O outro lado da moeda
Sobre os gastos de vereadores com diárias de viagem, assunto da coluna na edição da semana passada, um leitor interessado me pediu que mostrasse o outro lado da moeda e apontasse os vereadores de Santo Augusto que menos gastaram ou que não gastaram em diárias. O leitor é quem manda. Eis aí o que cada vereador de Santo Augusto gastou em diárias de viagem durante o ano de 2022: Cesar Paulo Philipsen (Bugio) do PP – R$ 450,00; Ederson José Fucilini (Tomate), do PP – R$ 9.925,00; Glades de Fátima Vaz Bertollo (MDB) – R$ 3.510,00; Joel Antunes da Rosa (DEM) – R$ 4.100,00; Maicon Maurício Lopes (PT) – R$ 2.463,00; Maurício Duarte da Silva (DEM) – R$ 450,00; Maxiliano Bahry (PDT) – R$ 2.885,00; Omar Ângelo Santi (MDB) – R$ 4.710,00. O vereador Horácio Ferrando Dornelles (PDT) não consta na planilha de gastos com diárias do portal da transparência da Câmara. Presumivelmente, este vereador não usou dinheiro público para viagens no período.
A propósito
Alguns dos campeões de gastos com diárias citados na coluna se irritaram com a publicação. Não sei por quê? A coluna apenas prestou um serviço à comunidade divulgando os gastos do dinheiro público. É estranha essa reação. Teriam eles alguma coisa a esconder? Preferem apedrejar o mensageiro ao invés de questionar a mensagem. Algum dia esse trem da alegria terá de reduzir a marcha. É inadmissível gastar-se tanto dinheiro público em viagens, cujo retorno é incerto, raro ou inexistente aos munícipes. Tem gastos exorbitantes, por exemplo, município com 2.300 habitantes, problemas sociais infinitos a resolver, e vereadores gastando mais de R$ 73 mil em diárias de viagem; outro com 2.200 habitantes gastando R$ 50 mil em diárias. E por aí vai. Passagens aéreas e tal.
Jesus era vagabundo e idiota
Olha para onde estamos indo. Essa foi na escola estadual Telina Barbosa da Costa, bairro Messejana, em Fortaleza, no Ceará. Conforme consta em matéria publicada pela Revista Oeste, um professor do ensino médio, daquela escola pública, disse em sala de aula e escreveu no quadro: “Jesus era um vagabundo e idiota”. O caso veio à tona durante um pronunciamento da deputada Dra. Silvana (PL), na Assembleia Legislativa do Ceará, na semana passada. “Nunca vi um conteúdo tão asqueroso e terrível”, disse a parlamentar. “Esse professor é um infeliz, um desqualificado. Não existe nenhuma justificativa lógica para um professor escrever algo assim. Ele deverá ser enquadrado em injúria religiosa”, disse Silvana. Os alunos registraram o momento e denunciaram o docente aos pais. A Secretaria Estadual da Educação do Ceará informou que está apurando o ocorrido. “Na rede pública estadual de ensino, o ambiente escolar é um espaço de respeito aos direitos humanos, de construção de cidadania e promoção da cultura da paz”, observou a Seduc. “Portanto, repudiamos ato de intolerância e discriminação religiosa”, destacou.
Aliás
O descambo na educação resultou nisso. Instigar a reflexão ou debate atacando e difamando pessoas, crenças, instituições. É isso. Só que o método pedagógico não se ampara em atitudes grotescas, medíocres e vis como esta praticada por esse professor afastado do princípio ético. Mas é uma prática conhecida, atribuir aos outros aquilo que se é. Jesus deixou uma marca na humanidade que perdura através dos séculos, aí vem este infeliz professor buscar destaque por conta da sua lamentável exposição no quadro da sala de aula.
Verdade única
A propósito, li um artigo de Cláudia Costin, especialista em educação e ex-ministra da Administração do governo FHC, em que ela critica a formação de professores e defende a ideia de que o primeiro passo para alcançar uma escola plural é ensinar os educadores a praticarem, em sala de aula, o debate livre de ideias. “Na escola, sempre houve a tentação de doutrinar”, afirma. E adverte: Esse cenário acaba empobrecendo a produção intelectual dos educadores, a exemplo dos livros didáticos, que oferecem uma visão muito limitada da realidade. Cláudia defende ainda a ideia de que haja uma abordagem mais ampla dos assuntos, que possa oferecer os dois lados da moeda para o aluno, sem ocultar fatos ou tentar prejudicar determinada pauta. Precisamos fugir da ‘verdade única’. Educação é formar pensadores autônomos e não pessoas que vão seguir ‘líderes geniais das massas’, conclui a especialista.
