O papel social do jornal
O papel social e o objetivo do jornal O Celeiro é bem informar com precisão e dar mais voz a mais personagens, de forma isonômica, peculiaridade de sua direção, por isso sempre abriu e mantém aberto espaço aos agentes políticos dos Poderes Legislativo e Executivo, de todos os municípios em sua área de circulação, para divulgarem suas opiniões, projetos, realizações e feitos de interesse de suas comunidades. A exemplo do vereador Maicon Lopes (PT), que usou o espaço na semana passada, hoje é a vez do vereador Omar Santi (MDB) que discorre sobre suas ações, encaminhamentos e feitos no primeiro ano de mandato (veja página 12). O que se espera é que o agente político não use o espaço com o intuito de aparecer apenas, mas sim mostrar aos munícipes que está atuando e o que está fazendo em prol do município e da sua gente. Espera-se também que seja mantida a harmonia entre os pares e entre os Poderes, pois sabido é que ninguém faz nada sozinho, uma vez que precisa e depende do outro. E a população precisa de ambos como seus representantes. Portanto, que ninguém se deixe levar pela inveja, pelo egoísmo, pelo ciúme, pelo egocentrismo, pelo radicalismo, pela politicagem, que já deixou muitas sequelas no passado. Bom trabalho a todos.
Feminicídios
A violência contra a mulher tem se apresentado de forma sistêmica na sociedade brasileira e com índices assustadores. Apesar do avanço na legislação e da visibilidade que hoje é dada ao alto índice de violência psicológica, física, moral, sexual e patrimonial contra mulheres, o assunto ainda é tratado com naturalidade por expressiva parcela da população. No Rio Grande do Sul, no final da semana passada e início desta, em apenas cinco dias (de 3 a 7/02), ocorreram cinco assassinatos de mulheres (feminicídios). No dia 03/02, na cidade de Braga, uma mulher foi morta a facadas pelo ex-companheiro, que depois suicidou-se; dia 04/02 – em Rosário do Sul, um jovem de 23 anos matou, a facadas, a namorada de 18 anos; dia 05/02 – em Charqueadas, uma jovem de 19 anos, foi esfaqueada e morta pelo ex-namorado, de 23 anos; dia 05/02 – em Sarandi, uma jovem de 22 anos foi assassinada com um tiro na cabeça, no sofá da casa, pelo próprio companheiro; no dia 07/02 (nesta segunda-feira), em Canoas, uma mulher foi morta com um tiro na cabeça, desferido pelo ex-companheiro.
Banalização da vida das mulheres
É como definiu certa feita, em 2020, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe): A violência contra a mulher tem “caráter endêmico no Brasil” e o feminicídio ajuda a “perpetuar a banalização da vida e da liberdade das mulheres”. Isto é muito grave, e a sociedade precisa refletir, uma vez que a falta de reação traz consequências danosas, pois além de fomentar ainda mais a violência, esta passa a ser vista, de certa forma, com indiferença. Impunidade, desrespeito e individualismo são algumas das razões para a manutenção desta apatia. As estatísticas da violência doméstica contra as mulheres são assustadoras, assim como as motivações e justificativas dadas pelos agressores. Infelizmente, nem toda mulher tem coragem de denunciar. Os abusos constantes a deixa tão fragilizada que quando reage é apontada pelo agressor como desequilibrada, o que a faz sentir-se mais culpada e vulnerável.
Não adianta
Aí fica pior ainda. Se pensarmos que não adianta a lei, não adianta autoridades, não adianta as medidas protetivas, se está cedendo e se está permitindo a “matança de mulheres”. Contudo, sejamos realistas: até dá mesmo para pensar que não adianta. Aliás, ouvi uma delegada dizer na televisão esta semana: não adianta. Geralmente os feminicídios acontecem em duas situações: uma, é na violenta emoção, de repente, no calor da discussão, da raiva, é já e agora. Então, todos os fatores de prevenção citados caem por terra. Não adianta. Duas, é o feminicídio “premeditado”. Nesse caso, nada e ninguém vai evitar. Se não é agora é depois. O criminoso vai dar um jeito. Alguém pode dizer, ah, mas se botar na cadeia ele não vai ter como realizar seu intento. Sim, não. Mas se antes da consumação do crime ele não tenha dado os motivos para estar preso, não há polícia e não há juiz que o trancafie. São algumas análises que se faz, mas na verdade, para prevenção, para evitar que ocorra o crime de feminicídio, ainda não surgiu nenhuma medida, verdadeiramente, eficaz. No sentido punitivo as leis são boas, bem severas até. O problema são as benevolências, as teorias da ressocialização do criminoso, que os julgadores adotam e põem o cara em liberdade quando ainda tem quase toda a pena a cumprir. Isso dá uma sensação de impunidade gigantesca. É o “não dá nada” que estimula o crime. Que saudade dos velhos tempos, quando o sujeito pensava duas vezes e desistia de cometer o crime, porque sabia do castigo efetivo.
