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Luís Eduardo Gomes
Um dia após encerrar a convocação extraordinária do governador José Ivo Sartori (PMDB) sem votar nenhum projeto, o clima na Assembleia Legislativa nesta quinta-feira (1°) era de festa em razão da posse do deputado estadual Marlon Santos (PDT) como novo presidente da Casa. No entanto, em seu primeiro discurso na nova função, o pedetista fez um chamamento ao governo para que dialogue mais com os parlamentares e não apenas tente impor a sua agenda à Assembleia nas discussões da adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, que deve ser votado na próxima semana.
“Não podemos chegar à próxima terça-feira com um clima de guerra. Me proponho a conversar com todos. Olha a representatividade e pluralidade da Mesa Diretora. Isso é coisa de gente séria”, disse. Dirigindo-se ao vice-governador José Paulo Cairoli (PSD), que representou o governador no evento, fez um convite para uma reunião antes da votação na próxima semana. “Acredito que é hora de um pouco mais de sensibilidade e de menos ideologismo”.
Marlon assume a AL por força de um acordo firmado no início da atual legislatura — e que vem sendo repetido desde 2007 — entre os principais partidos da Casa que definiu que as quatro legendas mais votadas nas eleições iriam se revezar na função durante quatro anos. Dessa forma, Edson Brum (PMDB), Silvana Covatti (PP) e Edegar Pretto (PT) já haviam presidido a Assembleia.
Para amenizar os ânimos acirrados após a não votação da semana — Sartori fez duras críticas à Assembleia após ao encerramento da sessão –, Marlon pediu entendimento entre legislativo e executivo. “Todos os deputados aqui eleitos não foram os protagonistas desta crise que passa o RS. É tudo herança, estamos discutindo sobre uma herança maldita”, disse.
Em coletiva de imprensa após o evento, Marlon ainda elevou o tom das críticas ao governo pela falta de diálogo, dizendo que só estava sendo ouvido por causa da imprensa e lamentou a ausência de Sartori. “O governador não vem na minha posse, temos um problema aí”, disse.
Já o agora ex-presidente da AL, Edegar Pretto, destacou que fora presidente em razão de o PT ter sido o partido mais votado para a AL pela quinta legislatura consecutiva e destacou o trabalho desenvolvido ao longo de 2017 na promoção de pautas como a igualdade de gênero, a alimentação saudável, a defesa da educação, o papel do Estado e a democracia.
Após o evento, em conversa com jornalistas, Pretto ainda ironizou as ameaças feitas pelo líder do governo, deputado Gabriel Souza (PMDB), de que o PT poderia ser retirado do rodízio do revezamento na presidência da Assembleia em razão de, segundo alega o governo, o petista ter agido partidariamente na função. “A ameaça que o líder do governo fez, achei completamente infeliz. Pareceu mais aquela criança que, quando perde o jogo, recolhe a bola e vai embora”, disse Pretto.
Sul21