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MPF abre investigação sobre uso de expressão racista por narrador de rádio do RS

Haroldo de Souza, da rádio Grenal, usou o termo “crioulinho” para se referir a Lucas Braga, do Santos, na partida contra o Grêmio, em Porto Alegre. Narrador afirma que ‘não houve intenção de racismo’.

O procurador regional dos Direitos do Cidadão Enrico Rodrigues de Freitas, do Ministério Público Federal (MPF), instaurou nesta quinta-feira (4) um procedimento para apurar a responsabilidade sobre o uso da expressão de cunho racista “crioulinho” no jogo entre Grêmio e Santos, na Arena, em Porto Alegre.

No empate entre os times, o narrador Haroldo de Souza, da Rádio Grenal, de Porto Alegre, usou o termo para se referir ao jogador Lucas Braga, do time paulista.

O MPF mandou ofícios à Rádio Grenal e ao narrador solicitando manifestação sobre o fato. Segundo o procurador, o objetivo é obter informações preliminares para instruir o procedimento.

A Rádio Grenal informou que “ainda não tomou conhecimento oficialmente sobre o tema”.

Narrador de rádio usa termo racista para falar de atacante do Santos

Entenda o caso

 

Durante a partida válida pela 34ª rodada do Brasileirão, na quarta (3), Haroldo pergunta a um repórter de campo: “Aquele crioulinho que está lá na ponta esquerda do time do Santos, quem é ele?”, questiona.

O repórter responde que o atleta naquela posição era Lucas Braga, e o narrador acrescenta: “Ah, o Lucas Braga que está caído lá. É o moreno, né? Moreno, cidadão de cor, numa boa”, complementa.

Por meio da assessoria, o narrador se desculpou e disse que “não houve intenção de racismo”. (Leia a nota na íntegra mais abaixo)

“Minha vida pessoal e profissional são pautadas pelo respeito a toda sociedade, aos jogadores e torcedores que fazem desse esporte um grande espetáculo. Reitero minhas sinceras desculpas aos ouvintes que sempre nos acompanham e nos brindam com a sua audiência”, conclui a nota.

A direção da Rádio Grenal, que pertence à Rede Pampa, também divulgou um comunicado nas redes sociais.

Nota da Rádio Grenal — Foto: Reprodução

Nota da Rádio Grenal — Foto: Reprodução

Já o Santos afirmou, em uma nota, que repudia as declarações, mas que irá tomar as medidas cabíveis por meio do Departamento Jurídico do clube. “Não cabem mais lamentos ou notas de repúdio sobre racismo em pleno 2021. Cabe ação e mobilização”, diz a nota. (Leia a nota na íntegra)

“É no silêncio, na omissão, na relativização frente ao preconceito que o racismo cresce silenciosamente e se estabelece de forma estrutural em nossa sociedade. Basta de tolerância com racismo! Basta!”

Nota do Santos

 

O Santos FC não vem por meio desta apenas lamentar ou repudiar os termos racistas utilizados pelo narrador Haroldo de Souza, da Rádio Grenal.

Não cabem mais lamentos ou notas de repúdio sobre racismo em pleno 2021. Cabe ação e mobilização.

O Clube, através de seu Departamento Jurídico, tomará medidas cabíveis, da mesma maneira esperamos uma reação efetiva do veículo de comunicação empregador desse senhor e da própria comunidade que compõe a audiência de tal rádio.

É no silêncio, na omissão, na relativização frente ao preconceito que o racismo cresce silenciosamente e se estabelece de forma estrutural em nossa sociedade.

Basta de tolerância com racismo! Basta!

Nota de Haroldo de Souza

 

Sou filho de negro-nego Benê. Sou casado com uma mulher da raça negra. Fui criado em meio aos negros. Criei uma escola de samba com todos integrantes negros, só dois brancos e um sarará. Narrando futebol há 58 anos, muitas vezes disse:

“Quem é aquele neguinho lá na ponta”?

“Quem é aquele alemão ali no meio” ?

“E esse polaco aí quem é”?

Peço desculpas se minha fala ofendeu alguém, mas estejam certos que não houve intenção de racismo e que minha vida pessoal e profissional são pautadas pelo respeito a toda sociedade, aos jogadores e torcedores que fazem desse esporte um grande espetáculo.

Reitero minhas sinceras desculpas aos ouvintes que sempre nos acompanham e nos brindam com a sua audiência.

G1

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