Pesquisa MDA/CNT mostra haver espaço para mudanças
A pesquisa sobre intenção de votos para presidente realizada pelo instituto MDA, encomendada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), registra estagnação nos percentuais dos principais candidatos.
Dilma Rousseff (PT) tem hoje 43,7%. Em novembro, na mesma pesquisa, estava com 43,5% das intenções de voto. Como a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, a petista ficou no mesmo lugar.
Aécio Neves (PSDB) tem agora 17%. Em novembro, seu percentual era de 19,3%, ligeiramente acima dos 2,2 pontos percentuais da margem de erro.
Eduardo Campos (PSB) registrou hoje 9,9%. Em novembro, tinha 9,5%.
Nesse cenário, Dilma venceria no primeiro turno. Teria mais de 50% dos votos dados aos candidatos. Aqui, a íntegra da pesquisa.
Ou seja: está tudo acabado? Não, não está. O que deve ser levado em conta:
1) Dilma é favorita, mas há ressalvas: é inegável que a presidente da República dispõe de mais meios do que seus adversários. Muitas obras serão entregues no país inteiro até junho. Aeroportos em reforma ficarão prontos. Haverá um bombardeio de comerciais do governo a respeito de tudo isso. Para completar, mesmo que não cresça muito, a economia não entrará em colapso e nada indica que a taxa de desemprego possa piorar de maneira significativa. O ambiente é razoavelmente tranquilo para Dilma tentar a reeleição.
Mas chama a atenção uma série de fatores não muito favoráveis para a petista. Apesar de toda a propaganda estatal do governo e do clima sempre mais ameno no final e início de ano, a presidente não saiu do lugar. Sua taxa de intenção de votos parece ter batido num teto, pelo menos no momento atual.
A popularidade da presidente está agora em 36,4%, somando aqueles que acham a administração boa ou ótima. Em novembro, a taxa era de 39%. Para politólogos e analistas de pesquisas, toda vez que um presidente no cargo disputa a reeleição com a popularidade abaixo dos 40%, acende-se uma luz amarela. Para Dilma, esse sinal também indica que os brasileiros interromperam, pelo menos por ora, o ciclo de recuperação que vinham oferecendo à petista.
No quesito economia, houve leve deterioração na expectativa dos brasileiros sobre o emprego e a renda nos próximos 6 meses. Hoje, 36,7% acreditam que a situação do emprego irá melhorar no período e 20,7%, que ficará pior. Em novembro de 2013, a taxas eram de 38,3% e 17,6% respectivamente.
Indagados sobre a perspectiva de renda mensal nos próximos 6 meses, hoje 32,2% dos entrevistados respondem que irá melhorar e 12,2%, que diminuirá. Em novembro de 2013, os percentuais eram de 35,4% e 9,6% respectivamente.
Outro fator que pode influir no humor dos brasileiros mais adiante: 75,8% dizem ter sido um desperdício o dinheiro gasto com obras para a Copa do Mundo, um evento cujo impacto ninguém ainda é capaz de saber qual será nas urnas;
2) Aécio Neves patina, apesar do partido: o tucano é quem dispõe do maior partido de oposição. O PSDB, com todos os seus problemas, é a agremiação mais estruturada para entrar numa disputa. Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, Aécio deve ter uma votação expressiva. Se o tucano se segurar no patamar dos 20% –hoje está um pouco abaixo disso– já vai contribuir, no mínimo, para levar a disputa para o segundo turno;
3) Eduardo Campos, um desconhecido que não cai: há uma curiosidade nessas pesquisas eleitorais que vêm sendo divulgadas. O governador de Pernambuco é o mais desconhecido dos 3 principais pré-candidatos ao Planalto. Ainda assim, ele nunca sofre quedas bruscas na sua taxa de intenção de voto. Ao contrário, ele evolui lentamente para o patamar de 10%, o que pode indicar a busca ainda incerta do eleitor por algum nome alternativo na disputa.
A companheira de chapa de Eduardo Campos é Marina Silva, que quando apresentada como candidata pontua mais do que ele. O Datafolha já mostrou no ano passado que quando o eleitor é informado de que a chapa completa é Eduardo presidente e Marina como vice, o percentual de intenção de votos sobe. Ou seja, é improvável que essa dupla oposicionista fique estacionada apenas nos 10%;
4) Nanicos: em eleições recentes sempre houve candidatos de siglas pequenas, cuja pontuação somada pode ir de 2% a 3%. Pode parecer pouco, mas numa disputa apertada é o que faz a diferença para haver ou não o 2º turno. Na pesquisa MDA/CNT foi colocado o nanico Levy Fidelix, do PRTB, que aparece com 0,4%. Outros devem surgir. Além de Fidelix, podem ser candidatos os seguintes: Eduardo Jorge (PV), Randolfe Rodrigues (PSOL), José Maria (PSTU), Eymael (PSDC), Mauro Iasi (PCB), pastor Everaldo Pereira (PSC) e Denise Abreu (PEN).
Tudo somado, o cenário da sucessão presidencial ainda parece estar em aberto, apesar do favoritismo natural de Dilma Rousseff no momento.