De volta ao coração da Capital, 67ª edição do evento começa nesta sexta-feira (29), de forma híbrida. ANDRESSA PUFAL/JC
Igor Natusch
No coração de Porto Alegre, há uma Feira do Livro. Em mais de um sentido: além de seu tradicional espaço na Praça da Alfândega, em pleno Centro Histórico, a Feira tornou-se, em quase sete décadas de realização, um dos eventos definidores da alma cultural da Capital. Depois de um ano mediado por telas, quando todos precisamos ficar em nossas casas o máximo de tempo possível em resposta à pandemia, estamos aos poucos voltando às ruas – e a Feira do Livro de Porto Alegre volta junto conosco, ocupando seu tradicional espaço na Praça nesta sua 67ª edição. Promovida pela Câmara Rio-Grandense do Livro, a maior feira literária ao ar livre da América Latina está, aos poucos, de volta ao seu lugar.
O evento, que começa nesta sexta-feira (29) e vai até 15 de novembro, acontece em formato híbrido, unindo os eventos virtuais já desenvolvidos no ano passado (quando a Feira foi totalmente online) com a tradicional presença das bancas na primavera porto-alegrense. Serão 56 expositores (60% no comparativo com 2019) com suas barracas, além de área infantil e juvenil e sessões de autógrafos, individuais e coletivas – tudo convidando os leitores e leitoras a colocar uma máscara no rosto, passar álcool gel nas mãos e dar uma caminhadinha na Praça.
As atividades virtuais, por outro lado, seguem acontecendo – e a ideia é que reflitam, do lado de lá das telas, a energia que a Feira busca disparar com seu lema deste ano, A poesia pede passagem. “A programação geral vai ser toda online, e vai trazer temas mais propositivos do que fizemos no ano passado”, acentua a curadora da programação oficial da Feira, Lu Thomé. “Vamos falar de literatura e sobre livros, obviamente, mas também de felicidade, luto, relações humanas, poesia, fazer uma mesa de slam e de rap e botar os autores internacionais, nacionais e gaúchos para debater.”
As atrações online serão realizadas no Memorial do Rio Grande do Sul, com transmissão gratuita pelo site da Feira e pelo canal do evento no Facebook. Ao todo, serão 36 lives, geralmente duas por dia, programadas para 18h e 19h30min. Já a área geral estará aberta aos leitores e leitoras diariamente, das 12h30min às 19h30min. A programação completa está disponível no site da Feira (feiradolivro-poa.com.br).
Na modalidade presencial, o espaço ocupado será um pouco menor. Não haverá a já comum ocupação parcial da Rua da Praia, ou a extensão na direção do Cais do Porto: as fronteiras da Feira deste ano serão as cercanias da Caldas Júnior, o Margs e os monumentos aos generais Artigas, em frente ao Farol Santander, e Osório, quase no centro da Praça da Alfândega. A administração da Feira e as sessões coletivas de autógrafos vão acontecer no Espaço Cultural dos Correios, enquanto as sessões individuais acontecem ao ar livre, de forma mais espaçada e com calendário reduzido. Em todas as áreas da Feira, o uso de máscara será obrigatório, e as bancas terão distância de quatro metros entre uma e outra, como forma de minimizar aglomerações.
“A grande atração para as crianças será o Espaço da Primeira Infância. Ele estará ambientado como uma floresta encantada, e os contadores de histórias e o arauto da área infantil estarão caracterizados como fadas, gnomos e outros seres da floresta. Estamos muito contentes e achamos que vai ser belíssimo”, anima-se Sônia Zanchetta, responsável pela área infantil e juvenil da Feira. A programação acontecerá todos os dias, das 10h às 19h – nos sábados, domingos e feriados, às 10h e 14h, será a vez de divertidas sessões de teatro de bonecos.
Dentro do tema A poesia pede passagem, todas as contações serão com histórias rimadas. O agendamento de escolas para a programação da primeira infância deve ser feito pelo e-mail visitacaoescolar@camaradolivro.com.br.
A polêmica dos últimos dias envolve o teto de lona entre as barracas, estrutura importante para preservar os livros e o público em uma época de chuvas corriqueiras no Estado. Com custo de R$ 50 mil, a cobertura seria bancada pela Câmara de Vereadores da Capital, que desistiu de patrocinar o evento. Até o fechamento desta matéria, a organização continuava correndo atrás de empresas e pessoas físicas que se dispusessem a ajudar a pagar pela estrutura.
“Há quem pense que é somente uma Feira do Livro, que é somente orçamento de Cultura e não é prioridade no mundo quebrado após a pandemia, que são somente 17 dias de programação. Mas quem pensa assim não conhece a Feira do Livro de Porto Alegre”, afirmou o patrono da edição deste ano, Fabricio Carpinejar, em uma postagem divulgada em suas redes sociais na última terça-feira.
Jornal do Comércio
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