O lobo perde o pelo, mas mantém o vício, não é mesmo? As recentes pesquisas do Ibope e do Datafolha deram algum ânimo aos petistas. E, como não poderia deixar de ser, o mais arrogante, como de hábito, é Lula, o palanqueiro. Nesta quarta-feira à noite, ele participou de um comício na Bahia, mais um Estado em que o PT pode ser apeado do poder. E mandou bala, dando a entender que pode voltar em 2018: “Eles devem se preparar porque eu vou estar vivo. Eles ficam dizendo: ‘Dilma vai ser reeleita para ficar mais quatro anos e depois vem um tal de Lula e vai ficar mais quatro?’ É muito cedo para a gente discutir, mas uma coisa eu digo para vocês: em 2018, eu vou estar com 72 anos. Enquanto eu tiver forças para brigar por esse país, não vou permitir que aqueles que não fizeram nada pelo Brasil em 500 anos voltem”. Depois de fala tão iluminada, ele tropeçou e caiu no palco, sem se ferir.
Pois é, né, Lula? Para cair, basta estar de pé. Este senhor acha mesmo que controla a força dos astros, da natureza, as vontades humanas, a história… Notem o tom: o chefão petista acha que a eventual volta ao poder daqueles que ele considera adversários depende da sua vontade. A fala é de uma arrogância sem limites.
Boa parte do país, diga-se, está com o saco cheio é precisamente disto: empáfia, bazófia, o permanente tom de ameaça. Eis ali, de novo, o discurso insuportável, mentiroso, vigarista, acusando os tais que não teriam feito nada em 500 anos. Se o PT tivesse vencido a batalha contra o Plano Real, em 1994, o Brasil seria hoje não um gigante meio entorpecido, mas um gigante destroçado. Se o PT tivesse vencido a batalha contra as privatizações, em vez de mais de 240 milhões de celulares, estaríamos nos comunicando com tambor e sinais de fumaça. Se o PT tivesse vencido a batalha contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, as finanças públicas — que já vivem uma razoável desordem — estariam, de fato, destroçadas.
Quem esse cara pensa que é para julgar que a história do Brasil se divide em antes e depois do PT? Conheço pessoas às pencas que detestam o partido, mas têm igual horror — ou até mais — ao discurso de Marina Silva. Há muita gente assim e que até poderia votar em Dilma, reconhecendo na presidente um pouco mais de objetividade, caso ela realmente dispute o segundo turno com a candidata do PSB. Mas aí vem Lula, com a sua carga de rancor, de preconceito, de simplificação barata.
As circunstâncias foram escancaradamente didáticas com Lula: escorregou e caiu logo depois de assegurar que é o dono do futuro e da história. Ninguém é, Lula. Ninguém! Por Reinaldo Azevedo
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