“Nosso movimento abomina sindicato, associação, federação, confederação. Esses segmentos tentaram nos representar nas últimas décadas e nunca resolveram nossos problemas”
Desde o começo do ano, Ivar Schmidt vem dando dor de cabeça ao governo. Líder do Comando Nacional do Transporte, que capitaneia a greve dos caminhoneiros, ele tem 44 anos e mora em Mossoró, no Rio Grande do Norte. É natural da cidade de Palmitos, no oeste de Santa Catarina. Trabalha como caminhoneiro autônomo há mais de 20 anos, segundo a revista Carga Pesada, especializada no setor. "Comecei em 1994. Autônomo, tenho registro na ANTT como autônomo e como empresa, mas meu caminhão roda como autônomo. Tenho um só caminhão. Carrego sal para Mato Grosso e volto com milho", afirmou Schmidt à revista. Nunca foi filiado a nenhum sindicato. Segundo ele, o seu movimento começou a ganhar projeção em novembro de 2014, por causa do aumento do diesel. A medida "reduziu nosso lucro a zero", disse Schmidt. Ele fez das redes sociais o grande propulsor de suas reivindicações, por meio da página Comando Nacional do Transporte. Utiliza com muita frequência o Facebook e o Whatsapp para propagar seus vídeos, nos quais condena os sindicatos, associações e federações e a política econômica de Dilma Rousseff. Desde que as greves começaram, Schmidt afirmou à revista Carga Pesada que se sente como se o tivessem sentado "em cima de um foguete com o pavio aceso". Considera que se tornou a liderança do movimento por acaso, ao participar, a convite do deputado Jerônimo Goergen, do PP do Rio Grande do Sul, em fevereiro, das discussões da Lei do Caminhoneiro. Em entrevista à Veja, em fevereiro, disse: “Nosso movimento abomina sindicato, associação, federação, confederação. Esses segmentos tentaram nos representar nas últimas décadas e nunca resolveram nossos problemas”. Na mesma época, o caminhoneiro afirmou ter sido retirado da mesa de negociações pelo então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, o valente Miguel Rossetto, que não reconheceu sua legitimidade como liderança. No Facebook, no dia 2 de novembro, ele questionou as notas dos sindicatos e federações contra a paralisação: "Quem vocês representam? Por quem estão brigando? Estamos recebendo mais apoio de sindicatos patronais do que de sindicatos de autônomos. É interessante isso, porque retrata bem o que está acontecendo no País. Eu peço a todos os caminhoneiros do Brasil que peçam para conferir a contabilidade dos seus sindicatos. Vamos mostrar que estamos participando. Acho que precisamos ver como estão sendo gerenciadas as finanças do nossos sindicatos, já que para eles está bom como está." Ivar Schmidt, guardem esse nome. VideVersus