Entrevista –Antônio Sartori– Prefeito de Campo Novo
Por Alaides Garcia dos Santos
“Povo sem saúde é povo que não produz”, e temos que produzir, nós precisamos de produção.
O Celeiro –Prefeito Sartori, o que Campo Novo tem a comemorar na data que comemora 55 anos de sua emancipação político/administrativa?
Sartori –Nós temos muito a comemorar nesta data. Campo Novo tem uma história de muita luta, de muita garra, de muitos cidadãos e cidadãs que passaram por este município e com muita lealdade sempre defenderam as cores de nossa bandeira, e que fizeram a sua parte, para que hoje tenhamos um município numa situação, não de muita tranquilidade em função das dificuldades que afetam todas as prefeituras, do estado e do país, pelas dificuldades financeiras, que muito repassam ao governo federal e, na verdade, muito pouco volta para os municípios. Mas a nossa comunidade vem de um momento um pouco turbulento. Eu estou como prefeito há apenas 90 dias, tenho tido algumas conquistas, recadastramos muitas emendas parlamentares, alguns recursos, que no final de 2013 eles acabaram se extinguindo e nós quando assumimos em fevereiro deste ano contratamos uma empresa e tentamos buscar todas essas emendas e esses projetos que haviam sido construídos pelas administrações passadas, até porque queremos dar uma sequência àquilo de bom que se construiu e que não se perda, que possamos dar essa condução e que possamos fazer com que realmente Campo Novo possa contar a partir deste momento uma história um pouquinho diferente do que estamos contando hoje. Mas é uma data diferente, pela primeira vez, num gesto grandioso e justo, iniciamos o dia (03.06.2014), com um “culto ecumênico”, agradecendo a Deus por todas as conquistas que Campo Novo teve até hoje, e pedindo a Ele proteção nos encaminhamentos futuros, nos ilumine, guie, nos dando lucidez e sabedoria, inteligência para que possamos a partir de hoje efetivamente fazer uma gestão que ao se finalizar possa ter seus objetivos concretizados, e que os próximos gestores não recebam uma herança tão árdua quanto esta que eu recebi, de termos que ter hoje o cuidado de não gastar um centavo porque recebemos uma prefeitura com 52,93% do orçamento comprometido com a folha de pagamento, situação esta, insustentável.
Ainda, nos reportando ao ato religioso na manhã de hoje, quero nominar aqui algumas das importantes figuras que se fizeram presentes em meio ao grande público: o padre Angelin, com 81 anos de idade, que nos deixou a lição nas questões da família e da solidariedade humana; o pastor Morais, da Assembleia de Deus, anfitrião, que também deu ênfase à solidariedade entre as pessoas; o membro da sociedade espírita senhor Paulo Hoffmann, ex-gerente do Banrisul na cidade, que falou sobre a sociedade e o convívio em comunidade; o menino Elias, músico na cidade, com hino de fé, harmonia e amor; o pastor Oberdã, da igreja Batista, que discursou sobre a importância da família na construção de um mundo melhor. Foi um culto de agradecimento a Deus.
O Celeiro – Econômica e financeiramente, como se encontra o município?
Sartori –Como já dito, quando assumimos em fevereiro deste ano, o limite prudencial estava em 52,93% comprometido com a folha de pagamento; nós conseguimos fazer uma redução razoável trazendo para 49,16%, mas precisamos reduzir mais. Para resolver este problema, é preciso aumentar a receita do município. Mas aonde é que vamos buscar essa receita? Nós precisamos buscá-la no ISSQN; na Nota Fiscal Eletrônica que evita a sonegação. Estamos em busca do ISSQN inclusive de empresas que construíram grandes obras aqui no município e que até hoje nada repassaram aos cofres municipais; no setor tributário a questão dos produtores rurais, uma vez que estávamos dois anos atrasados com os blocos de produtores, sem ser alimentado no sistema para que o governo federal pudesse ter os impostos recolhidos e repassar o que de direito ao município. Infelizmente, essa era a situação da nossa prefeitura. Para solução dessa problemática, temos que elogiar e agradecer o empenho de nossos funcionários, mas também devo destacar a compreensão e apoio de todos os vereadores, cujo colegiado, de forma autônoma tem sido fundamental para revertermos a situação difícil do município. Já fiz também um chamamento aos nossos ex-prefeitos, e alguns deles já estão colaborando conosco, com ideias, com informações.
