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REAÇÃO À VIOLÊNCIA JUVENIL

A agressividade entre adolescentes, que resulta em tragédias, cresce na mesma medida da omissão dos adultos.



As mortes provocadas por conflitos entre adolescentes acionaram, há muito tempo, um sinal de alerta ainda sem resposta adequada das instituições, da família, da escola e das comunidades. O Rio Grande do Sul enfrentou, na semana passada, mais um desses traumas, quando uma menina de 14 anos foi esfaqueada por outra de 15 anos, em Bagé, porque ambas estariam disputando o mesmo namorado. Outro exemplo de morte absurda é o do menino de 17 anos massacrado por outros jovens, alguns adultos, tomados por fúria coletiva, em agosto do ano passado, na saída de um clube de Charqueadas. São casos que, por terem resultado em morte, têm compreensivelmente maior repercussão.



Mas a violência juvenil repetida, quase banalizada, produz também outros danos cotidianos, com sequelas físicas e também psicológicas nas vítimas, nos familiares de agredidos e agressores e nas pessoas que com eles convivem. Jovens agridem-se na escola, nas ruas, em clubes, em jogos de futebol. O mais banal dos motivos é capaz de provocar enfrentamentos não só individuais, mas ações em grupo. Passou da hora de o Brasil enfrentar a epidemia de violência entre meninos e meninas a partir da verificação de causas, para que as reações não sejam apenas as punitivas.



É evidente, pelos indícios disponíveis, que a agressividade vem sendo potencializada pela postura de expressivo contingente nas redes sociais. O mundo virtual, com tudo o que contribui para comunicar e aproximar, acaba por agregar também a outros tantos fatores o estímulo à agressão, à disseminação do ódio, à transformação de debates em duelos e à transposição de comportamentos antissociais para a vida real. O anonimato muitas vezes oferecido pela internet ganha rosto, nome e sobrenome no desfecho de casos como os citados acima.



É o resultado da perda de referências, limites e respeito mútuo. Multiplica-se um fenômeno que envergonha o Brasil. Os jovens entre 15 e 29 anos já são as principais vítimas das mortes por armas de fogo no país, numa tragédia em grande parte explicada pela degradação provocada pela guerra das drogas e pela disputa de espaços. Mas, fora desse contexto da criminalidade, há também uma propensão à violência entre adolescentes sem qualquer relação com delinquentes e entre as mais variadas classes sociais.



Para compreender e enfrentar o que se passa, o Brasil poderia copiar experiências como a do Instituto de Direitos Humanos da Catalunha e da organização espanhola United Explanations, que tentam interferir direta e positivamente, via redes sociais, em debates que possam fomentar o ódio, a discriminação e a intolerância. É outro o contexto, de um país também atordoado pelas migrações, mas que serve como exemplo de abordagem, sempre no sentido da pacificação. É óbvio dizer também que família, escola e seus entornos não podem apenas se indignar com o que ocorre. É preciso agir, em mutirões como o que acontece na Espanha, para que os próprios jovens sejam propagadores de paz e tolerância. Mas essa é, essencialmente, uma missão para os adultos. Editorial ZH

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