Instituto Federal Farroupilha – eis o complexo do Campus Santo Augusto que abriga vários cursos técnicos profissionalizantes e de graduação de nível superior.
IFFar – antes e depois
Quem viveu e conviveu em Santo Augusto antes da existência do Campus do Instituto Federal Farroupilha e comparar com o depois, ou seja, o após 2008, com certeza perceberá que a sua chegada promoveu uma transformação extraordinária em vários setores, na formação intelectual, profissional e cultural que atingiu em cheio as classes que se consideravam excluídas; no setor econômico, no desenvolvimento comercial, industrial e agropecuário; na mão de obra, na autoestima despertada e valorizada, enfim. Este é o depois, mas o antes do IFFar, como era? Não tenhamos vergonha de reconhecer que antes desse despertar para a autovalorização como pessoas capazes de estudar, trabalhar, progredir, ter vida digna, grande parte de nossos jovens das classes mais pobres não estudavam, não trabalhavam, não enxergavam futuro algum lá adiante, e viviam em grupos nas praças, terrenos baldios e ruas dos bairros e até na área central bebendo cachaça e consumindo drogas. O índice de crimes como furtos, por exemplo, era imensamente maior do que hoje. No aspecto visual as lojas e comércio em geral mudaram e melhoraram extraordinariamente, modernizaram, se tornaram atraentes, bem organizadas, a maioria mantendo atendentes bem treinados para a satisfação do cliente. Muita gente aportou por aqui, profissionais e empreendedores foram atraídos para cá, estudantes oriundos de dezenas de municípios frequentam a instituição e circulam diariamente e gastam no comércio de Santo Augusto. Valorizemos o IFFar!
É preciso voltar no tempo
Seria injusto esse reconhecimento da importância do Campus do IFFar para as pessoas, para o município e para a região, sem manifestar reconhecimento aos que tomaram a iniciativa e por quase dez anos batalharam incansavelmente para essa conquista. O Campus Santo Augusto do Instituto Federal Farroupilha não nasceu pronto, não caiu do céu. Ele teve origem no Centro de Educação Profissional (Ceprovale), mantido pela Fundaturvo, cuja ideia inicial seria uma Escola Comunitária visando atender a demanda de ensino profissional local e regional. De iniciativa popular, sem cunho político partidário ou religioso, houve a formação de um verdadeiro batalhão que defendeu o projeto em todas as esferas de governo. Foram movimentadas várias entidades como ACISA, Sindicato Rural, Sindicato Patronal, Lions Clube, Rotary Clube e outras.
Veja a importância
O projeto iniciado na antiga Escola CNEC por um grupo de visionários do futuro da educação e do desenvolvimento agropecuário que resultou nesse gigante IFFar que orgulha o município e região, tomou importância tamanha que atraiu o apoio de mais de dez prefeitos da circunvizinhança que estiveram firmes na missão de defender o projeto, como os então Prefeitos, Florisbaldo de Santo Augusto, Maçalai de Chiapetta, Jaci de Coronel Bicaco, Evoli de Inhacorá, Ari Bartsch de São Valério, Valter de Sede Nova, Zancan de Campo Novo, Hermes de Braga, Santi de Alegria, Araci de São Martinho, Paschoal de Redentora. Na região houve ainda o apoio da Amuceleiro, Unijuí, Corede Celeiro e Cotrijuí. Em nível de estado apoiaram e contribuíram para a consolidação do projeto, a Secretaria da Educação, através do Suerpro, Emater, Farsul, Assembleia Legislativa, Embrapa de Pelotas, UFPEL, entre outras. Quanto aos bravos instituidores, em número de 25, devido ao nosso limite de espaço, cito apenas o presidente da Fundaturvo, engenheiro Eugênio Frizzo, que liderou com empenho, sabedoria e competência todo o processo.
A propósito
Se para a criação e consolidação desse grandioso projeto tantas pessoas, entidades, prefeituras se envolveram e apoiaram ferrenhamente, por que agora essa lenga-lenga toda e ninguém se interessa efetivamente quanto a aquisição da área de terra para o curso de Agronomia? Será que o IFFar deixou de ser importante? Ou, será que o curso de Agronomia não é importante para o município e para a região? Ou, posicionamentos políticos falam mais alto?
Dificuldades que se prolongam
Em 2016, sem poder adquirir a área de terra demandada pelo MEC para autorizar a criação do curso de Agronomia no IFFar, Campus Santo Augusto, o então prefeito Zé Luiz, mais o vice Naldo e os nove vereadores, assinaram um “termo de compromisso” de providenciar a compra de dita área. Valorizando e dando fé ao documento, o MEC autorizou o curso, mesmo que “provisoriamente”. O atual governo, Naldo Wiegert empenha-se, mas segue esbarrando em dificuldades, primeiro porque uma emenda na Câmara ao seu projeto para venda de dois terrenos a fim de angariar recursos para a compra da terra o impediu; depois, reenviou o projeto que foi aprovado. Autorizado a vender os dois terrenos, por três vezes expediu editais de concorrência pública para venda dos terrenos, mas ambas resultaram desertas, não houve interessados. A pendenga continua. Pela chefe de gabinete do Prefeito nos foi dito que a situação permanece a mesma, mas que o prefeito Naldo está tomando providências a respeito. Com a demora, mesmo que venda os terrenos, outra dificuldade poderá surgir, ou seja, os donos das áreas disponíveis poderão reajustar os preços anteriormente acertados, ou mesmo desistirem de vender as áreas de terra oferecidas. Assim, o impasse continua, sem previsão de quando e como terá fim.
O que diz o IFFar
Consultada pela coluna, a diretora-geral do IFFar, Verlaine Gerlach, disse que até o momento tudo permanece na mesma, nada foi resolvido. Disse também, que o prefeito procurou a direção do Campus para propor arrendamento de uma área, a qual diante da situação emergencial se posicionou como solução paliativa, porém não sabe como essas providências estão sendo tomadas. Contudo, salienta que o posicionamento do campus em relação a área continua o mesmo.