A estupidez na política
No mês de setembro, mais precisamente no dia 10, na cidade de Bom Progresso, aqui na Região Celeiro, foi morto a tiros, de emboscada, o Secretário da Saúde, Jarbas David Heinle, filho do atual prefeito da cidade. As motivações constam ter sido políticas. Suspeitos de envolvimento no crime, um detentor de mandato eletivo na cidade e um ex-candidato a prefeito do município, tiveram prisão temporária decretada pela justiça e foram presos, e soltos após cumprir o prazo da prisão temporária, em 7 de novembro, apesar de a polícia civil ter representado pela prisão preventiva de ambos, “por haver, nos autos, indícios concretos da participação deles no crime”, o que foi negada pelo Poder Judiciário.
Morte por encomenda
Concluído o inquérito, e remetido à Justiça nesta semana, a polícia civil de Três Passos apurou que o secretário de Saúde de Bom Progresso, Jarbas David Heinle, foi morto sob encomenda por motivação política, cujos mandantes pagaram R$ 50 mil aos executores. No entendimento dos mandantes, segundo consta, eles só teriam uma chance de assumir o poder municipal, que era eliminar Jarbas que representava uma liderança imbatível eleitoralmente. Foram indiciados quatro indivíduos por homicídio triplamente qualificado, entre eles, como já dito antes, um detentor de mandato eletivo na cidade, apontado como um dos mandantes do crime. Também foram indiciados, um ex-candidato a prefeito, o qual é também apontado como um dos mandantes, e o indivíduo que teria organizado o ataque, inclusive, contratando o executor.
O autor dos disparos
Quanto ao autor dos disparos, que ainda não foi preso, consta que seu nome é Matheus de tal, que teria vindo de Porto Alegre para matar o secretário. Dos quatro envolvidos, o único que segue preso é o responsável por contratar o atirador e levá-lo até a casa de Jarbas. Este teria recebido R$ 30 mil, uma carta de emprego para conseguir sair do presídio para trabalhar depois do crime e também a promessa de um cargo na prefeitura quando os mandantes assumissem o comando da cidade. O atirador, teria recebido R$ 20 mil. A autoridade policial, ao concluir o inquérito, atribuiu três qualificadoras ao crime: motivo torpe (pagamento pelo assassinato), motivo fútil (motivação política com desejo de assumir o poder) e uso de meio que deixou a vítima sem defesa (emboscada).
Bandidos anônimos
O leitor, e a população em geral, deve estar indignado e se perguntando: afinal, estes bandidos não têm nome? A polícia e a imprensa estão os protegendo? Que nada. Polícia e imprensa fariam o maior empenho em divulgar ao máximo a identificação da bandidagem. Ocorre que estão impedidos pela lei de abuso de autoridade, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Bolsonaro, em vigor desde 3 de janeiro de 2020. Aliás, a lei de abuso de autoridade interfere diretamente na cobertura policial feita pela imprensa. Isso porque a regra prevê como crime “fotografar ou filmar, permitir que fotografem ou filmem, divulgar ou publicar fotografia ou filmagem de preso, internado, investigado, indiciado ou vítima, sem seu consentimento ou autorização”. Isso, segundo a lei, configuraria constrangimento ilegal, exporia o “coitado” a vexame ou execração pública. Ou seja, a imprensa está ainda mais limitada e, além de nomes, não pode divulgar mais fotos do bandido, nem de costas. E veja bem, a pena prevista na lei, para quem desobedecer é de seis meses a dois anos de reclusão, além de multa. E mais, como o judiciário é uma incógnita em termos de julgamento, nunca se pode duvidar de absolvição do criminoso, aí ele exigirá judicialmente uma indenização por danos morais. Ninguém merece. Mas é o que temos!
