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Impunidade e drogas são vetores do crime, diz diretor de estratégia da Secretária de Segurança

Roubos em geral, incluindo ataques a bancos cresceram 21,7% no RS | Foto: Mauro Schaefer / CP Memória
 
Tenente-coronel Luiz Dulinski Porto afirmou que lei branda contribui para criminalidade
 

Ao analisar os indicadores da criminalidade do primeiro semestre deste ano no Rio Grande do Sul, o tenente-coronel Luiz Dulinski Porto, diretor do Departamento de Gestão de Estratégia Operacional da Secretaria de Segurança Pública do Estado (DGEO/SSP), aponta as drogas e a impunidade como “os grandes vetores da criminalidade”. Segundo o oficial, o tráfico de entorpecentes é acompanhado de “outros crimes” como os roubos e assassinatos. O narcotráfico, avalia o tenente-coronel, atrai os jovens da periferia, que vislumbram neste crime uma maneira de ganhar dinheiro rapidamente. “É um modelo que se reproduz exponencialmente desde a década de 1980”, explicou. Porto afirma que a expectativa de vida desses jovens, via de regra, não vai além de 25 anos.



Em relação à impunidade, o problema está sobretudo na lei, considerada branda pelo policial militar. “Para cada dez pessoas presas, nove retornam às ruas”, lamenta. Segundo Porto, a situação poderia ser amenizada se pelo menos metade dos presos ficasse no sistema carcerário mais tempo. Segundo ele, apenas a Brigada Militar prendeu 65 mil pessoas nos primeiros seis meses deste ano. “São fatores alheios à vontade dos policiais”, observa. Mesmo assim, o oficial destaca o esforço dos policiais militares e civis no combate à criminalidade, mesmo com as dificuldades enfrentadas. 



Conforme os indicadores de criminalidade da SSP, no primeiro semestre deste ano, os homicídios dolosos (crime cometido com a intenção de matar) tiveram uma queda de 2,2% em relação aos seis primeiros meses de 2014. No caso de latrocínio (roubo seguido de morte), a redução foi de 22,9%, levando-se em conta o mesmo período. O oficial estima que cerca de 60% dos homicídios estão relacionados ao tráfico de drogas. “O número pode ser até maior”, diz, assinalando que o assassinato sempre é um crime complexo, mas causa impacto na sociedade.



Os roubos em geral, incluindo ataques a bancos cresceram 21,7% (comparando primeiro semestre de 2014 com 2015). No comparativo do mesmo período em relação ao roubo de veículos, houve um aumento de 17%. Este último, comenta Porto, poderá ser interrompido com o projeto de lei que regulamentará os desmanches e a venda de peças. 



Número de PMs não é o ideal



Entidades da BM alertam para o grande número de solicitações de ida para a reserva que está ocorrendo. “Mais de 1,4 mil PMs pediram para ir para a reserva no primeiro semestre deste ano”, calcula Leonel Lucas, presidente da Abamf. Conforme a Brigada Militar, o número de PMs estava em torno de 20,5 mil no primeiro semestre deste ano. O ideal, de acordo com as entidades de classe, seria 35 mil brigadianos. Para Aparício Santellano, presidente da ASSTBM, existe necessidade de investimento na segurança pública. 



Lucas, prevê um quadro preocupante. Segundo ele, os índices de criminalidade tendem a subir, sobretudo devido à falta de recomposição do efetivo. Santellano constata que os criminosos têm cada vez mais se confrontado com os PMs nas ruas devido à atual conjuntura. 



Necessidade de investimento na área



O presidente da Ugeirm Sindicato, Isaac Ortiz, também aponta o recrudescimento da criminalidade como consequência do contingenciamento do governo, que cortou as horas extras, entre outros investimentos na área. Segundo o dirigente, as operações da Polícia Civil ficaram comprometidas e os agentes não querem mais ficar de sobreaviso sem pagamento. 



Para o presidente da Ugeirm Sindicato, os criminosos estão ficando mais ousados. “Quando o policial não está na rua, quem ocupa o espaço é o criminoso”, resume Ortiz. O policial entende que poderá ocorrer um aumento maior da criminalidade se investimentos não forem retomados na área da segurança.



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