Vejo como indevido o questionamento da base aliada do presidente Lula da Silva quanto aos votos do ministro Cristiano Zanin, no Supremo Tribunal Federal (STF). Ora, patrulhá-lo por pronunciar-se contrário à liberação do uso de maconha é um engano e até ousadia, pois configura ataque ao direito de independência do magistrado. E mais: a prerrogativa do presidente da República de nomear os ministros das Cortes Superiores não os fazem vinculados ao governante e nem devedores de qualquer tipo de obrigação ou dependência.
Certamente, Lula escolheu Zanin por gratidão e por reconhecer sua competência, já que o tirou da cadeia numa situação complicada em que estava e já amargava várias condenações. Mas isso não vincula os dois. Zanin, como advogado que era, agiu profissionalmente nos casos do cliente Lula da Silva, cobrando os devidos honorários. Enfim, o ministro é independente e, para o bem próprio, da Justiça e do País, deve agir conforme sua convicção. E, se possível, em razão da alta responsabilidade e relevância da investidura, manter-se discreto e distante dos holofotes. Que assim seja!