo Sartori e ao Secretário da Fazenda, Giovani Feltes. Os oradores lembraram a ação popular movida contra Feltes pela construção, quando era prefeito de Campo Bom, de um monumento em praça pública, em homenagem a um “pezão”, apelido do secretário. E anunciaram que a Polícia Civil está trabalhando para investigar “coisas estranhas que estão acontecendo no Estado”.

Marco Rodrigues, da Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar (ASSTBM), convidou seus colegas a manterem Operação Padrão enquanto durar a atual política do governo Sartori. “Vamos andar de arrasto, como anda esse governo”, afirmou. Rodrigues repudiou as ameaças feitas por Sartori em um pronunciamento na quarta-feira, dizendo que “não existe desgraça maior do que o parcelamento dos salários e ameaça maior que este governo”. E lançou um desafio ao secretário Feltes: “O senhor não só é mau caráter como também é incompetente. Pode ir lá na Assembleia Legislativa se queixar de mim para o Bombeiro Bianchini, como fez no ano passado”.

“Vamos ter que fazer algo mais radical”

Cládio Wohlfahrt: "Temos uma decisão que obriga o governo a pagar nosso salário integralmente, mas o Judiciário não está fazendo nada para determinar o cumprimento dessa decisão". (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Cládio Wohlfahrt: “Temos uma decisão que obriga o governo a pagar nosso salário integralmente, mas o Judiciário não está fazendo nada para determinar o cumprimento dessa decisão”. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Cládio Wohlfahrt, diretor financeiro do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia (Ugeirm), destacou que a mobilização desta quinta-feira ocorreu em 29 regionais no Estado, contando com o apoio de outras categorias de servidores públicos. No ato realizado em frente à Secretaria Estadual da Fazenda, o diretor do sindicato convidou os servidores a se somarem à luta por um Estado que preste serviços públicos de qualidade à população e que pague bem seus agentes. “Não vamos aceitar um governo que meta a mão no nosso bolso. Temos uma ação vencedora que obriga o governo a pagar nosso salário integralmente, mas o Poder Judiciário não está fazendo nada para determinar o cumprimento dessa decisão ou estabelecer uma punição ao governo”, criticou Wohlfahrt.

Claudete Valau, da Associação das Esposas dos Policiais Militares e Policiais Femininas do Nível Médio do RS, defendeu a radicalização das mobilizações, diante da guerra aberta pelo governo Sartori contra os servidores. “Só o que está faltando para nós agora é ocupar o Palácio Piratini. O resto já fizemos. Vamos ter que fazer algo mais radical. O mesmo vale para o Judiciário que não faz nada diante da recusa de Sartori em cumprir a ordem judicial de pagar os salários em dia”.

“Taxas de homicídios, assaltos e roubos dispararam”

Segundo os sindicatos dos trabalhadores da segurança, o corte de investimentos na área fez as taxas de homicídios, assaltos e roubos dispararem a níveis nunca antes vistos. Em um material distribuído à população durante o dia, as entidades relataram alguns dos problemas causados por esse corte de investimentos: “O roubo de carros bateu um recorde histórico em 2015, um carro foi roubado a cada 39 minutos em Porto Alegre. Com a Polícia Civil sobrecarregada, apenas 5,5% dos inquéritos de homicídios chegam ao Tribunal do Júri na Região Metropolitana. Superlotado, o Presídio Central é um mapa do inferno”.

Após o ato na Secretaria da Fazenda, os servidores da segurança subiram em caminhada pela avenida Borges de Medeiros em direção à Praça da Matriz. O movimento nas ruas do centro da capital, no final da tarde, era bem menor do que tradicionalmente ocorre em dias de semana. Neste percurso, representantes do movimento relataram à população a realidade vivida pelos servidores hoje, que inclui falta de dinheiro para necessidades básicas, para ir trabalhar, atrasos nos pagamentos de luz, água, aluguel e condomínio, além de dívidas acumuladas com cartão de crédito e cheque especial. “O Banrisul está cobrando uma taxa de 15% ao mês no cheque especial”, resumiu um policial.

Ato dos servidores da segurança terminou em frente ao Palácio Piratini com o apoio de outras categorias de servidores. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Ato dos servidores da segurança terminou em frente ao Palácio Piratini com o apoio de outras categorias de servidores. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

“Unidade para derrotar projeto liberal de Sartori”

A mobilização dos trabalhadores da segurança teve o apoio de várias categorias de servidores. Maria Helena de Oliveira, da direção do Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramentos, Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais do RS (Semapi), defendeu a unificação da luta de todos os servidores contra o governo Sartori e suas políticas. “Vamos preparar uma grande assembleia geral de servidores como fizemos no ano passado”, afirmou. Na mesma linha, Solange Carvalho, do Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS Sindicato), disse que “para derrotar o projeto liberal de Sartori, que pretende sucatear o serviço público no Estado, os servidores precisarão de muita unidade”.

Representantes de todas as categorias dos trabalhadores da segurança criticaram duramente a manifestação feita na quarta-feira pelo governador Sartori, acusando-o de afirmar uma série de inverdades e de ameaçar os servidores com novas punições, além do parcelamento dos salários. Ao final, os servidores anunciaram a disposição de unir todas as categorias para intensificar a mobilização e as lutas contra o governo do PMDB no Estado.

Galeria de imagens:

Foto: Guilherme Santos/Sul21

Foto: Guilherme Santos/Sul21

Foto: Guilherme Santos/Sul21

Foto: Guilherme Santos/Sul21

Foto: Guilherme Santos/Sul21

Foto: Guilherme Santos/Sul21

Foto: Guilherme Santos/Sul21

Foto: Guilherme Santos/Sul21

Sul21

Categorias

Categorias

Arquivos

Arquivos