Causa e consequência são fatores relacionados que permeiam absolutamente todas as relações existentes no planeta terra. Não há como fugir disso, nem mesmo sendo um Campeão de Tudo.
O brilhante termo Campeão de Tudo, cunhado sabe-se lá por quem, mas absolutamente abraçado e alardeado pelas diretorias do Inter, é o grande responsável pela destruição do clube. Ao batermos no céu em 2006, nós, colorados, alcançamos o inimaginável. Natural. Afinal, vivemos os anos 1990. Nós sofremos os anos 1990. Os títulos, com o bi da Libertadores e a histórica Sul-Americana, além das seguidas surras no rival, resultaram em um efeito devastador em nossas raízes. Para completar, nosso estádio ultramoderno é recheado de poses para selfies que não terminam mais e sem nenhum sinal dos torcedores humildes que levaram o clube até ali, nos mostra que esse não é o Inter, o nosso Inter.
O reflexo de tudo é um só: a torcida, antes a mais fiel do Brasil, transformou-se na mais arrogante do país. Em inúmeras oportunidades, vaia o time em jogos de extrema importância, contra adversários qualificados, de mesma grandeza. Crise quando não estamos no topo da tabela ou classificados para as maiores competições. Afinal, o Campeão de Tudo é o maior clube do planeta, não é mesmo?
A culpa é sua torcedor, que elege e alimenta dirigentes com a mesma arrogância com que você arrota ser apaixonado "pelo maior time da América Latina, com 100 mil sócios".
De que serve um estádio de nível mundial, o maior quadro social do continente, uma folha salarial considerável, se o patrimônio mais importante do Gigante foi perdido? Este novo perfil de torcedor nos trouxe ao buraco. Já escapamos de coisas muito piores com jogadores beirando o constrangedor, já tivemos outros como Anderson, Ariel, Paulão e Geferson e nem por isso conseguiram nos derrubar.
Quem colocou o presidente lá fomos nós, quem mudou sua origem e virou o "novo rico" fomos nós, e a consequência é essa: viramos um clube como qualquer outro. Quem esquece de onde veio não sabe para onde vai, afirma o ditado. E é isso que está acontecendo.
O Internacional perdeu a sua identidade, está à deriva, administrado por incompetentes, sem o carinho de uma torcida alienada que imagina torcer para o Barcelona ou para a Juventus e que descaracteriza o Clube do Povo.
Que a segunda divisão lave a nossa alma e nos livre de todas as pessoas que apenas se aproveitam do clube, dentro de campo, na diretoria ou no Instagram. Só assim poderemos ressuscitar.
Torcedor colorado, você é o gremista de ontem.
*ZH ESPORTES