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Penúltima Página JC, crônicas Alaides Garcia dos Santos, 06.05.2016

Assistencialismo

Os governantes, em todas as esferas, nacional, estadual e municipal, em geral,  de forma deliberada, preferem não distinguir assistência social de assistencialismo. Se atentarmos para o ente federado mais próximo de nós (o município), não nos restam dúvidas de que muitas vezes a prestação do serviço de assistência social se torna, sim, assistencialismo. Por óbvio, quem não tem o que comer precisa de ajuda, mas além da comida, o pobre almeja dignidade, meios para ganhar com o suor do seu rosto o suficiente para manter o sustento próprio e da família. A assistência social não pode servir de desestímulo ao trabalho ou de incentivo à ociosidade, à preguiça, à vadiagem.

 

Assistência social deformada

É preciso enxergar assistência social como conjunto de práticas que visam garantir às pessoas carentes condições de sair da situação de fragilidade. De nada adianta fornecer suprimentos para as pessoas analfabetas e vulneráveis, sem um programa de educação e saúde. O assistencialismo é a deformação da assistência social já que envolve troca de favores entre assistente e assistido, dando origem a uma relação de dependência deste, em relação àquele. É preciso prestar muita atenção no foco, procurando identificar a conotação político-clientelista. Enquanto não mudar a forma e a concepção dessa prestação de auxilio público à população carente, eles serão eleitores garantidos em favor do governo que concedeu o benefício custeado pelo contribuinte.

 

Condutas degradantes

As eleições municipais se achegam e, mais uma vez, serão muito caras. Caras porque tanto os partidos, quanto os candidatos e boa parte dos eleitores estão mal acostumados. É tudo na base do Toma Lá, Dá Cá. Os candidatos e partidos não sabem mais pedir o voto através de uma proposta de governo em favor do todo, da população. Ele vai logo perguntando o que cada eleitor individualmente ou em família precisa. Dá no chão de boa parcela do eleitorado que, inescrupulosamente e sem a consciência de que o que se busca é eleger o prefeito e vereadores que reúnam as condições mínimas de conduta e preparo para “bem administrar o município”, querem saber, simples e tão somente, de levar vantagem pessoal e imediata, e aí então vêm as negociatas, essa conduta degradante, ilegal e corrupta de compra e venda do voto. Creio que em Santo Augusto, por exemplo, os gastos nas eleições municipais nos últimos pleitos já têm ultrapassado a um milhão de reais. Mas, há que se mudar isso, um dia! Como?  

 

Ouvir a comunidade

Seria interessante, para não dizer necessário, que desde cedo os partidos através de seus líderes políticos, inclusive os pretensos candidatos, iniciassem junto aos mais diversos segmentos da sociedade o debate sobre os problemas e as soluções para suas cidades, como saúde pública em sentido amplo, educação que jamais poderá sair do foco, segurança pública que, apesar de ser tarefa do Estado o município tem papel importante controlando e eliminando os fatores de risco; infraestrutura, assistência social, inovação e transformação para promover o desenvolvimento, gerar expectativas “responsáveis” de oportunidade de trabalho, renda e permanência das pessoas no seu município; aliás, essa deveria ser a praxe, discutir e ouvir sugestões da comunidade.

 

 

Momento de se dar as mãos

Todos dizem, e parecem verdadeiros, que têm orgulho em ser de Santo Augusto e de termos aqui a FAISA Faculdades, o Instituto Federal Farroupilha, vindos para somarem-se às demais escolas estaduais, particular e municipais, proporcionando formação intelectual e preparo profissional à nossa gente. Resta-nos saber se, também, todos pensam e serão capazes de se dar as mãos e acabar com as divergências políticas, haja vista que o momento é agora, de as forças políticas se unirem para alavancar de vez o progresso e o desenvolvimento do município. E isso só se conseguirá se acabarmos com as picuinhas e rivalidades ideológicas partidárias vãs, e construir-se uma candidatura de consenso para prefeito.

 

 

Entidades sugerem consenso

 

Presidentes Jorge (do Sindicato Rural) e Nei (da ACISA), empresário João Teixeira e presidentes de partidos políticos quando da apresentação da sugestão de candidatura de consenso para prefeito.

