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Marco Weissheimer
A região de Candiota, município localizado na metade sul do Rio Grande do Sul, próximo à fronteira com o Uruguai, é conhecida por abrigar a maior jazida de carvão do país, com mais de 1 bilhão de toneladas do minério. É a terra do carvão. Quem trafega hoje pela BR 293, na região de Seival, em Candiota, tem essa impressão reforçada ao se deparar com as imponentes obras de construção da Usina Termelétrica Pampa Sul. No início da manhã do dia 6 de fevereiro, centenas de funcionários entravam no canteiro de obras para mais um dia de trabalho. Muitos deles, chineses. A presença da mão de obra e do capital chinês é ilustrada por placas bilíngües (em português e mandarim), bandeiras e outros materiais de sinalização em torno da obra. Prevista para entrar em operação em 2019, a nova usina está sendo construída pelo grupo Engie (antiga Tractebel) com tecnologia da empresa chinesa SDEPCI.
No entanto, nem tudo é carvão em Candiota e região. Do outro lado da BR 293, na mesma área onde está sendo construída a Pampa Sul, um cenário marcado por centenas de mudas de árvores nativas indica a existência de outra matriz econômica e modelo de produção na região, que não tem a mesma fama da mineração de carvão, mas vem construindo práticas agroecológicas e agroindustriais que buscam outro padrão de desenvolvimento. As mudas de árvores nativas são produzidas pelos assentamentos de Reforma Agrária, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que começaram a ser implementados na região no final da década de 1980. O plantio das mudas faz parte do plano de compensação ambiental que a Engie tem que executar para minimizar o impacto das obras de construção da usina.
Além da produção de mudas de árvores nativas, o mundo dos assentamentos espalhados pelos territórios de Candiota, Hulha Negra e Aceguá está associado à produção de sementes agroecológicas, à preservação de sementes crioulas, a agroindústrias familiares, ao cultivo de plantas medicinais, à produção de leite, milho, soja (incluindo um experimento com soja convencional, não transgênica), entre outras culturas. Em meio a muitas precariedades de infra-estrutura, como estradas de chão cobertas de pedregulhos, que prejudicam o escoamento da produção, e um crítico abastecimento de água, é um mundo que valoriza a criação e recuperação de vidas e saberes tradicionais, materializando a abertura de novos caminhos para pessoas que tinham a vida marcada pela ausência de futuro.
Esse território encravado na “terra do carvão” abrange um total de 56 assentamentos que atingem um total de 47 mil hectares nos municípios de Candiota, Hulha Negra e Aceguá. Ao todo, são cerca de 1860 famílias assentadas, vindas, em sua maioria, da região norte do Rio Grande do Sul, que foi palco, desde 1979, de enfrentamentos motivados pela agenda da Reforma Agrária. Os primeiros anos dos primeiros assentamentos foram vividos sob lonas e barracas, como nos acampamentos, sem energia elétrica, moradias ou abastecimento de água. As primeiras noites foram repletas de escuridão. Os primeiros dias, de incerteza sobre o futuro daquela empreitada. Quem visita a realidade desses assentamentos hoje dificilmente consegue vislumbrar o caminho que percorreram para chegar ao que existe hoje.
Sementes agroecológicas para alimentos saudáveis
Um dos principais cartões de visita dos assentamentos do MST na região é a Bionatur Sementes Agroecológicas que, em 2017, completou 20 anos de vida. No final da década de 90, os assentados já vendiam sementes para grandes empresas privadas. Era uma época de crise, conta Anderson Ardenchy, diretor administrativo da Bionatur, e a venda de sementes era um meio de sobrevivência. Até que sofreram um calote por parte de algumas dessas empresas. “Além do calote, as empresas exigiam que se colocasse muito veneno e o pessoal já não estava muito de acordo com essa visão. As doze famílias que estavam dedicadas à produção de sementes se reuniram e decidiram criar a Bionatur. Ela começou como um setor dentro da Cooperal, uma cooperativa produtora de leite, com o objetivo de produzir sementes agroecológicas. No início, a produção era mais voltada para a alimentação mesmo. O que sobrava era entregue para a Bionatur”.
