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Desarmamento e a fantasia democrática

O Brasil virou um “bang-bang” onde só o vilão tem arma.


Há exatos 10 anos, 95.375.824 de eleitores iam às urnas para votar no que ficou conhecido como O Referendo das Armas. Com 63,94% de votos contrário ao desarmamento vencia a tese de que a venda legal de armas não deveria ser proibida no Brasil. Foram exatamente 59.109.265 votos em favor do “não”, votação recorde em uma eleição nacional, número até hoje não suplantando por nenhum presidente eleito no Brasil.

Após massacrante e inequívoca votação, muitos acreditaram que o desarmamento seria sepultado no Brasil. Quem assim pensou estava errado, absurdamente errado e isso ficaria claro quando em 28/05/2007, eu e o Coronel Paes de Lira, ex-comandante do policiamento metropolitano de São Paulo nos fizemos convidas para uma audiência pública dentro do Ministério da Justiça onde ao dizer suas palavras de abertura, o Secretário-Executivo do MJ confessou tudo aquilo que nós sabemos, mas é sempre negado pelo Governo Federal: o objetivo do ED é o desarmamento dos cidadãos comuns e teria de ser atingido, apesar do resultado do referendo de 2005, por todos os meios ao alcance do atual poder. E assim vem sendo feito!

O chamado Estatuto do Desarmamento com suas burocracias, taxas e regras absolutamente subjetivas, que garantem aos agentes do Estado muito mais do que o poder discricionário, continuou negando ao cidadão o direito à posse e ao porte de armas que na prática gerou nos últimos anos o fechamento de mais de 90% das lojas especializadas e ainda jogou na ilegalidade mais de 8 milhões de armas legalmente compradas. Enquanto isso, o Brasil fecha 2014 com 58.559 homicídios. Realmente um sucesso esse tal de desarmamento só faltou combinar com o bandido.

Ao cidadão honesto, ao trabalhador, pai de família que não tem acesso à segurança armada privada ou estatal – muitos daqueles que hipocritamente defendem o desarmamento- e muito menos apoio de entidades e ONGs ditas de direitos humanos, resta muito pouco a não ser rezar para que a polícia esteja no lugar certo e na hora exata para lhe salvar, coisa que nem as mais bem preparadas e equipadas polícias do mundo conseguem fazer. O Brasil virou um “bang-bang” onde só o vilão tem arma.

Ao definir democracia o escritor G. K. Chesterton em sua obra Ortodoxia define o que seria para ele o primeiro princípio da democracia: “as coisas essenciais nos homens são aquelas que possuem em comum, e não as que eles possuem individualmente”. E não há nada mais comum que a vontade de sobreviver e defender-se de ataques injustificados mas o atual governo reverte essa equação e por meios “democráticos” protege apenas a posição do próprio governo e de grupelhos que muitas vezes são sustentados pelo próprio governo com verba dos pagadores de impostos.

É, lá se vão 10 anos de “desdemocracia”! Há esperança? Sim! E ela está em nosso legislativo que mesmo com grandes dificuldades avança na aprovação do Projeto de Lei 3722/12, que será uma espécie de Código Brasileiro de Armas e finalmente garantirá o respeito a algo que nem deveria mais estar em discussão: o direito natural e inegável de ficar vivo.


Por: Bene Barbosa presidente do Movimento Viva Brasil e coautor do livro 'Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento'.

 

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