 

Há necessidade inadiável de mudanças no sentido de extirpar os maus hábitos políticos (eleitoreiros) que têm trazido inúmeros e muitas vezes irreversíveis transtornos envolvendo conflitos entre as pessoas, mentiras e enganações, manipulação de eleitores notadamente pela compra do voto ou pela intimidação de várias maneiras, a própria escolha dos candidatos e, o crônico fator de gastos exorbitantes que a disputa proporciona, além, é claro, de prejudicar o objetivo fim, a gestão pública municipal. Mas, a mudança só será possível com atitudes corajosas e bem planejadas, com renúncia das satisfações pessoais e partidárias. Nesse sentido, vejo que a sociedade está se mobilizando através de suas entidades representativas, não partidárias, encabeçadas pelo Sindicato Rural e pela ACISA, envolvendo demais segmentos, “sugerindo” aos partidos políticos uma candidatura única e de consenso para as eleições deste ano. Inclusive, após terem construído a proposta, as entidades já oficializaram a sugestão aos partidos que deverão dar suas posições em reunião marcada para a próxima semana.

 

No que contribui

Mesmo não acontecendo o consenso, as entidades representativas da sociedade organizada envolvidas sairão do processo com grandeza e com a certeza do dever cívico cumprido, eis que relevante serviço à comunidade elas estão prestando, uma vez que proporcionam, em nome da sociedade, que seja dito aos partidos políticos que mudanças para melhor deve haver, tanto na condução das campanhas eleitorais, como na gestão pública. Além disso, contribui enormemente na participação inovadora da comunidade visando a gestão pública. Aliás, ideias de gestão pública no tocante ao desenvolvimento do município, imprescindivelmente, deveriam ser buscadas através do debate sistemático e permanente com empresários, agricultores, com profissionais das diversas áreas técnicas, viabilizando que as ideias e sugestões se transformem em projetos viáveis. 

 

Maior empecilho

Muitos interesses entram em jogo quando o assunto “candidato único e de consenso” vai para a discussão. E um desses assuntos, decisivo e que pode ser o empecilho, “não é o nome, mas o partido a que o candidato pertence”. E isso se deve ao fato de que os partidos apesar de concordarem, principalmente os mais estruturados, por certo condicionarão: “desde que o candidato pertença ao meu partido”. Aí, definitivamente, não dá. Para se consolidar a candidatura única, o candidato deverá ser o último item, escolhido de acordo com a proposta, ou seja, “pelo consenso”. Do contrário, é muito difícil.

 

Rally na Ângelo Santi

Moradores e transeuntes da Avenida Ângelo Santi, situada no bairro Getúlio Vargas, na cidade de Santo Augusto, têm um problema que já vem de longe e que lhes causa preocupação e insegurança principalmente à noite e finais de semana. Alguns condutores de veículos, de forma irresponsável e sistemática dirigem em alta velocidade e até disputam corridas, fazendo os chamados “pegas”, principalmente na pista em sentido bairro-centro. Eles fazem da via pública uma verdadeira pista de rali, sem qualquer respeito, colocando a própria vida em risco e expondo a perigo a vida de transeuntes, moradores e de todos no entorno. Essas arriscadas aventuras, entendidas equivocadamente por alguns como uma forma de divertimento, ameaça a incolumidade física das pessoas na medida em que podem a qualquer momento ser por eles atingidas. Penso que o fato deveria receber atenção dos órgãos públicos responsáveis tanto pela regulamentação e disciplinamento do trânsito que é função da Prefeitura (colocar quebra-molas talvez) e da fiscalização e manutenção da ordem no trânsito, que é função da Brigada Militar por força de convênio com o município.

 

Bom Pastor pode parar

Os hospitais enfrentam no momento a maior crise já vista em todos os tempos. Muitos deles já reduzindo drasticamente os atendimentos, com perspectivas de total fechamento. Entre eles está o Hospital de Caridade de Três Passos, cujo corpo clínico tanto dos atendimentos médicos eletivos, plantonistas da UTI e da emergência pediram suas demissões. No Hospital Bom Pastor de Santo Augusto a situação não é diferente, onde, pela falta de repasses por parte da Secretaria Estadual da Saúde e do SUS, os médicos estão há quatro meses sem nada receber pela prestação do serviço, e os funcionários já estão com praticamente dois meses de atraso em seus salários, além de fatores outros que levam a instituição a mais séria crise de todos os tempos. Movimento liderado pelos próprios médicos culminará com uma assembleia geral nesta sexta-feira entre os profissionais (médicos e funcionários) quando poderá ser deliberado por uma paralisação radical. Em total descaso, o Estado e o SUS não acenam para nenhuma solução.

 

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