Com o passar do tempo, relata ainda Anderson, foi aumentando o número de famílias dedicadas à produção de sementes agroecológicas e a Bionatur ganhou personalidade jurídica – a Cooperativa Agroecológica Nacional Terra e Vida (Conaterra) – e uma sede própria, em Candiota. Hoje, 200 famílias assentadas produzem em média 100 a 150 toneladas ao ano de aproximadamente 200 variedades de sementes varietais e crioulas no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais. O catálogo de produção da Bionatur inclui variedades de sementes de alface, tomate cereja, salsa, cenoura, cebola, pimenta, berinjela, couve, mostarda, rúcula, melancia, abóbora, moranga, melão, abobrinha caseira, abobrinha redonda, couve brócolis, repolho, coentro e jiló, entre outras.
“A Bionatur sempre foi vista como uma trincheira de resistência que há vinte anos vem se mantendo e desenvolvendo a produção agroecológica de sementes, para a produção de alimentos de qualidade e sem agrotóxicos. Não só se mantendo como crescendo. Estamos ampliando os nossos grupos de produção. Hoje, estamos em Hulha Negra, Candiota, Piratini, Pinheiro Machado, Canguçu, entre outras regiões do Estado. Há dois anos, temos grupos de produção também no sul e no norte de Minas Gerais e, agora, estamos tentando expandir para Espírito Santo, Bahia e outros estados”, relata Anderson.
A história de Olália
Além da simbologia de resistência e de construção de alternativas ao modelo de agricultura baseado no uso intensivo de agrotóxicos, os assentamentos também carregam histórias de vida recuperadas do abandono e da violência. Olália Fátima da Silva, a Cocota, como é conhecida desde os tempos de acampamento, é um exemplo disso. Na década de 1990, Olália participava dos movimentos de luta por moradia em Santa Maria. Ela ajudou a organizar uma grande ocupação urbana no município, numa área onde hoje há 5.800 famílias assentadas. Mas a luta social veio acompanhada de muita violência doméstica, fato que fez com que ela decidisse criar suas filhas sozinha.
“Minha família sofreu muita violência doméstica, minha mãe, minhas irmãs. Eu sempre via também os homens bêbados batendo nas vizinhas. Eu decidi viver sozinha e ter duas filhas. E tive duas filhas. Mas junto com a luta social, não tem como controlar tudo. Eu trabalhava fora como empregada doméstica e ajudava a organizar as lutas dos movimentos sociais”, relata.
Essa realidade começou a mudar, conta Olália, quando ela conheceu Cedenir de Oliveira, uma das lideranças do MST no Rio Grande do Sul. Ele convidou-a a ir para um acampamento do movimento e lutar por um pedaço de terra. “Eu comecei a pensar, terra e casa, essa combinação me soou bem no ouvido. Era tudo o que eu precisava. A minha filha mais velha já estava com 14 anos na época e começou a se envolver com o tráfico. Eu não tinha tempo de ficar cuidando delas. Tinha que trabalhar para elas comer. O tráfico também começou a entrar na ocupação. Até hoje, quem tem o poder nas periferias das grandes cidades é o tráfico. Isso não é novidade pra ninguém. Neste momento, o companheiro Cedenir me convidou para ir para o Movimento Sem Terra. Um dia, eu olhei pra minha filha e disse: nós vamos embora daqui”.
Em 1999, ela foi para um acampamento em Palmeira das Missões e iniciou uma nova etapa em sua vida que culminou na conquista da terra e da casa no assentamento Conquista dos Cerros. “Foi um período muito difícil. Eu quase me acabei, mas sou muito forte, sou negra. Quem agüentou a senzala agüenta o tranco e a luta. Uma mãe é uma leoa. Eu saí de lá (de Santa Maria) por causa da minha filha”. Olália lembra que, quando chegou no assentamento, em março de 2001, iniciou outra batalha. “A estrada que vinha pra cá era por dentro da mina, que está fechada hoje. A gente veio para cá na carroceria de um caminhão. Eu estava grávida do meu guri mais velho que, nasceu aqui, e depois de muita conversa o motorista me deixou ir na cabine. Aí começou a parte boa da história. Na época, Olívio (Dutra) era o governador e tinha todo um aparato da reforma agrária. No primeiro dia que chegamos aqui tomamos um susto. Tinha uns 20 técnicos trabalhando em projetos para o assentamento”.
