Lar São Vicente de Paula, se Novo Hamburgo, desligou 11 técnicos e 2 enfermeiros por não conseguir pagar os custos dos profissionais
Por Mauro Belo Schneider – Jornal do Comércio
Após ter sido sancionada a lei que determinou o piso salarial de enfermagem no Brasil, registros de demissões em massa têm surgido. Um dos casos ocorreu no Rio Grande do Sul, no Lar São Vicente de Paula, em Novo Hamburgo, onde toda a equipe de enfermagem será desligada. A coordenadora do local, que opera há 30 anos na cidade, diz que instituições de todo País têm procurado o empreendimento para coletar informações para fazer o mesmo.
“Pessoas de São Paulo e Rio de Janeiro ligam todos os dias para cá. Há grupos que estão entrando com ação para revogar a lei, mas o máximo que pode acontecer é que se decida que o pagamento do piso ocorra somente em janeiro. Isso não é solução, é empurrar com a barriga”, avalia Kamile Sauthier, que também é assistente social. Segundo ela, o sentimento foi de luto em ter que demitir 11 técnicos de enfermagem e dois enfermeiros.
O problema é que o Lar São Vicente é uma instituição filantrópica que vive do pagamento de R$ 1,2 mil de cada um dos 43 idosos e de doações. Kamile destaca, no entanto, que um morador custa em torno de R$ 3,5 mil para permanecer no residencial, o que inviabilizaria o pagamento da equipe.
A casa, segundo ela, não teria obrigatoriedade em contar com uma equipe de enfermagem, mas sempre optou por priorizar a qualidade do atendimento aos idosos. Em meio a essa situação, Kamile diz que devolverá essa responsabilidade ao município em necessidade de intervenções mais invasivas.
No lugar dos enfermeiros e técnicos, o Lar contratará cuidadores, cujos salários são menores. O ônus com o novo piso seria de R$ 40 mil na folha da instituição, revela Kamile, detalhando, ainda, que as demissões somarão R$ 120 mil.
A presidente do Sindicato dos Enfermeiros no Estado do RS (Sergs), Cláudia Franco, alerta que promover demissões não é o melhor caminho para resolver o problema da disparidade entre a capacidade de pagamento e o custo. “O mais importante é a categoria se empoderar e não aceitar pressão. Dependendo do estado de saúde dos idosos, fere nosso exercício profissional. Se necessitam de cuidados técnicos de média e alta complexidade, só a enfermagem pode fazer”, afirma Cláudia.
Conforme o colunista do Jornal do Comércio, Helio Beltrão, o piso é uma medida com consequências. “Prejudicará tanto os trabalhadores de saúde quanto os usuários de serviços de saúde e do SUS. As vagas que sobreviverem serão preenchidas por profissionais que tiveram mais oportunidades de estudo e mais experiência, deslocando os mais simples”, escreveu ele em artigo publicado nesta quarta-feira (10).
Os valores ficaram divididos em R$ 4.750 para enfermeiros, R$ 3.325 para técnicos de enfermagem e R$ 2.375 para auxiliares de enfermagem e parteiros.
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