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Fatos em Foco 02.04.2015

                                                                            Alaides Garcia dos Santos

 

Com Bernardo, sempre!

Neste sábado (04/04) vai fazer um ano do assassinato do menino Bernardo. Em sua última trajetória, no dia 4 de abril de 2014 o garoto saiu da escola, em Três Passos, ao meio dia e, inocentemente, rumou para a morte, iludido pela madrasta Graciele de que iria comprar-lhe uma televisão em Frederico Westphalen. A partir dessa data ele foi dado como desaparecido, mediante mentiras do pai e da madrasta. Dez dias depois, no dia 14, Edelvânia, amiga da madrasta confessou à polícia que juntamente com Graciele teria matado Bernardo e indicou o local onde o enterraram. O pai do menino, médico Leandro Boldrini, foi apontado como autor intelectual do assassinato. Todos, Leandro, Graciele, Edelvânia e um irmão desta, foram e permanecem presos.

 

Bernardo, um mártir

Conta o evangelho de São Mateus (2, 1-18), que os  Reis Magos, quando foram visitar Jesus, chegando em Jerusalém, perguntaram ao rei Herodes onde estava o rei dos judeus, que acabara de nascer. Perturbado com a notícia, reúne os sacerdotes e pergunta-lhes  onde haveria de nascer o Cristo. Disseram-lhe: em Belém. Informando-se sobre a época do nascimento, enviou os Magos a Belém, após pedir-lhes que fosse comunicado, quando o encontrassem, pois também queria adorá-lo.

 

Bernardo, um mártir II

Os Reis Magos, por instrução divina, não retornaram a Herodes, que, sentindo-se traído, mandou matar, em Belém e arredores, todos os meninos de dois anos para baixo.  José fugiu  para o Egito, com Maria e Jesus, e o filho de Deus se salvou da matança. Quanto ao número de meninos mortos não se tem notícia histórica. Mas, a Igreja Católica homenageia, no dia 28 de dezembro, aquelas crianças, chamando-as de Santos Inocentes, que são considerados seus primeiros mártires.

 

Bernardo, um mártir III

Essa história Cristã, plagiando Carlos Augusto Macedo Couto (Carlito Couto), foi o que me veio à mente, quando tive conhecimento da morte do menino Bernardo, cujo corpo foi encontrado em cova rasa, num matagal, em Frederico Westphalen. Seu nome deve ser acrescentado aos Santos Inocentes, como um novo mártir, pois, tal qual os meninos de Belém, foi  morto, sem saber o motivo, por quem tinha o dever de cuidar de sua vida e o poder de decidir sobre ela. Sua morte é uma monstruosidade tamanha quanto o massacre dos meninos de Belém, praticada por modernos Herodes.

 

Bernardo, um mártir IV

É horrível, de chorar, quando se sabe que, filho de pai afortunado, Bernardo, como um Francisco, andava maltrapilho; ou não tinha dinheiro para o lanche no colégio; ou passava frio por falta de agasalho; ou vestia  vários dias o mesmo uniforme escolar; ou andava com velhos sapatos. Sofreu bem mais que os Santos Inocentes. Chorou pela morte não explicada da mãe, aos 7 anos. Buscou ajuda nos serviços de proteção à criança, inclusive pessoalmente ao juiz da infância, mas o socorro não lhe foi bastante. Ele pressentia a morte. Dois meses depois desapareceu e foi cruelmente assassinado!

 

Bernardo, um mártir V

Como cordeiro levado ao altar, Bernardo foi conduzido para ser sacrificado em outra cidade. Não se tem notícias de desespero, que certamente  dominou a sua via-crúcis. Talvez também tenha perguntado por que foi abandonado, porém, não foi atendido, e uma injeção letal levou-lhe a vida. Morreu por sua fé nas pessoas!

 

Suicídio ou homicídio?

Pergunta que não quer e não vai calar, é se efetivamente a mãe de Bernardo cometeu suicídio, ou se ela “foi assassinada”. O Ministério Público reluta em pedir a reabertura da investigação, mas os novos e fartos indícios de homicídio aguçam a população a questionar se a relutância do MP e da Justiça significa “proteger” os possíveis autores. 

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