Hoje, ela celebra o que conquistou nesta caminhada. “A gente tem tudo isso que tu está vendo aqui. Pode parecer tão pouco, mas é muito. É uma muita diferença muito grande ter tudo isso aqui lá na favela e ter aqui. Quando eu morava na cidade, com o pouco salário que tinha, às vezes chegada do serviço e não tinha o que comer. Agora estou vivendo a posição contrária. Fico permanentemente reclamando do excedente de alimentação que tem que jogar para os animais”. Olália produz doces, molho de tomate, pães caseiros, queijo, sementes para a Bionatura, cultiva rosas, pimentas, hortaliças, morangos e feijões, entre outros cultivos. Além de garantir uma fartura de alimento para a família, toda essa produção também é comercializada em feiras e entre os vizinhos do assentamento.
A aposta na diversificação
A história de Amarildo Antonio Zanovello remonta a 1989, ano em que foi assentado em Hulha Negra, após ficar um ano e nove meses em um acampamento. Em 2005, ele foi morar no assentamento Roça Nova, no lugar de uma família que decidiu ir embora. No final de 2005, a convite do MST, ele fez parte de uma brigada internacionalista e ficou dois anos na Venezuela. Em 2008, retornou para o assentamento, quando, além de produzir sementes para a Bionatur começou um projeto para a produção de mel. Hoje, a apicultura representa a principal fonte de renda da família.
“Temos cerca de 700 colmeias com uma produção que varia de 10 a 15 toneladas de mel por ano. Esse ano, em função do clima, temos uma expectativa muito maior, podendo a passar a casa das 20 toneladas”. As abelhas, por meio da polinização, também desempenham um papel importante na produção de sementes. Muitas famílias que produzem sementes de hortaliças pedem abelhas em suas áreas com o objetivo de aumentar a produção de sementes.
Amarildo destaca que a “diversificação” é uma das palavras-chave no sistema de produção dos assentamentos. “Além do mel, que é a nossa principal atividade, estamos investindo na criação de gado e ovelhas, no cultivo de frutas e começamos a fazer alguma coisa de piscicultura. Essa é uma questão de segurança”, assinala, lembrando o problema atual com o desaparecimento e morte de abelhas. “Um dos principais estrangulamentos que a apicultura enfrenta na região é a invasão das lavouras de soja, com os agrotóxicos que as acompanham. Além de matar as abelhas, os herbicidas destroem a florada nativa do Pampa. Isso acaba nos forçando a migrar para as florestas de eucalipto. O potencial para a produção de mel nos assentamentos era muito grande, mas ele caiu a partir da entrada da soja. Em 2013, perdemos mais de 50 colmeias mortas por inseticidas, alguns deles contrabandeados do Uruguai. Uma abelha contaminada com fipronil (um inseticida) acaba matando todo o enxame”.
A produção de leite foi outra alavanca importante para os assentamentos da região, mas hoje enfrenta graves problemas, em função da queda do preço, forçando muitas famílias a migrar para outras culturas, em especial a de soja. Esse fenômeno, diz Amarildo, está provocando um novo êxodo rural dentro dos assentamentos. “O plantio de soja não é para pequeno agricultor. Ele exige uma tecnologia e uma estrutura muito pesada. Tem muita gente endividada, correndo riscos de perder suas terras. Nós temos outras alternativas, como a fruticultura, o mel e o próprio leite, que podemos potencializar. Aqui em Candiota nós temos uma situação muito específica por causa da mineração. Tudo se volta para ela como a solução para a região, enquanto o campo tem um potencial muito grande que não está sendo devidamente explorado. Quase cem por cento das hortaliças consumidas pela população de Candiota vêm de outras regiões. Estamos tentando fomentar esse debate no município”.
