Impacto é projetado sobre trabalhos diretos, indiretos e induzidos após 5 mil demissões anunciadas pela montadora.
Empresa decidiu deixar o Brasil neste ano | Foto: Miguel Schincariol / AFP / CP
A opção da Ford de encerrar suas atividades no Brasil deve representar uma perda potencial de 118.864 postos de trabalho, somando diretos, indiretos e induzidos, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). As 5 mil demissões anunciadas pela montadora também podem causar um impacto de menos R$ 2,5 bilhões/ano no potencial de massa salarial do país. O levantamento estima que a arrecadação de tributos e contribuições será outro indicador afetado no valor de R$ 3 bilhões/ano.
Com grande reflexos na economia por sua decisão, o departamento reconhece que a Ford, ao longo dos anos, foi beneficiada no Brasil com políticas de incentivo ao setor – R$ 2,81 bilhões em 2011 para R$ 6,45 bilhões em 2020 – e que isso garantiu a expansão e a geração de empregos. No entanto, a Dieese entende que faltaram regras mais claras relacionadas à possíveis contrapartidas para manutenção da produção de empresas do setor em território nacional.
A avaliação é de que não se obteve por parte do governo central um maior compromisso e uma atuação mais contundente para preservar o setor industrial e os empregos. “O movimento sindical tem apresentado propostas para reindustrialização e qualificação das cadeias produtivas, com sustentabilidade ambiental e desenvolvimento regional, além de empregos de qualidade”, diz trecho da nota. Entretanto, “o que se observa é o fechamento de empresas, aumento do desemprego, queda da renda das pessoas, aumento da pobreza e da pobreza extrema, desigualdades, fome, miséria e queda da arrecadação pública”.
“O governo central possui mecanismos de política econômica e social para atenuar crises, amparando a população que perde o emprego, seja através do gasto direto de recursos com as pessoas (auxílio emergencial), seja dando suporte às empresas através de empréstimos a juros baixos e prazos mais longos. A crise sanitária também não foi controlada e, diferentemente de outros países, ainda não há um plano de vacinação detalhado, item fundamental para retomada da economia e geração de empregos”.
Correio do Povo