Algoz de políticos e empresários flagrados em um mega esquema de corrupção instalado na Petrobras, Moro se manifestou no momento em que a Câmara dos Deputados discutia a votação de uma anistia que abarca não só a esfera eleitoral, mas também exime os autores de caixa dois de punições penais e civis. A discussão e votação foi abortada diante da gigantesca repercussão negativa mundial que se levantou, especialmente via redes sociais. Na Lava Jato, propinas a políticos foram escamoteadas como doações eleitorais e denunciadas pelo Ministério Público como corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Na Câmara, uma emenda sem autoria pública foi apresentada em meio à discussão sobre a anistia ao caixa dois eleitoral e prevê que “não será punível nas esferas penal, civil e eleitoral doação contabilizada, não contabilizada ou não declarada, omitida ou ocultada de bens, valores ou serviços, para financiamento de atividade político-partidária ou eleitoral realizada até a data de publicação desta lei”. Em nota, Sergio Moro defendeu que haja uma ampla discussão entre sociedade e Congresso sobre propostas que poderiam livrar políticos de responderem por contabilidade eleitoral não declarada e disse que “toda anistia é questionável, pois estimula o desprezo à lei e gera desconfiança”. “Preocupa, em especial, a possibilidade de que, a pretexto de anistiar doações eleitorais não registradas, sejam igualmente beneficiadas condutas de corrupção e de lavagem de dinheiro praticadas na forma de doações eleitorais, registradas ou não”, completou. Segundo o magistrado, “anistiar condutas de corrupção e de lavagem impactaria não só as investigações e os processos já julgados no âmbito da Operação Lava Jato, mas a integridade e a credibilidade, interna e externa, do Estado de Direito e da democracia brasileira, com consequências imprevisíveis para o futuro do País”.“Tem-se a esperança de que nossos representantes eleitos, zelosos de suas elevadas responsabilidades, não aprovarão medida dessa natureza”, disse.