“Eu não dependo do carvão e vivo muito bem”
Assentado há 21 anos, junto com sua esposa, Dirceu Dias recorda as dificuldades do início, quando não havia energia elétrica nem estradas e destaca a importância da diversificação de culturas. “Tivemos quatro filhas e hoje temos energia elétrica, estradas, água encanada. A minha linha de produção é na área do leite, sementes (milho, feijão e soja) e um pouco também no setor da carne. É preciso diversificar para garantir a sobrevivência e a nossa manutenção no campo”. A atual crise do leite só reforça a exigência da diversificação. “É uma situação angustiante essa do leite. É um trabalho árduo, onde não tem feriado, dia santo, nem primeiro do ano nem Natal. Às seis horas da manhã temos que estar prontos para tirar o leite. Hoje, o litro de leite está sendo vendido a um valor entre 60 e 65 centavos. O preço-base de algumas cooperativas chega até 40 ou 45 centavos. Estamos pagando para produzir”, afirma Dirceu.
Apesar desses problemas, ele aposta no potencial da produção diversificada dos assentamentos como uma nova matriz para o desenvolvimento da região. “A mina de carvão de Candiota traz uma riqueza, mas não podemos viver só do carvão. É preciso diversificar e o poder público tem que prestar mais atenção na nossa região que é muito rica. Eu não dependo do carvão e vivo muito bem, obrigado, com qualidade de vida”.
O leque de diversidade de culturas nos assentamentos de Candiota, Hulha Negra e Aceguá incluem também o cultivo de plantas medicinais e a preservação de sementes crioulas. Autor de livros como “Ervas Medicinais: Remédios e Receitas Caseiras da Sabedoria Camponesa” e “Tenha uma farmácia em sua casa”, o Frei Wilson Zanatta é não só um pesquisador do tema, como um produtor dessas plantas. Além disso, dedica-se também a recolher receitas tradicionais que são usadas há várias gerações para que elas não caiam no esquecimento. Atrás da casa onde mora no assentamento Conquista da Fronteira, ele cultiva um horto com mais de 60 espécies de plantas medicinais. A partir deste horto, são distribuídas mudas de plantas e produzidos chás, pomadas e tinturas.
“Eu sempre gostei de trabalhar com remédio caseiro. Isso vem desde casa. A minha mãe gostava muito também de remédios caseiros. Quando viemos morar nesta região, percebi a necessidade de desenvolver um trabalho nesta área. Eu participava de um programa de rádio, onde, no final, eu indicava uma receita. As comunidades começaram a pedir essas receitas e para facilitar a distribuição decidi fazer uma apostilha. Dessa apostilha surgiu o livro e do livro esse trabalho de produção de tinturas, chás e pomadas”.
Protagonismo das mulheres na agroindústria
A demanda própria da população dos assentamentos e também da merenda de escolas da região vem estimulando o florescimento de pequenas agroindústrias que produzem pães, cucas, bolachas, biscoitos doces e salgados. Um desses projetos nasceu de um grupo de dezoito idosos de nove famílias que ganhou uma máquina para a produção de pães. “Era só para o nosso consumo no início, mas começou a surgir demanda de merenda escolar e outras coisas e resolvemos ir mais a fundo”, conta Ivanir Ivete da Silva, uma das idealizadoras da Padaria dos Idosos. “Conseguimos alguns casais mais novos para nos ajudar na empreitada e seguimos em frente. Hoje, vendemos nossos produtos nas casas dos assentamentos e o nosso objetivo é atender também a merenda escolar e os quarteis de Bagé”.
Na mesma linha, Eliziane Outeiro Câmara, moradora do assentamento Estância Velha há 14 anos, criou a Cozinha da Tia Zane. A iniciativa, segundo ela, partiu de uma necessidade da própria região e de uma ideia de meu filho.
