O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, pode definir o resultado do julgamento sobre prisão após condenação em segunda instância, avaliam integrantes da Corte.
Pressionado por colegas, Toffoli marcou para esta quinta-feira (17) o julgamento definitivo do mérito de três ações que contestam a execução antecipada de pena, medida considerada um dos pilares da Operação Lava-Jato. A tendência é a de que o tribunal reveja o atual entendimento, o que pode abrir margem para beneficiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso desde abril do ano passado após ser condenado pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) no caso do triplex do Guarujá.
O tema deve mais uma vez rachar o plenário do Supremo, opondo de um lado o grupo dos legalistas – que defendem uma resposta rápida da Justiça no combate à corrupção – e, de outro, os garantistas – chamados assim por destacar o princípio constitucional da presunção de inocência e os direitos fundamentais dos presos.
O ministro Gilmar Mendes, que já defendeu uma “solução intermediária – a tese de se aguardar o STJ (Superior Tribunal de Justiça), uma espécie de terceira instância, para a execução da pena –, já avisou que deve mudar de entendimento e acompanhar os colegas que defendem a prisão apenas depois do “trânsito em julgado” (o esgotamento de todos os recursos).
Dessa forma, Gilmar se alinharia aos ministros Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello (relator das três ações que serão analisadas pelo plenário) e o decano do STF, ministro Celso de Mello, que destacam o princípio da presunção da inocência. A expectativa de ministros é a de que Rosa Weber também integre essa corrente contra a execução antecipada de pena, totalizando cinco votos nesse sentido.
De outro lado, ficariam os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Cármen Lúcia, que defendem a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, somando outros cinco votos na corrente divergente.
Nesse cenário de divisão, com cinco votos de um lado e outros cinco de outro, caberia ao presidente do Supremo desempatar o placar e definir o resultado final. Toffoli já defendeu a tese de se aguardar uma posição do STJ e pode manter esse posicionamento, que serviria como um meio-termo entre as duas correntes. Em um ambiente polarizado, o voto de Toffoli pode servir como “voto-médio” que pacificaria a questão. Toffoli já sinalizou que, na condição de presidente do Supremo, precisa ter um olhar institucional para as questões julgadas, acima de vontades pessoais.
Responsável por definir a pauta das sessões plenárias, Toffoli havia marcado inicialmente o julgamento para abril deste ano, mas retirou o tema da pauta sob a alegação oficial de que a nova diretoria do Conselho da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) – autor de uma das ações sobre a execução antecipada de pena – precisava se “inteirar” do processo.
À época também estava previsto o julgamento do caso de Lula no STJ contra a sua condenação no caso do triplex do Guarujá, o que levantou dentro do Supremo o temor de que o julgamento fosse marcado por uma “fulanização”.