O documento tem como principal objetivo denunciar o irresponsável desmonte na segurança pública, que vem sendo promovido pelo governo Sartori/PMDB. Na carta, as entidades relatam todos os problemas enfrentados pelas categorias da segurança pública e como os cortes de investimentos do governo vêm afetando os serviços prestados à população gaúcha. As entidades fazem o alerta que: “o Rio Grande do Sul não merece um governo descomprometido com a segurança de mais de 11 milhões de pessoas. Chega de justificativas burocráticas, chega de piadas, chega de descaso. Priorize a vida dos gaúchos Senhor JOSÉ IVO SARTORI!”
Veja abaixo, a íntegra da Carta Aberta ao Povo Gaúcho
CARTA ABERTA AO POVO GAÚCHO
As entidades signatárias desta Carta Aberta ao Povo Gaúcho, frente à assustadora criminalidade que tomou o Estado do Rio Grande do Sul, reunidas no dia de hoje na sede do Sindicato dos Policias Federais do Rio Grande do Sul, dirigem-se ao povo gaúcho para denunciar o irresponsável desmonte na segurança pública promovido pelo atual Governo.
Um Estado que se notabilizou pela civilidade, paz social e força de reação encontra-se refém da violência, do crime e do pavor, fruto da absoluta incapacidade do Governador em assumir o seu papel de líder maior, cuja omissão traz reflexos diretos na vida da população.
Pesquisa com mais de 2 mil pessoas, em 30 municípios gaúchos, revelou que 69,2% da população já foi vítima de crime e tem medo de sair de casa. 74% disse que a violência piorou no último ano. Os homicídios cresceram 3,5% entre janeiro e setembro de 2015, em comparação com o mesmo período de 2014. Em São Paulo, esse tipo de crime caiu 11,7%, e, no Rio de Janeiro, a redução foi de 18,9%. No Rio Grande do Sul, também cresceram as ocorrências de roubo de veículos (30,4%) e assaltos (26,3%).
Salta aos olhos a má vontade daqueles que se apresentaram para administrar o Estado. Não percebemos nenhum esforço no sentido de serem ultrapassados os obstáculos econômicos na busca de soluções para estancar o sucateamento a que foram submetidos os servidores da segurança pública.
Esse desmonte também traz reflexos nas ações de Policiais Federais e Rodoviários Federais com atuação no Estado, uma vez que, apesar de atribuições distintas, compõem um sistema policial integrativo, o qual já apresenta prejuízos de toda sorte. Impossível combater o tráfico de drogas, o contrabando, o tráfico de armas e mesmo a corrupção na máquina pública sem o apoio de Policiais Civis, Policiais Militares e Agentes Penitenciários.
O povo gaúcho precisa saber que o déficit de servidores na Brigada Militar atingiu a histórica marca de 59%, sendo o efetivo atual 5% inferior ao existente em 1986, mesmo com o crescimento populacional havido no período. Não há PMs nas ruas, apesar do falacioso e irresponsável discurso governamental em sentido contrário.
Na Polícia Civil, falta combustível, munição, não há sequer papel para imprimir boletins de ocorrências, as diárias não são pagas, as promoções estão suspensas desde o início do Governo Sartori/PMDB, além do covarde mecanismo de parcelamento de salários inventado pelo atual Governo. O efetivo está cada vez mais reduzido e os 650 policiais, aprovados em concurso no governo passado, não têm nenhuma previsão de convocação
A precariedade de condições de trabalho é regra também nos quadros da SUSEPE. Enquanto o ideal é um Agente Penitenciário para cada cinco presos, no sistema prisional gaúcho a média é de um Agente para cada 12 presos.
A deterioração estatal afeta da mesma forma o Corpo de Bombeiros, que enfrenta o maior déficit de efetivo de sua história. Para atender toda a capital gaúcha, apenas 35 bombeiros são escalados por turnos, situação que é ainda pior no interior do Estado, já que 80% dos municípios não tem um bombeiro sequer atuando.
Há 08 anos sem contratar nenhum servidor, o Instituto Geral de Perícias está praticamente parado. A falta de efetivo, sobretudo de médicos legistas, peritos criminais e papiloscopistas, emperra milhares de investigações. Além disso, tanto quanto na Polícia Civil, Brigada Militar, SUSEPE e Bombeiros, os poucos servidores do IGP não recebem diárias quando precisam se deslocar para outros municípios.
Essas mazelas já foram objeto de incansáveis cobranças junto às mais diversas autoridades do Governo, que sempre se apressam em apresentar discursos simplistas e levianos, como se os culpados pela crise fossem os próprios servidores.
O Rio Grande do Sul não merece um governo descomprometido com a segurança de mais de 11 milhões de pessoas. Chega de justificativas burocráticas, chega de piadas, chega de descaso. Priorize a vida dos gaúchos Senhor JOSÉ IVO SARTORI!
Porto Alegre/RS, 09 de março de 2016.
Assinam:
UBIRATAN ANTUNES SANDERSON (Presidente do Sindicato dos Policias Federais do RS –SINPEF/RS)
MAICON NACHTIGALL (Presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais do RS – SINPRF/RS)
ISSAC DELIVAN LOPES ORTIZ (Presidente da UGEIRM-Sindicato dos Inspetores, Escrivães e Investigadores de Polícia do RS – UGEIRM)
LEONEL LUCAS (Presidente da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho, dos Servidores de Nível Médio da Brigada Militar e Bombeiros Militares do RS – ABAMF )
APARICIO COSTA SANTELLANO (Presidente da Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar e Bombeiros Militar do RS – ASSTBM)
ELIAS DANIEL PONCIO (Presidente da Associação dos Oficiais Subalternos da Brigada Militar – AOFSBM)
FLÁVIO BASTOS BERNEIRA JUNIOR (Presidente da Associação dos Monitores e Agentes Penitenciários do RS – AMAPERGS)
HENRIQUE BUENO MACHADO (Presidente do Sindicato dos Servidores do Instituto-Geral de Perícia do RS – SINDIPERICIAS)
UBIRAJARA PEREIRA RAMOS (Coordenador Geral da Associação de Bombeiros do RS – ABERGS)