“Comecei fazendo feira na cidade e fiquei sabendo da possibilidade de vender para a merenda escolar. Isso me incentivou bastante. Hoje, produzo pães, cucas, salgadinhos e várias qualidades de bolacha. Comecei vendendo para os colégios e hoje os mercados já estão me procurando. Além de Candiota, já cheguei a Bagé, Aceguá e Pinheiro Machado. O meu marido trabalhava pra fora como motorista e voltou pra me auxiliar. Eu trabalhava na bacia leiteira e na horta e também tive que sair. Esqueci as vacas e fiquei só aqui. Não troco esse lugar por nada do mundo. É um lugar muito bom de viver”.
A produção de mudas de árvores nativas
As mudas que estão sendo plantadas às margens da BR 293, dentro do plano de compensação ambiental da usina Pampa Sul, são cultivadas em um grande viveiro no assentamento Conquista da Fronteira, administrado pela Cooperativa de Produção e Trabalho, Integração Ltda (Coptil). Esse trabalho, relata Helmuth Griesang, que trabalha no viveiro, começa com a colheita das sementes de árvores como anjico, goiaba serrana, aroeira vermelha, entre outras. Ao todo, estima Helmuth, o viveiro cultiva mais de 35 espécies. Algumas delas, estão ameaçadas de extinção, como é o caso do araçá do prata, que está sendo resgatado no viveiro. O trabalho de produção das mudas dura entre seis e oito meses, até que elas estejam prontas para serem plantadas. Os planos para o futuro, anuncia, incluem o cultivo de mudas de árvores frutíferas, como cereja, pitanga e goiaba serrana, bem como de plantas ornamentais.
A maior parte dessas mudas nativas estão sendo destinadas a processos de recuperação de cobertura vegetal e de compensação ambiental. “Nos últimos dez anos, praticamente toda a nossa produção do viveiro ficou focada na produção de mudas nativas”, explica Emerson Francisco Capelesso, gerente geral da Coptil. “Tivemos um grande processo de recuperação ambiental nos assentamentos, envolvendo cerca de mil hectares, além do projeto em torno da usina da CGTEE, numa área de mais de cem hectares. Agora, com a Pampa Sul, fechamos todo o processo de fornecimento de mudas. São mais de cem hectares de árvores que estão sendo plantadas, envolvendo a produção de algo em torno de 250 e 260 mil mudas nativas do bioma Pampa e da bacia do rio Jaguarão. Nestes últimos anos, já produzimos mais de um milhão de mudas de árvores. Só nos últimos dois anos, foram cerca de 250 mil mudas, só para a Pampa Sul”.
Desafios para o futuro
O mercado de comercialização dos produtos dos assentamentos é basicamente regional, mas os assentados tem planos para superar esse estágio. Emerson Capelesso aponta qual a estratégia para atingir esse objetivo: “Nós já tivemos um processo de produção, mas enfrentamos problemas comerciais e logísticos. Optamos por dar alguns passos atrás e organizar melhor a parte da indústria. Agora, com a parte industrial pronta, estamos retomando o processo produtivo. Bagé é um centro consumidor que tem potencial, mas o grande mercado consumidor é mesmo Porto Alegre. Se a gente não conseguir industrializar nossos produtos e fazer com que eles tenham uma durabilidade maior, acabamos tendo muitas dificuldades”.
Ele reconhece que o carvão é uma riqueza importante da região, mas observa que ela não pode ficar concentrada nas mãos de um pequeno grupo. “Essa riqueza tem que descentralizar o desenvolvimento para toda a região preservando o meio ambiente. Além da exploração do carvão, que tem os seus impactos, temos o modelo agrícola do agronegócio, com uso de agrotóxicos e transgênicos. Nós oferecemos um contraponto a esse modelo, com a produção orgânica, recuperação e preservação ambiental. A Cooperativa tem atuado nesta direção para construir alternativas de renda para as famílias segundo a lógica desse contraponto”. Essa construção é mais difícil, reconhece Emerson, pois conta com menos recursos. “Mas essa é a nossa tarefa do dia-a-dia”, resume: “construir alternativas que beneficiem toda a nossa base social para que todos consigam se desenvolver produzindo alimentos saudáveis e de qualidade”.