Carine Labres falou no programa Encontro com Fátima Bernardes nesta manhã
Juíza sofre ameaças desde o incêndio no CTG
Foto: Carlos Macedo / Agência RBS
A juíza Carine Labres, de Santana do Livramento, afirmou nesta sexta-feira (12) em entrevista ao programa Encontro com Fátima Bernardes que nunca pensou em afrontar as tradições gaúchas ao trabalhar pela realização de um casamento coletivo em um CTG da cidade. O local foi incendiado na madrugada de ontem e o resultado preliminar da perícia aponta para um atentado criminoso.
"Nunca tivemos ideia de afrontar o tradicionalismo e valores gaúchos. A nossa ideia é valorizar cultura local", disse a magistrada, ao reforçar que a cidade está localizada na fronteira com o Uruguai, segundo país na América Latina a legalizar o casamento gay.
A juíza explicou que todo o problema se deve em razão do local escolhido para a celebração dos 29 casamentos. Carine garantiu que não houve nenhuma requisição do Poder Judiciário para que a festa ocorresse no CTG.
“Eu fiz o convite na rádio para que se algum patrão quisesse receber a festa, que se pronunciasse", afirmou a magistrada ao reforçar que sete patrões de entidades tradicionalistas se ofereceram para abrigar a festa. No entanto, quando todos os casais se inscreveram para participar da cerimônia, e tinha a confirmação da união homoafetiva – apenas um dos patrões manteve o convite, o do CTG incendiado.
Ainda de acordo com a juíza, a comunidade está mobilizada para recuperar os estragos do incêndio até sábado, para que a cerimônia possa ocorrer.
"O povo não aceitou esse incêndio. O povo do Rio Grande do Sul não é preconceituoso, não é um Estado que é conivente com a intolerância. Nos respeitamos as diferenças, tanto que estamos motivados para reerguer o CTG e dar resposta de que o Rio Grande do Sul evoluiu nessa questão", concluiu.
Incêndio no CTG
O CTG Sentinelas do Planalto foi incendiado na madrugada desta quinta-feira (11). Os bombeiros controlaram as chamas pouco antes das 3h e ninguém ficou ferido. O fogo não danificou a estrutura, mas onde fica o palco.
Uma moradora disse que viu quatro homens em um Gol branco em um bar perto do CTG. Eles teriam esperarado o patrão da entidade sair do local e foram lá com garrafas PET. Em seguida, começou o fogo. Outro morador contou que viu um carro parado com os faróis acesos no alto do morro acima do CTG. Disse que quando os faróis se apagaram, iniciou o fogo. As testemunhas passaram a placa do veículo para a Polícia.
Em agosto, o patrão Gilbert Gisler afirmou ter sofrido ameaças depois de a entidade anunciar que iria sediar a união de casais gays durante um casamento coletivo, em Santana do Livramento. Gilbert Gisler registrou ocorrência na Polícia Civil do município no início deste mês após atender a uma ligação anônima.
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