Diorgenes Pandini / Diario Catarinense Em meio a divergências da corrida eleitoral, Ciro também deixou claro que tem divergências com LulaDiorgenes Pandini / Diario Catarinense

 

Um dos acordos mais controversos do PT foi fechado com o PSB nesta quarta-feira (1º) para impedir o apoio do partido a Ciro Gomes (PDT). Isso porque o presidenciável tentava atrair a sigla socialista e agora deve contar com apoio de poucos diretórios, como Distrito Federal e Espírito Santo. E a divergência não demorou para aparecer, tanto por parte do pedetista quanto da própria Executiva Nacional do PT.

Em entrevista ao programa Central das Eleições, da GloboNews, na noite de quarta, Ciro fez duras críticas ao PT:

— Não sei o que fiz para merecer esse desapreço e essa hostilidade. Nós estamos na luta, e se você olhar, o Brasil tem um lado da política tradicional que impôs uma escolha entre PT e PSDB ao longo dos anos, que impôs certo benefício à sociedade por um tempo. Ambos pegaram a popularidade generosa que o povo atribuiu a eles e transformaram-se em promotores de projetos de poder. E eu sou um rebelde. Lembrem-se que fui candidato em 1998 e 2002.

Essa foi a primeira declaração pública de Ciro após o anúncio do PSB. O candidato também deixou claro que tem divergências com Lula, apesar de ter apoiado os quatro governos petistas eleitos para o Palácio do Planalto.

— O Lula é um anjo ou um ser humano? Se ele não é um anjo, como alguns petistas pensam, é um ser humano. Ele é um grande homem, que fez muita coisa pelo país. (mas) Foi o mesmo homem que loteou a Petrobras, nomeou o Meirelles para o Banco Central. Com esse homem, eu não concordo.

Executiva rachada

Ao apoiar o PSB em Pernambuco, Amazonas, Amapá e Paraíba, em nome de um acordo nacional, a cúpula petista decidiu retirar a pré-candidatura da vereadora Marília Arraes ao governo de Pernambuco. A decisão dividiu o núcleo dirigente do PT.

No Estado, dez dos 26 integrantes da Executiva Nacional protocolaram no Diretório Nacional da legenda um recurso pedindo a revisão da decisão. O documento, que aponta a divergência à decisão aprovada na tarde de quarta, foi articulado pelas tendências Esquerda Popular Socialista (EPS), Democracia Socialista (DS), Militância Socialista (MS), Avante e O Trabalho.

De acordo com o secretário de movimentos populares do PT, Ivan Alex Lima, um dos signatários do recurso, a ideia do grupo é “rever no Diretório Nacional a retirada de candidatura de Marília, tendo em vista que ela unificou o PT de Pernambuco, tem apoio dos movimentos sociais e está bem posicionada nas pesquisas eleitorais, ocupando a segunda posição, empatada com o primeiro colocado”.

— Esse documento mostra uma divergência política programática dentro da Executiva do PT — afirmou Ivan Alex Lima. Os dez signatários do recurso representam 38,4% da composição da Executiva Nacional do PT.

Marília Arraes diz que respeita a decisão do PT, mas vai recorrer

A vereadora do Recife e pré-candidata do PT ao governo de Pernambuco disse, em coletiva de imprensa no Recife, que “respeita a decisão da Executiva Nacional, mas não concorda e que vai recorrer”.

A petista declarou que não se tratava de intervenção da cúpula do PT, atacou o governador e pré-candidato à reeleição, Paulo Câmara (PSB), e culpou os pessebistas por pressionar a cúpula do partido com “chantagens” em troca do apoio a um “governo falido”.

Marília reafirmou que o encontro estadual do PT está mantido para esta quinta-feira (2), e convocou os 300 delegados da agremiação para votar em favor da candidatura própria do partido no Estado.

— Não é surpresa (a decisão da direção nacional). Nossa candidatura nasceu das bases, ganhou corpo e assustou os nossos adversários que manobraram e adiaram três vezes o encontro estadual porque sabem que vamos ganhar. Somos os únicos capazes de defender o projeto do presidente Lula e vamos recorrer até a última instância — declarou.