O Celeiro –E a saúde pública, como está em Campo Novo?
Sartori –A saúde pública, para nós ainda está sendo um problema. Na semana passada estivemos em audiência pública lá em Porto Alegre, e em seguida já fui chamado para lá novamente para tratar da questão da Resolução 064/14, sobre a qual a AMUCELEIRO briga e discute para que os hospitais de “Pequeno Porte” continuem fazendo partos/cesarianas e outras cirurgias de baixa complexidade. Mas nós entendemos que também não é justo muitas vezes relutarmos contra uma realidade que não é aquilo que nós precisamos para o nosso município. É preferível termos um hospital que nos dê condições de tratar casos de média e alta complexidade em hospital referência como é o caso do hospital de Santo Augusto, que tem nos atendido muito bem, e termos aqui um “Pronto Atendimento de Qualidade” para tratarmos da saúde preventiva e de baixa complexidade.
Hospital de Campo Novo que poderá ser transformado em Pronto Atendimento
Nem credenciado estávamos para o “Programa Mais Médicos”, mas na minha primeira semana como prefeito fui me socorrer na Secretaria Estadual da Saúde, onde a secretária Sandra Fagundes foi sensível aos nossos argumentos e comprovantes de que o município se enquadra no programa e destinou um médico para Campo Novo, o qual já está desempenhando as atividades, com repercussão extremamente positiva junto aos pacientes e comunidade em geral e, estou pleiteando junto à secretaria para a vinda de mais um médico. Se nós tivermos mais um médico e um hospital de “Pronto Atendimento” de primeira qualidade, eu tenho a certeza de que vamos resolver em grande parte o problema da saúde em nosso município. Muitos problemas ainda temos, mas estamos melhorando, existe uma obra em licitação para mais um centro de atendimento junto ao Posto de Saúde, concluímos uma obra a poucos dias, estamos começando outra, e temos mais recursos para serem aplicados. Então o que nos falta, apesar da competência e dedicação do quadro existente, é mais recursos humanos.
O hospital de Santo Augusto tem condições de nos dar o atendimento de média e alta complexidade, então porque não nos socorrermos lá? Essa parceria é boa e saudável e tenho a certeza que vamos dar o atendimento à nossa comunidade conforme ela espera e almeja. Eu quero trabalhar muito na questão da saúde, porque “povo sem saúde é povo que não produz”, e temos que produzir, nós precisamos de produção. O que temos de fazer? Infelizmente nós tivemos aqui no passado, a preocupação de “fazer medicina curativa”, e o nosso povo criou essa cultura, que a medicina tem que ser através de remédio, através de produtos que muitas vezes prejudica colateralmente, com efeitos adversos, inclusive e na maioria dos casos, com a automedicação, sem o acompanhamento médico. Por isso, o nosso rumo e nosso objetivo é a saúde básica, da família, preventiva com a permanente e orientação e acompanhamento médico, o que já está sendo oportunizado com o médico do “Programa Mais Médico” que já está atendendo a nossa população. Eles se prepararam para fazer isso, eles sabem fazer isso.
O Celeiro –Prefeito Sartori, e quanto ao setor educacional?