Reeleição de deputados
Mesmo ainda faltando alguns meses para o início do período eleitoral, na Assembleia Legislativa as eleições de outubro já começaram a marcar presença. Dos atuais 55 deputados, 43 pretendem concorrer à reeleição e retornar em 2023 ao seu assento no plenário. Oito pretendem concorrer a deputado federal e três estão aspirando ao Palácio Piratini. Nesse sentido, a volta do recesso, na última terça-feira foi regada de discursos já de olho no pleito de outubro. Os deputados oriundos aqui da Região Celeiro, Classmann, Zilá e Polo, todos manifestaram a intenção de concorrer à reeleição. Pretendem se candidatar a uma vaga na Câmara Federal: Any Ortiz (Cidadania), Dalciso Oliveira (PSB), Fábio Ostermann (Novo), Francine Bayer (PSB), Juliana Brizola (PDT), Tenente Coronel Zucco (PSL) e Vilmar Lourenço (PSL). Ao governo do estado, pretendem concorrer: Edegar Pretto (PT), Gabriel Souza (MDB) e Rodrigo Maroni (PSC).
Câmara Federal
Para a Câmara Federal, dos 513 deputados federais, 399 (77,7%) concorrerão à reeleição em outubro. Outros 37 parlamentares (7,21%) não disputarão a nenhum cargo, entre eles, o nosso deputado santoaugustense Jerônimo Goergen (PP) – salvo que seja convencido a concorrer ao Senado, o que ainda pode acontecer. Os demais 77 deputados (15,01%) concorrem a outros cargos. Desses, 21 buscam uma vaga de vice-governador, 21 concorrem ao Senado, 19 almejam vaga a deputado estadual, dez tentam o cargo de governador e seis desejam ser suplente de senador. Com a ausência de Jerônimo Goergen, Pompeo de Mattos (PDT) que concorrerá à reeleição, deverá ser o único candidato a deputado federal representando a Região Celeiro do Rio Grande.
Rumo incerto
O governador Eduardo Leite, apesar de sua pouca idade, 36 anos, sonhou com a possibilidade de chegar ao Palácio do Planalto. Depois de perder as prévias para João Dória, ele recusou fazer parte do staff da campanha à Presidência do governador paulista e vem dando declarações que colocam em dúvida a viabilidade dele na disputa. Embora insatisfeito, Leite continua negando a vontade de bater asas do ninho, mas é fato o assédio a ele de algumas siglas, em especial o PSD de Gilberto Kassab. Eduardo Leite não conseguiu ainda transferir sua popularidade ao vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, cotado para ser o candidato da situação. Apesar das declarações jurando fidelidade ao PSDB, chama a atenção na cúpula do partido que Leite não se preocupe em fazer gestos claros de que está imune ao assédio de siglas rivais. O próprio Leite, aliás, deixa aberta a possibilidade de uma volta ao páreo presidencial por um outro caminho político. De outro lado, ninguém se surpreenda se Eduardo Leite voltar atrás e concorrer à reeleição. Na verdade, ele está totalmente “sem rumo”.
Sartori e Onyx lideram
Uma pesquisa da Real Time Big Data, realizada nos dias 13 e 14 de janeiro, para o governo gaúcho aponta o ex-governador José Ivo Sartori (MDB) na liderança, com 20% das intenções de voto dos gaúchos, seguido de perto pelo deputado federal e ministro do Trabalho e Previdência do Brasil, Onix Lorenzoni (de mudança do DEM para o PL), com 18% das intenções de voto. Os demais, aparecem em queda livre na pesquisa: Pedro Ruas (Psol) – 5%; Edegar Pretto (PT) – 4%; Beto Albuquerque (PSB) – 3%; Luis Carlos Heinze (PP) – 2%; Gabriel Souza (MDB) – 2%; Roberto Argenta (sem partido) – 2%; Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) – 2%; Alceu Moreira (MDB) – 1%; Brancos/Nulos – 19%; não sabem/não responderam – 22%. Sartori tem sustentado que não vai concorrer, e Onyx mantém a firme disposição de concorrer a governador. Apesar da distância entre os dois primeiros e os demais, considerando os percentuais de brancos, nulos e indecisos, esse patamar pode mudar e até se inverter ao se desenrolar da campanha.
A propósito
Eduardo Leite ainda poderá mudar de ideia e concorrer à reeleição. Até porque ele já disse, como se insubstituível fosse, que “o Rio Grande do Sul não pode regredir em termos de gestão”, referindo-se ao seu sucessor. Leite passou os quatro anos dizendo que não concorreria à reeleição. Mas o que isso importa, agora ele vai dizer que está atendendo o “clamor da sociedade”. Qual?