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Não sei o que estou fazendo aqui

Eleições 2024: o que é e para que serve o direito eleitoral? | Educa Mais Brasil

Numa aula da disciplina de marketing político, uma aluna desconfortada com o assunto falou: Não sei o que estou fazendo aqui. A professora indagou: Achas que o tema não tem nada a ver com a tua vida? Isso mesmo, professora! Não tem nada a ver comigo, respondeu. Situações e questionamentos como esse evidenciam a crescente desvalorização que assola a política atualmente. Mas talvez esse desinteresse tenha origem na incompreensão, ou na compreensão um tanto quanto restrita, do que pode significar a práxis “política”. Há que se concordar que a política é uma necessidade nas nossas vidas.

E essa política à qual refiro não está apenas ligada às atividades dos governantes de nossas cidades, estados e/ou nação, conforme comumente se pensa. Refiro-me à atividade cotidiana de discussão pelos cidadãos sobre os problemas da sociedade, sejam ou não parte do governo. A partir desta acepção, o político é todo aquele sujeito que enxerga, discute e busca soluções para as questões sociais.

Opostamente a esta perspectiva, vigora a ideia, no mínimo equivocada, de que a atividade política é de exclusiva responsabilidade de vereadores, prefeitos, deputados, governadores e demais cargos representativos, prevalecendo à perspectiva de que a atividade política dos demais cidadãos se resume tão somente ao voto para a eleição destes cargos. Esse discernimento nos leva à renúncia também do direito, mas, especialmente, do dever de participação nas discussões dos problemas sociais e acompanhamento do trabalho desenvolvido pelos nossos representantes eleitos. Na verdade, “somos todos políticos”. Todo e qualquer sujeito atribui às suas atitudes cotidianas um significado político quando suas lutas pessoais e de grupos assumem um sentido coletivo.

Antes de repudiar a política, deveríamos compreendê-la de forma mais ampla sobre o seu significado em nossas vidas. Ela é inseparável do nosso cotidiano e sua negação é um ato, senão de desprezo, de ignorância. O sistema político institucional, em grande parte, configura-se em uma luta pela ocupação e condução dos cargos públicos, ou seja, uma infindável disputa pelo poder, em detrimento da preocupação com as necessidades sociais.

Sendo assim, se a política é uma necessidade imperiosa para a vida humana, somos todos responsáveis pela sua efetivação. Pelo descaso ou ignorância, do não participar ou participar só com o voto (in)consciente, é que os políticos e governantes fazem o que querem e como querem. Reclamar! De quê? Afinal, quem cala consente!

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