Manifestantes protestam contra o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em frente à Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas, Zona Sul de São Paulo (SP), na manhã desta sexta-feira (4)(Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress)
Procuradores apontam indícios de que tríplex no Guarujá pertence ao ex-presidente, conforme revelou VEJA, e que houve repasses de pelo menos 1 milhão de reais da OAS ao petista
Principal alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enriqueceu às custas dos crimes investigados no petrolão e teve sua campanha política abastecida com dinheiro sujo. A conclusão é do Ministério Público Federal, que investiga o petista por suspeitas de que ele tenha recebido vantagens indevidas durante os oito anos em que ficou à frente do Palácio do Planalto – inclusive do propinoduto instalado na Petrobras. "Há evidências de que o ex-presidente Lula recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento triplex e de um sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora", informou a força-tarefa da Lava Jato.
As investigações conduzidas pela força-tarefa da Lava Jato e pela Polícia Federal mostram que "surgiram evidências de que os crimes o enriqueceram e financiaram campanhas eleitorais e o caixa de sua agremiação política" e que existem repasses a Lula – um deles, de pelo menos 1 milhão de reais, feito pela OAS – "sem aparente justificativa econômica lícita". O dinheiro, aponta a investigação, foi utilizado em reformas e imóveis de luxo como o tríplex 164-A do Condomínio Solaris, no Guarujá. Em janeiro, documento assinado pela delegada da Polícia Federal Erika Marena já elencava o tríplex do ex-presidente Lula no condomínio Solaris como um dos imóveis que indicam "alto grau de suspeita" quanto à real titularidade.
Em um organograma organizado pelos policiais, a unidade residencial é registrada como de propriedade da OAS, uma das empreiteiras que integravam o chamado clube do bilhão, cujos executivos, incluindo o ex-presidente Leo Pinheiro, já foram condenados na Lava Jato pelo juiz Sergio Moro. Mas os indícios apontam que o imóvel, conforme revelou VEJA, é, sim, do ex-presidente petista. "Embora o ex-presidente tenha alegado que o apartamento não é seu, por estar em nome da empreiteira, várias provas dizem o contrário, como depoimentos de zelador, porteira, síndico, dois engenheiros da OAS, bem como dirigentes e empregado da empresa contratada para a reforma, os quais apontam o envolvimento de seu núcleo familiar em visitas e tratativas sobre a reforma do apartamento", diz o MP.
Conforme os investigadores, existem evidências de que a empreiteira OAS tenha desembolsado mais de 750.000 reais para reformar o tríplex de Lula no Guarujá, além de ter quitado despesas de mais de 320.000 reais em móveis de luxo para a cozinha e para os quartos do imóvel. "A suspeita é de que a reforma e os móveis constituem propinas decorrentes do favorecimento ilícito da OAS no esquema da Petrobras", diz o Ministério Público. Além das suspeitas que recaem contra Lula, argumentam os procuradores da Lava Jato, "há fortes evidências de que outros líderes e integrantes do Partido dos Trabalhadores foram agraciados com propinas decorrentes de contratos da Petrobras". Entre eles, o ex-homem-forte do governo petista José Dirceu, preso em Curitiba. Veja