Levantamento feito pelo Ministério Público de Contas apontou que durante o ano de 2014, vereadores, em todo o estado do Rio Grande do Sul gastaram em diárias mais de R$ 16 milhões.
E aqui na Região Celeiro, no noroeste gaúcho, em alguns municípios, vereadores se esbaldaram com o dinheiro público. Tudo sob o argumento, pretextos e justificativas esfarrapadas de que viajaram para participar de cursos, seminários, acompanhar o prefeito em viagens de interesse do município, e até de buscar recursos para o município, como se isso fosse sua função.
Mas não se enganem. Essa gastança que evidencia desperdício e abuso do dinheiro público, está sendo observada pela população que, talvez por comodismo não faz pressão para cessar os abusos. Porém, a eleição se avizinha, falta menos de um ano para o pleito municipal, aí a “vaca vai tossir”, será a hora do julgamento.
Bem disse o Promotor de Justiça paranaense, Bortolini, “mesmo não sendo ilegal, o abuso das diárias infringe o princípio da moralidade, defendido pela Constituição Federal”. Há que se questionar a necessidade de tantos cursos e capacitações. Qual é o retorno desses gastos à população?
Veja a seguir o gráfico demonstrativo dos gastos dos vereadores dos 21 municípios da região em diárias:
O que os vereadores da Região Celeiro gastaram em diárias em 2014 |
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Município |
Habitantes |
Valor gasto |
Coronel Bicaco |
7.855 |
R$ 136.430,00 |
Redentora |
10.938 |
R$ 83.925,00 |
Crissiumal |
14.315 |
R$ 69.273,80 |
Braga |
3.711 |
R$ 52.750,00 |
Bom Progresso |
2.285 |
R$ 51.400,00 |
Santo Augusto |
14.357 |
R$ 51.141,25 |
Campo Novo |
5.338 |
R$ 48.023,75 |
Miraguaí |
4.985 |
R$ 46.793,58 |
Sede Nova |
3.070 |
R$ 44.901,55 |
Barra do Guarita |
3.226 |
R$ 35.475,00 |
Tiradentes do Sul |
6.432 |
R$ 27.520,00 |
Três Passos |
24.356 |
R$ 23.816,40 |
Inhacorá |
2.321 |
R$ 21.000,00 |
Esperança do Sul |
3.268 |
R$ 19.462,50 |
Tenente Portela |
14.056 |
R$ 15.375,00 |
São Martinho |
5.844 |
R$ 11.654,21 |
Humaitá |
5.019 |
R$ 9.966,73 |
Derrubadas |
3.173 |
R$ 7.475,00 |
Vista Gaúcha |
2.867 |
R$ 7.097,00 |
São Valério do Sul |
2.748 |
R$ 4.515,00 |
Chiapetta |
4.080 |
R$ 2.375,00 |
Diária dos vereadores de Santo Augusto, período de 01 de janeiro de 2013 a outubro de 2015
Tânia Depiere – 23,5 diárias (das quais 3 em 2015), total recebido R$ 7.100,00;
Horácio Dorneles – 8,5 diárias (das quais 6,5 em 2015), total recebido R$ 2.804,00;
João Carvalho de Oliveira – 25 diárias (das quais 3,5 em 2015), total recebido R$ 7.331,25;
Carolina Langner – 7,5 diárias, das quais 3,5 em 2015), total recebido R$ 2.050,00;
Margarete de Melo – 18,5 diárias (das quais 7 em 2015), total recebido R$ 5.524,00;
Ultramar Luiz de Souza – 49,5 diárias (das quais 11 em 2015), total recebido R$ 13.750,00;
Marcelo Both – 30,5 diárias (das quais 8,5 em 2015), total recebido R$ 9.175,00;
Joel Antunes da Rosa – 28 diárias (das quais 5,5 em 2015), total recebido R$ 8.400,00;
Juarez Speroni – 38,5 diárias (das quais 3 em 2015), total recebido R$ 15.035,00.
O valor total em diárias pagas aos vereadores na presente legislatura, até o final do mês de outubro de 2015, foi R$ 71.169,25.
Se considerado o valor gasto em diárias dos vereadores nos anos de 2013/2014 (R$ 54.694,00), e o valor gasto de janeiro a outubro de 2015 (R$ 16.475), observa-se que neste ano, efetivamente, está havendo redução nos gatos, isso graças a limitação “imposta” pelo presidente Horácio Dorneles que fixou em no máximo 12 diárias por vereador durante o presente ano. Os que mais se aproximaram desse limite foram os vereadores Ultramar com 11, Marcelo com 8,5, Margarete com 7 e o próprio presidente com 6,5. Os demais não atingiram nem a metade do número de diárias permitidas pela presidência da Casa Legislativa.
VALOR DAS DIÁRIAS |
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Local de Destino |
Agente Público |
Valor da Diária |
Cidades do interior RS |
Presidente Vereador |
R$ 320,00 R$ 250,00 |
Capital do Estado RS |
Presidente Vereador |
R$ 384,00 R$ 300,00 |
Outros Estados da Federação |
Presidente Vereador |
R$ 480,00 R$ 375,00 |
Distrito Federal |
Presidente Vereador |
R$ 640,00 R$ 500,00 |
Salários dos vereadores, em alguns municípios, são dissonantes
Pelo princípio da moralidade conforme preceitua nossa Carta Maior, o salário (subsídio) do vereador forçosamente deveria ser, no máximo, igual a média salarial dos servidores públicos do município.
Ser vereador não é profissão. É encargo. Encargo passageiro de quem se comprometeu a servir ao próximo; a representar a vontade popular; a colaborar para a melhoria de vida dos munícipes. Os representantes são eleitos para servir a coletividade, e não o contrário, ou seja, não para servir-se do cargo e do erário. Portanto, uma parcela de altruísmo e de sacrifício pessoal viria sim, ao encontro das expectativas legitimas que o eleitor deve ter em relação aos seus representantes. Nada mais democrático que querer atrair representantes pelo viés ideológico, e repelir aqueles que ali estão pelos motivos errados.
A Constituição Federal, em seu artigo 38, diversamente de outros cargos eletivos, não impede, como regra, que os vereadores exerçam, concomitantemente, sua profissão. Logo, o ocupante do cargo de vereador não deve depender dos subsídios na Câmara para manter sua vida independente.
É aí que se questiona – principalmente nos municípios menores -, onde os recursos são escassos e as necessidades básicas do cidadão são amplas, “podemos nos dar ao luxo de gastar tanto com vereadores?”.
Portanto, necessário se faz, que os vereadores, com ou sem pressão popular, reavaliem a questão de seus subsídios e, se for o caso, reduza-os para que fique no máximo igual a média do salário do servidor do quadro efetivo. Só assim seremos capazes de conquistar, em breve intervalo, profundo avanço na representação política municipal e na qualidade dos vereadores.
Em Santo Augusto, minha cidade, embora o subsídio dos vereadores não seja uma exorbitância, é muito alto com relação ao salário dos servidores públicos municipais, portanto, há a necessidade, sim, de se reduzir. Seria um ato de extrema grandeza dos vereadores se isso acontecesse. Quem se atreve entrar com o projeto?
Eis o subsídio:
Subsídio dos agentes Políticos de Santo Augusto/2015 |
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Agente Político |
Valor do Subsídio |
Prefeito Municipal |
R$ 14.064,82 |
Vice-Prefeito |
R$ 7.032,40 |
Secretários |
R$ 4.057,16 |
Presidente da Câmara |
R$ 5.003,82 |
Vereadores |
R$ 3.651,44 |