Tal suspeita se reforça a partir do momento que a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) revela que 50% dos jovens com idades entre 14 e 18 anos residentes no Rio Grande do Sul estão fora da escola. O dado, confirmado pelo presidente de entidade, professor André Lemes da Silva, nos faz levantar a questão: se o Estado está fechando turmas, por que não destinar essas salas ociosas para atender estudantes do Ensino Médio que estão fora da escola? Por que a rede estadual mantém sua capacidade instalada ociosa?
O tom destes questionamentos pode (e deve) ser aumentado quando se sabe que a responsabilidade sobre a Educação Infantil recai sobre os municípios, que também dividem com o Estado a oferta do Ensino Fundamental e, quando pode dar uma contrapartida à sociedade aumentando as vagas disponíveis para o Ensino Médio, o governo estadual se omite, preferindo ignorar milhares de jovens fora da escola a assumir o seu dever. Isso sem falar, que a cada ano as prefeituras assumem mais e mais alunos que trocam a rede estadual pelas municipais.
A falta de qualquer sinalização da Secretaria de Educação sobre o assunto nos faz entender que o governador Sartori, mais do que economizar, pretende fugir da responsabilidade histórica de qualquer governante: garantir o acesso de sua população à educação. Cabe aqui, questionar: qual será o próximo passo? O fechamento de escolas parece ser a resposta mais óbvia.
Tão assustador quanto as recentes medidas é o fato de que ao decidir fechar 1.445 turmas além das 811 recomendadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) em novembro do ano passado, Sartori dá um sinal claro aos gaúchos: educação não é, nem nunca será uma prioridade em sua cartilha de governo.
Pobre de um povo, cujos governantes não vêm na educação o principal caminho para a redução das desigualdades e do desenvolvimento de sua terra. Os gaúchos não merecem isso. Jamais.
Miriam Marroni é deputada estadual.
Sul21