Candidato criticou adversários e se defendeu de comentários negativos sobre entrevista no Jornal Nacional
Filipe Strazzer, O Estado de S.Paulo
29 Agosto 2018 | 13h59
Atualizado 29 Agosto 2018 | 18h48
PORTO ALEGRE – O candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, afirmou nesta quarta-feira, 29, que não terá como estratégia, se chegar ao segundo turno, ser “Jairzinho paz e amor”. Bolsonaro também disse que o País está “cansado do politicamente correto”. O presidenciável rebateu as críticas à sua participação no Jornal Nacional, na noite dessa terça, e criticou Marina Silva e a chapa Alckmin/Ana Amélia.
Bolsonaro esteve no painel “Brasil de Ideias”, promovido pela revista Voto, com a presença de empresários e políticos, na capital gaúcha. À imprensa, ele afirmou que sua entrevista no horário nobre da Globo “quase que garantiu sua presença no segundo turno”. “A entrevista me deu uma exposição enorme, já que não vou ter tempo de TV”, disse. Mais tarde, ele participou da Expointer, em Esteio, no interior gaúcho, onde se reuniu com empresários ligados ao agronegócio no Estado.
Perguntado pela organização do evento sobre qual seria sua estratégia para o segundo turno “quase garantido”, ele criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). “Não vou ser o Jairzinho paz e amor. As cartas estão na mesa. O FHC reiterou que, num possível segundo turno, se aliaria ao PT”, criticou.
O candidato do PSL também cobrou “posição” de Marina Silva (Rede) sobre assuntos polêmicos como o aborto e o porte de armas. “Ela deu uma entrevista em março e foi perguntada se já tinha sofrido alguma violência sexual na infância. Ela falou que não, porque ‘eu e minhas irmãs menores tínhamos uma espingarda’. Ela mudou de ideia, ela é evangélica, ela tem que ter posição em alguns assuntos”, afirmou.
Questionado sobre fala de Geraldo Alckmin (PSDB), que chamou a candidatura de Bolsonaro de “inviável” e disse que o deputado federal “perderia para qualquer um no segundo turno”, o candidato do PSL ironizou. “Ele podia ficar tranquilo já que não vou chegar a lugar nenhum”. Bolsonaro também afirmou que “tem respeito” por Ana Amélia (PP), candidata a vice na chapa de Alckmin, mas que ela se “desgastou ao ir ao Centrão”. “Parece que ela perdeu muito aqui no RS, que ela foi na contramão do que pregou”, disse.
Sobre a polêmica acerca do livro ‘Aparelho sexual e cia’, o candidato afirmou que o Ministério da Educação “mente”. “São uns canalhas. Esses livros peguei em bibliotecas no Vale do Ribeira”, disse, mostrando a obra aos presentes. O MEC, no entanto, reiterou em diversas ocasiões que “não produziu e nem adquiriu ou distribuiu o livro citado”.
Bolsonaro também criticou quem afirma que ele defende salários distintos entre homens e mulheres e sugeriu que uma suposta diferença salarial entre William Bonner e Renata Vasconcellos fosse apurada pelo Ministério Público do Trabalho. “Pelo que sei, a Renata recebe R$ 200 mil e o Bonner, R$ 800 mil. Tinham que procurar o MPT para denunciar essa questão”, disse.
Sobre sua rejeição, Bolsonaro afirmou que “deveria ter assaltado uma estatal”. “Tenho mais rejeição do que o Lula? Eu deveria ter metido a mão em fundo de pensão, ofendido as mulheres, como o caso do grampo. Não acredito em pesquisa. Não tenho tanta rejeição assim”, afirmou.
O candidato chegou ao Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, por volta das 10h, onde foi recebido por centenas de apoiadores. De um carro de som, Bolsonaro agradeceu os presentes e afirmou que, se eleito, irá “varrer a corrupção do Brasil”. “Eles podem me chamar de tudo, menos de corrupto”, disse.
Propostas agradam empresários do campo
Em sua visita à Expointer, Bolsonaro também parece ter conseguido agradar os produtores rurais gaúchos. A exemplo de Geraldo Alckmin (PSDB), Bolsonaro recebeu dez propostas da entidade para o País. Questionado sobre o desempenho dos candidatos, o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, afirmou que Bolsonaro teria ganho mais votos dos empresários que o tucano. “Bolsonaro ganhou muito mais votos. Pelo o que eu vi no almoço, o pessoal aplaudiu todo o tempo”, disse Pereira. Segundo o presidente, o Bolsonaro “respondeu com equilíbrio” as perguntas feitas pelos produtores rurais.
Desde sua chegada na feira, pelas 14h, o candidato foi seguido por centenas de apoiadores. Sempre a pé e acompanhado pelo também deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Bolsonaro posou para selfies, acenou e foi aplaudido em todos os pavilhões que percorreu. Ao passar por uma exposição do Exército, Bolsonaro subiu em um blindado, e repetiu a cena ao subir em uma máquina agrícola, mais tarde.
Como uma celebridade, câmeras gravaram e fotografaram todos os passos do deputado federal. “Tenho esperança nele, tenho uma filha para criar”, afirmou uma apoiadora à espera de uma foto. Em certo momento, Bolsonaro pegou um menino no colo que, a pedidos dos apoiadores, fez o gesto de uma arma com as mãos. Ao passar por um restaurante, o candidato foi xingado por um homem, que logo foi repreendido por uma mulher que o acompanhava.
Quando falou de política, Bolsonaro atacou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e afirmou que ganhará a eleição no primeiro turno. “Quero agradecer o Fernando Henrique, que disse que se unirá com o PT para me derrotar. FHC, continue com sua marcha para liberar a maconha porque não haverá segundo turno”, disse Bolsonaro. De um palanque improvisado na Farsul, o candidato voltou a dizer não haverá segundo turno. “Quem vai salvar este País seremos todos nós juntos e no primeiro turno”, disse.