Sartori –Na educação, nós também estamos trabalhando com o orçamento do ano passado, vamos ter que seguir, não tem como mexer muita coisa, mas desde o primeiro momento, quando busquei constituir um secretário da educação, pelo conhecimento que tenho na área, busquei uma pessoa bem profissional e técnica, que sabe o que faz com a educação. Pessoa eficiente, com uma equipe igualmente eficiente, está fazendo um ótimo trabalho. A prova está que existia do governo anterior uma “carta de intenção” em Porto Alegre, e aqui eu preciso frisar o deputado Sperotto que, através do Leonardo Rospide (caponovense), telefonou perguntando se tínhamos interesse em dar prosseguimento àquela carta, uma vez que estava liberado na FNDE, escolas novas para os municípios. Prontamente, sabendo das necessidades existentes na área para o município, juntamente com a secretária municipal da educação e com o engenheiro, fomos a Porto Alegre onde tomamos conhecimento do projeto, e elaboramos o projeto para 12 salas de aula, orçado em R$ 3 milhões e 520 mil reais. Mas como existem determinados dados técnicos que são precisos preencher, nós não conseguimos preencher um quesito, que é ter no mínimo dez mil habitantes, e nós não temos isso. Então o secretário, lá no FNDE, em Brasília, informou que não teria condições de aprovar o projeto de 12 salas de aula, porém, liberaria naquele momento, uma escola com seis salas de aula, prédio administrativo, biblioteca, sala de áudio e vídeo, cobertura e um ginásio anexo, orçado em torno de R$ 1,5 milhão, sendo que R$ 1 milhão e 90 mil reais já está depositado para início da obra que terá nove meses para entrega da obra concluída. Além do deputado Sperotto, temos outros vários deputados, de partidos diversos, que estão auxiliando Campo Novo, como Ernani Polo, Jerônimo Goergen, Vilson Covatti, Silvana Covatti, Onix Lorenzoni, Stédile, entre outros.
Na educação, a partir de 2015, trabalharemos incansavelmente não só na melhoria da constituição física da educação, mas iremos melhorá-la no aperfeiçoamento de nossos professores, vamos investir muito em educação, para que possamos a médio prazo fazermos a diferença em nosso município.
O Celeiro –E no setor de obras públicas?
Sartori –Bem, quando eu assumi a prefeitura há 90 dias, as duas patrolas estavam quebradas, os caminhões, o melhor estava na oficina em Santo Ângelo, dois ou três estavam no cepo, enfim, pegamos um parque de máquinas sucateado. Busquei socorro no município de Braga, onde me foram cedidas duas patrolas, consertamos uma das nossas, e fomos ao trabalho, começando pela localidade de Nova Boa Vista, seguindo-se o Sitio Motta, Rincão Reúno, Linha São Pedro, Passo da Mecânica, cujas localidades receberam melhorias e estão servidos com estradas boas, perfeitamente transitáveis como há muitos anos os agricultores não tinham.
O Celeiro –Quadro de funcionários na Secretaria de Obras.
Sartori –Quero ressalvar aqui os meus funcionários, pois quando estive no dia 12 de fevereiro, um dia após ter assumido, no parque de máquinas fazendo uma reunião, iniciei a conversa com a seguinte indagação: “Olha, nós somos 220 servidores no município, e qual é a imagem que o funcionário público tem perante os olhos da comunidade”? “Uma tropa de vadios”, muitos nos chamam. Porém, eu conclamo a vocês que a partir de hoje vamos mudar essa imagem, não vamos olhar para o tipo de serviço, não vamos olhar para o relógio, não vamos pensar que estamos aqui apenas para receber o salário no final do mês, “mas vamos, sim, nos colocar no lugar de servidores públicos, vamos mudar essa imagem”. E hoje, com cem dias de governo, “tenho orgulho dos funcionários públicos de Campo Novo”, “não existe ninguém olhando feio para ninguém, todos trabalham em harmonia, contente, feliz”. E o salário deles é ruim. Mas eu tenho um compromisso não só com eles, mas comigo mesmo, de à partir do ano que vem não só repor o índice de inflação, mas algum aumento real de salários.
O Celeiro –Uma mensagem aos munícipes.
Sartori –À família camponovense minha mensagem neste dia festivo, é de que tenham fé, esperança, e se rebusque do Ser maior, o nosso Pai Celestial, para que ele nos dê harmonia, paz, sabedoria para, ao invés de criticarmos alguém, construirmos algo em busca da união, da organização e do planejamento, para que possamos realmente ter um Campo Novo diferente. Também quero agradecer a essa comunidade, e que Deus a abençoe e abra o coração de cada um, porque nessa minha humildade, que cada um seja abençoado por Nosso Senhor Jesus Cristo.