Incompreensivelmente, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre criou o “Dia Municipal do Patriota”, a ser comemorado em 8 de janeiro. A data oficial foi proposta pelo então vereador Alexandre Bobadra (PL) em 15 de março e promulgada pelo presidente do Legislativo em 10 de julho. A data escolhida por Bobadra – hoje cassado – é a mesma em que ocorreram os ataques às sedes dos três poderes, em Brasília. Na ocasião, vândalos (não sei se de direita, de esquerda ou ambas, com conivência ou não de autoridades) invadiram e depredaram os prédios do Congresso, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto. “Fica incluída a efeméride Dia Municipal do Patriota no Anexo da Lei nº 10.904, de 31 de maio de 2010 – Calendário de Datas Comemorativas e de Conscientização do Município de Porto Alegre – e alterações posteriores, no dia 8 de janeiro”, diz a lei promulgada pelo presidente da Câmara, Hamilton Sossmeier (PTB).
Justificativa
Como justificativa ao projeto, o proponente vereador Bobadra escreveu: “O Brasil hoje enfrenta um perigoso processo de extinção do que é seu Patriotismo. São diversas as vanguardas de ataque: mídia, o ensino, as entidades globalistas, as universidades, a cultura militante. É uma ação iconoclasta, que visa derrubar todos os símbolos que remetem à cultura brasileira e seus grandes feitos, sem necessariamente propor algo para substituir o vazio gerado”. Claro que há a tendência forte de alguns em extinguir os símbolos patrióticos e o sentimento de patriotismo, mas daí usar o quebra-quebra do 8 de janeiro em Brasília como contraponto, é um contrassenso. O que aquela baderna toda – criminosa e sem saber ao certo quem de fato está por trás – tem a ver com patriotismo, para ser usada como inspiração para criar o “Dia Municipal do Patriota”?
Lei foi revogada
Após a repercussão negativa, a Câmara Municipal de Porto Alegre revogou, na noite desta segunda-feira (28) o Dia Municipal do Patriota, que seria comemorado no dia 8 de janeiro. A votação ocorreu após líderes de bancada definirem dar celeridade de urgência ao projeto de lei da vereadora Karen Santos (PSOL), protocolado no dia 25 de agosto pedindo a revogação. Através da aprovação da alteração da ordem do dia, o projeto passou a ser o primeiro da lista de votações. A revogação da lei foi aprovada com 30 votos favoráveis e uma abstenção. De pronto, o prefeito Melo sancionou a lei.