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O melhor ano da segurança pública gaúcha em mais de uma década

Com redução nos principais indicadores de crimes, é hora de o governo estadual valorizar os profissionais que atuam no setor

Por Humberto Trezzi  –  GZH


Policiais civis arrombam portão de residência de suspeito de cometer crimes, em operação na 
Região Metropolitana.

A menos que exista alguma distorção estatística (e os boateiros vivem falando nisso), 2023 foi o melhor ano da segurança pública no Rio Grande do Sul, em mais de uma década. Foram registradas quedas nos números de homicídios, latrocínios (roubos com morte) e feminicídios. Desde 2010 não se viam tão poucos assassinatos e roubos seguidos de mortes.

Em relação a homicídios, por exemplo foram praticamente a metade dos registrados em 2017, o pior ano em uma década, quando facções em guerra protagonizaram um festival de horrores, com corpos decapitados, pelas ruas de Porto Alegre.

Nos assassinatos de mulheres a redução também é expressiva, embora não tão ampla como em outros crimes violentos.

Vários fatores contribuem para essa redução histórica. O principal é a concentração de policiamento nas 23 cidades com mais crimes violentos, via programa RS Seguro. Outro é a adoção do cercamento eletrônico, cinturão de câmeras que permite vigiar veículos nos perímetros urbanos e monitorar criminosos em fuga. Houve também investimento em equipamentos, delegacias para mulheres e patrulhas Maria da Penha feitas pela BM para prevenir feminicídios. O governo endureceu ainda as punições a chefes de facções, transferindo muitos para penitenciárias de segurança máxima situadas em outros Estados – algo que desarticula as quadrilhas. E os próprios chefes do crime, durante alguns momentos, firmaram pactos de não-agressão, o que ajuda a reduzir o morticínio.

A realidade é que a segurança pública é a principal vitrine do governo Eduardo Leite. Só que, enquanto os crimes reduzem, os policiais vão perdendo poder aquisitivo. Conforme a Associação de Delegados de Polícia (Asdep), a categoria já foi a 4ª mais bem paga dentre os 27 Estados e hoje ocupa o 16º lugar.

Na luta por reajuste, os delegados adotaram a tática do silêncio sobre as operações de combate ao crime. Está difícil para a imprensa descobrir quem foi preso, muito mais ainda acompanhar a ação dos policiais. Todos perdem com isso. Em reação, a cúpula da Segurança Pública cogita que os 32 chefes de departamento e delegacias regionais da Polícia Civil voltem a dar entrevistas sobre suas operações. Isso porque são cargos de confiança do governo. O presidente da Asdep, delegado Guilherme Wondraceck, considera isso uma coação e uma ilegalidade. Talvez fosse mais fácil o governador acenar com algum reajuste, pondo fim a um impasse que dura meses.

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