João Batista do Couto Neto é investigado por 42 mortes e lesões a 114 pacientes em Novo Hamburgo. Defesa diz que ‘muitas dessas imputações não correspondem à realidade’.
Por G1 RS
Médico João Couto Neto, Médico João Couto Neto, investigado pela polícia no RS — Foto: Reprodução
O médico João Batista do Couto Neto foi solto após a Justiça conceder um habeas corpus nesta quinta-feira (31). O cirurgião de Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, é suspeito pela morte de 42 pacientes e réu em três processos por homicídio doloso, quando há intenção ou se assume o risco de matar.
Couto Neto estava preso desde setembro de 2024 por descumprir medidas cautelares, entre elas a de comparecer periodicamente à Justiça.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), a 3ª Câmara Criminal do TJRS decidiu restabelecer as medidas cautelares aplicadas ao médico cirurgião, entre elas:
- a suspensão integral do exercício da medicina até posterior deliberação judicial;
- a impossibilidade de se ausentar da Comarca de Novo Hamburgo sem prévia autorização judicial;
- a necessidade de comparecimento a todos os atos processuais a que for intimado pelo juízo;
- a proibição de contato pessoal, virtual, direto ou indireto, com as supostas vítimas, familiares das supostas vítimas, testemunhas do processo e pacientes;
- não frequentar estabelecimentos médicos de qualquer natureza, salvo na condição de paciente.
Audiência com familiares de vítimas
Depoimentos no caso do cirurgião João Couto Neto começam em Novo Hamburgo
Uma das testemunhas foi Cristina Costa Kirch. A mãe dela, Núbia, de 70 anos, morreu em 2021 após complicações na cirurgia para retirar pedras na vesícula, segundo a família. A depoente preferiu falar por vídeo, para não ter que ver o médico presencialmente.
“A maior dor da gente é que quando a gente fazia as perguntas, e ele dizia que estava tudo bem. Como eu disse hoje no meu depoimento, eu às vezes me condeno, como que eu não vi antes o que estava acontecendo”, lamenta.
Os irmãos Carlos Diego e Aline Cristina de Oliveira perderam o pai, Ruben. O homem de 68 anos não resistiu às complicações que surgiram após uma cirurgia que teria sido realizada por Couto Neto, segundo a família.
“A nossa expectativa é que realmente a justiça seja feita, que ele não volte a machucar mais ninguém e que nós possamos encerrar esse ciclo”, diz.
O advogado que representa a família de uma das vítimas disse que o caso pode ser levado ao julgamento popular. A decisão de realizar um júri cabe ao juiz.
Segundo o advogado de Couto Neto, “muitas dessas imputações não correspondem à realidade”.