Sem surpresas
Na campanha e depois de ter sido reeleito governador, Eduardo Leite foi repetitivo em ‘prometer’ que em seu governo ‘a educação seria colocada em posição de destaque. Uma das ‘promessas’ repetida por ele inúmeras vezes era realizar obras emergenciais, ainda em janeiro, em 28 escolas em situação precária para garantir condições mínimas para o retorno das aulas em fevereiro. Até anunciou a criação de uma subsecretaria na Seduc voltada exclusivamente à estrutura escolar, prometendo escolas bonitas, atraentes, interessantes, para despertar ainda mais o interesse dos jovens de estar em sala de aula. Já estamos na véspera do início, as aulas começarão dia 23, e as tais obras (reformas e ampliações) ainda não aconteceram. Aliás, o governo não diz nem quais são essas 28 escolas. E até desdenhou da deputada Sofia Cavedon (PT) que percorreu gabinetes mostrando as escolas com problemas e o estágio das obras. Afinal, qual é o mistério? Se não cumpriu as promessas, pelo menos tenha transparência e apresente justificativa, mostre quais são as escolas a reformar, ou como andam as obras, enfim. Mas Leite não surpreende, quem o reelegeu já o conhecia e sabe o que esperar dele.
Monitoramento do agressor
No pertinente à violência contra a mulher, a Secretaria de Segurança Pública do RS começou, no final de janeiro, o treinamento de equipe da Polícia Civil e Brigada Militar que irá atuar no projeto “Monitoramento do Agressor”. A ação prevê a utilização de tornozeleiras eletrônicas para acompanhar a localização de homens que cumprem medidas protetivas. Após os testes técnicos, o projeto estará apto para iniciar nos municípios de Porto Alegre e Canoas, depois será expandido para os demais municípios do Rio Grande do Sul. Foram duas mil tornozeleiras adquiridas pela pasta.
Como vai funcionar?
Pelo projeto, mediante autorização da Justiça, as mulheres utilizarão um aplicativo de celular, interligado à tornozeleira, que alerta a vítima e as forças de segurança se a zona de distanciamento for ultrapassada. Caso o agressor não recue e ultrapasse o raio determinado pela medida protetiva, o aplicativo irá mostrar um mapa em tempo real e também alertará novamente a vítima e a central de monitoramento. Após o segundo alerta, a Patrulha Maria da Penha ou outra guarnição da Brigada Militar deve ir ao local.
Proteção às mulheres
Visando oferecer segurança e proteção às mulheres, o governador de São Paulo sancionou, na semana passadas, a Lei que obriga bares, restaurantes, boates e casas noturnas a ajudar mulheres que, no interior desses estabelecimentos, estejam sofrendo alguma situação de violência. A lei torna obrigatória a capacitação dos funcionários desses locais para identificar e combater casos de assédio sexual e violência contra mulheres. Com a sanção desta lei, o estado de São Paulo se aproxima de países desenvolvidos, no que diz respeito à prevenção da violência contra a mulher. O auxílio à mulher será prestado pelo estabelecimento mediante a oferta de um acompanhante até o carro, outro meio de transporte ou comunicação à polícia. Belo exemplo. Bem que poderia ser seguido pelos demais estados brasileiros.
Obra inflacionada em 100%
Em janeiro de 2022, quando recepcionado no Palácio Piratini pelo governador Eduardo Leite, o prefeito Marcus Bandeira, de Nova Ramada, assinou convênio com o Daer para a realização da obra de acesso asfáltico ligando a sede municipal à ERS-155. O custo da obra naquele momento estava orçado em R$ 12,5 milhões, dos quais R$ 9 milhões do estado e R$ 3,5 milhões do município. A obra que deveria ser iniciada em seguida, ainda não começou. Para piorar as coisas, nesse período a obra foi inflacionada em torno de 100%. O prefeito precisa de suplementação de aproximadamente 12 milhões de reais para concluir a pavimentação do trecho. Segundo o noticiado, com a atualização do projeto, o montante passa para R$ 26 milhões. Consta que o estado já deu sinal verde indicando a possibilidade de repassar mais R$ 9 milhões, totalizando R$ 18 milhões. Esta semana o prefeito Bandeira manteve audiência com o vice-governador na tentativa de garantir os recursos, eis que precisa de todo o montante para poder realizar a licitação.