- Mandatos são de prisão temporária de 30 dias
PORTO ALEGRE – A Polícia Federal (PF) cumpriu uma ordem judicial na tarde desta sexta-feira e prendeu um grupo de índios em Faxinalzinho, norte do Rio Grande do Sul, acusados da morte de dois agricultores no dia 28 de abril. Duas detenções ocorreram na prefeitura da cidade, durante uma reunião convocada pelo governo estadual e pela Funai para mediar um acordo entre as comunidades indígenas e os agricultores que ocupam as áreas destinadas a uma reserva.
As primeiras informações dão conta de que havia oito mandados de prisão contra os acusados do assassinato dos irmãos Anderson de Souza, 27 anos, e Alcemar de Souza, 36 anos, mortos a pauladas e a tiros na Linha Coxilhão, a 15 quilômetros da sede de Faxinalzinho. Os agricultores furaram o bloqueio de uma estrada vicinal interrompida pelos índios, acampados há 12 anos na região reivindicando a remarcação de terras.
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A reunião era coordenada pelo chefe de gabinete do governador Tarso Genro (PT), Ricardo Zamora, e tinha a presença do secretário do Desenvolvimento Rural do Estado, Elton Scapini, de um representante da Funai, de lideranças indígenas e de agricultores, além de membros da prefeitura municipal.
Em nota, a Polícia Federal informou que cumpriu mandados de prisão temporária, de 30 dias, expedidos pela Justiça Federal de Erechim, mas não informou quantas ordens foram cumpridas. Informações extra-oficiais indicam sete prisões – um dos índios acusados pela morte estaria foragido. O cacique Deoclides de Paula, líder da comunidade indígena local, foi um dos detidos na prefeitura.
Outras detenções foram realizadas na área de acampamento indígena. Há informações de que, depois das prisões, um grupo de índios tentou invadir a prefeitura de Faxinalzinho. O grupo foi contido pelo efetivo da PF que cumpriu os mandados de prisão. O prefeito Selso Pelin teria abandonado a cidade com medo de represálias.
Conforme a nota da PF, no dia do crime os índios seguiram um grupo de agricultores em seis veículos. A investigação apontou o envolvimento de pelo menos 28 indígenas no crime, mas a Justiça autorizou somente oito prisões.
Ido Marcon, representante dos agricultores na reunião, disse que não sabe a reação que poderá ser tomada pelos índios.
— Não sabemos o que pode acontecer daqui para a frente. Estamos inseguros – disse.
Em entrevista à rádio Gaúcha, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que vai reforçar o efetivo de policiais federais na cidade para evitar conflitos. O comércio fechou as portas à tarde e a comunidade escolar continua sem aulas desde o dia do assassinato.
O Globo