Estatuto da criminalidade
Essa lei de abuso de autoridade, da forma que foi esquematizada e aprovada pelo Congresso, e a seguir sancionada pelo presidente da República, se parece mais com um “Estatuto da Criminalidade”, porque prejudica o trabalho da polícia e beneficia os criminosos, ao invés de privilegiar o sucesso da investigação, que é o interesse da sociedade. Essa lei fragilizou as prerrogativas da justiça criminal, intimidando seus operadores a exercerem suas atribuições. A lei do abuso de autoridade é, ainda, uma lei de tolerância zero contra aqueles que combatem o crime, instalou uma política de terror sobre as autoridades públicas.
Aliás
Infelizmente, nesta lei, o Congresso Nacional e o presidente da Nação brasileira optaram por privilegiar a privacidade do criminoso, em detrimento da segurança pública e do interesse dos cidadãos. E na abrangência, atingiu a “imprensa”, grande aliada da polícia ao divulgar nomes e imagens de bandidos, que tanto colabora para a investigação, mas também teve sua ação cerceada.
E a violência política segue
Os ânimos andam acirrados, alegadamente por motivações políticas, envolvendo em conflitos violentos dois vereadores de Chiapetta. O vereador Valdir Declero de Lima (MDB), conhecido como Chico Canabarro, informou à coluna que no dia 17 de outubro, no recinto da Câmara, por ocasião de uma sessão legislativa por ele presidida, eis que estava no exercício da presidência da Mesa, “por motivos políticos” foi ameaçado de morte por seu colega, vereador Giovane Soares Rozin (MDB), que de viva voz teria dito: vou te dar um tiro, e num gesto de desdém, enfatizou que seria como dar um tiro num cachorro. Consultado pela coluna, o vereador Giovane nega ter feito tais ameaças, afirmando que na data referida não estava na Câmara, estava de licença. Disse que em razão das acusações, vai representar contra Valdir por calúnia e difamação. Chama a atenção é a “motivação política”, eis que os dois pertencem ao mesmo partido.
Mais conflitos entre os edis
No dia 8 de novembro, num bar da cidade, os dois edis, Valdir e Giovane, voltaram a se desentender e foram às vias de fato, onde Valdir, segundo alega, foi agredido fisicamente por Giovane que lhe desferiu um soco no rosto e com uma faca lhe feriu a mão direita e costas. Em contraponto, Giovane diz que a agressão partiu de Valdir. Que estava retornando da lavoura para sua residência no final do dia, e chegou no bar comprar lanche e lá estava o Valdir tomando cerveja e com sintoma de embriaguez. A seguir, com uma garrafa de cerveja e um copo na mão Valdir teria investido contra Giovane, tentando agredi-lo fisicamente. Giovane disse ter revidado à agressão e jogou Valdir sobre uma mesa, mas isso apenas para se defender. Que não possuía faca e nenhuma outra arma, e se Valdir resultou lesionado foi ao cair com o copo na mão.
Tentativa de homicídio
Mais um fato, este ocorrido no anoitecer de 9 de novembro, envolvendo o vereador Valdir Declero de Lima (MDB), o Chico Canabarro. Em contato com a coluna, ele informou que estava na sede de uma Associação Comunitária no interior de Chiapetta conversando com outras pessoas, entre elas, o responsável pelo estabelecimento, quando lá chegou, conduzindo uma camioneta, um primo do vereador Giovane, com o qual já mantinham certa animosidade, já não se davam. Os demais frequentadores se retiraram, e momentos depois seu desafeto também saiu, mas não demorou, voltou ao local e de dentro da camioneta passou a efetuar disparos de arma de fogo contra Valdir que se esquivou e correu, sendo que dois dos disparos pegaram na cadeira onde Valdir estava sentado. Consta que o autor dos disparos foi preso preventivamente, pelo atentado contra o vereador. Perguntado, Valdir insinuou, mas não afirmou que a tentativa de homicídio tenha a ver com os casos envolvendo o vereador Giovane. Giovane, por sua vez, rechaça qualquer ligação entre um caso e outro, salientando que já faz tempo que eles mantêm inimizade, por causa da má conduta social de Valdir.