Sensação de insegurança
A segurança tem sido uma preocupação do homem desde que o mesmo começou a ocupar a terra, tornando-se, com o passar dos tempos, cada vez mais acentuada. Atualmente, este tema adquiriu enorme visibilidade diante dos perigos que a vida diária oferece, com crescimento da população e as complexibilidades que envolvem as questões sociais de nossa época. Segurança é, paradoxalmente, uma situação, uma sensação mais presente no momento em que falta. Ela debilita psicológica e fisicamente o homem, produzindo reflexos individuais e sociais. Não respeita fronteiras, culturas ou camadas sociais, não importa o local, as pessoas acabam tendo “sensação de insegurança”, mesmo em locais com baixos índices de incidência de criminalidade.
Falando nisso…
Não consigo falar do tema “segurança pública” sem lembrar com alegria e honra, das três décadas e meia da minha vida que dediquei a essa nobre missão. Foi muito gratificante, onde os tempos eram outros, se fazia polícia comunitária e “conciliadora”, o policial se comunicava diretamente com as pessoas, lá no bairro, no centro, na roça, deixava elas a vontade para comentar sobre o dia-a-dia familiar, do trabalho, da escola dos filhos e assim ia e elas pegavam confiança no policial e se tornavam aliadas fiéis, prestando valiosas informações. Hoje propalam como novidade a polícia conciliadora, mas isso já se fazia, e com muita presteza e resultados extremamente positivos, sem descuidar das ações repressivas. Aliás, a conciliação praticada pela polícia restabelecia a harmonia e bom convívio entre as pessoas em conflito, principalmente conflito familiar, entre vizinhos, desavenças banais que, sem uma intermediação conciliadora poderia se transformar em crimes mais graves e demandas judiciais. Falando nisso, vou dedicar a coluna de hoje a este tema valioso.
Policiamento comunitário
No Brasil, falar de policiamento comunitário é ser entendido como leniente e pouco apto a agir repressivamente no trabalho policial. O senso comum, que desconsidera os elementos necessários para a atuação policial eficiente, não percebe a centralidade estratégica de ter policiais parceiros da comunidade. Ignoram que informação é o insumo básico de uma polícia competente, e que só há dois meios legais de obtê-la: através de ações de inteligência e/ou da atuação policial aproximada, essa sim, a grande fonte de dados qualificados para que o policial possa prevenir o cometimento de ilícitos ou reprimi-los com qualidade e menor risco. Quando os policiais estão bem informados e situados em sua área de responsabilidade, têm maior capacidade de exercer seu ofício, e não agem apenas quando chamados.
“Afinal, falar de policiamento comunitário é falar de ações policiais inteligentes, eficientes e qualificados”
Informação é fundamental
Meu modesto entendimento é de que, informação é fundamental para policiar bem. Uma simples pergunta é o primeiro passo para um relacionamento profícuo com a comunidade. Nada custa ao policial, durante o serviço, parar a viatura e indagar sobre os problemas que o cidadão percebe em sua região. No início, pode haver alguma reserva ou estranhamento, mas a continuidade gerará confiança e informações cada vez mais preciosas para o policial.
Ser acessível
Além de ter a iniciativa de ir ao encontro do cidadão, é importante que o policial esteja acessível. Rondar por horas seguidas na viatura sem se mostrar à comunidade é um desperdício de contatos produtivos. Um simples “bom dia” ou aceno já é uma demonstração de que o policial está aberto ao diálogo. Quanto mais se aprofunda o relacionamento, mais meios de disponibilidade podem existir (muitos policiais até trocam telefone com membros da comunidade para obter informações sobre a segurança local).
Lideranças
Muitas lideranças comunitárias (comerciantes, diretoria de bairro, organizadores de eventos, professores, agentes de saúde, enfim) sequer percebem que têm esse papel. O policial pode ter função fundamental para reconhecer essas lideranças e orientá-las a agir em prol da segurança da comunidade (mediando conflitos e indicando pontos vulneráveis na segurança). Além disso, o policial pode fazer com que essas lideranças se complementem em suas atuações comunitárias. Quando lideranças interagem a comunidade começa a encontrar força para realizar mudanças sociais.
“Atuando comunitariamente o policial garante acesso ao mapa da segurança pública em uma região. Quem rechaça esse conceito está à deriva”
Mudando de assunto
O prefeito de Santo Augusto anda rindo à toa. Arrumou emprestado R$ 3.580.000,00, via Badesul, objetivando atender demandas como pavimentação e drenagem no perímetro urbano, aquisição de equipamentos rodoviários e implantação do sistema de vídeo-monitoramento. É bastante dinheiro que os contribuintes do município, a partir da próxima administração, terão que pagar, acrescidos do juro e correção monetária. Assim, está se viabilizando a solução de algumas necessidades do município, mas o cidadão santoaugustense não pode e não deve achar que todas as mazelas vão ser resolvidas. A maioria delas não vai ser contemplada com esse recurso anunciado, uma vez que a liberação é feita com base nos projetos preexistentes. E mais, é recorrente, a má qualidade dos serviços feitos pelas empreiteiras de obras públicas, para o que desde já se tem que ficar de olho, fiscalizar tudo, desde a licitação. E não só nas obras, também na aquisição de bens com o dinheiro público. Mas, antes que alguém questione, esclareça-se que não se trata de colocar em dúvida qualquer dos procedimentos que vierem em torno dessa grana, mas de advertência, prevenção.
O que ninguém sabia
Com a emenda de bancada, proposta pelos 31 deputados federais e os três senadores gaúchos, 336 municípios foram contemplados com máquinas, veículos, equipamentos. A façanha, considerada inédita, teve ampla repercussão nos meios de comunicação de todo o Rio Grande do Sul, mas o que ninguém tinha dito e ninguém sabia, o governador Sartori contou em discurso quando esteve em Santo Augusto, sexta-feira (22). Sartori disse que as máquinas e equipamentos foram destinadas em regime de “comodato” aos municípios, e não como doação conforme apregoado. Aí, Sartori que, como todo o político, “não dorme de touca”, aproveitou como subsídio de campanha eleitoral dizendo e redizendo: As máquinas e demais equipamentos foram dados em comodato aos municípios, mas, “depois da eleição vou envidar todos os esforços, inclusive jurídicos, para a doação em definitivo aos municípios, porque em comodato tem problemas com a manutenção desse maquinário”. Enxerga longe o Sartorão. Indiretamente condicionou a doação definitiva das máquinas à sua reeleição.
Frente para os Rodeios
O deputado estadual Ernani Polo protocolou na última terça-feira (26), na presidência da Assembleia Legislativa, a criação da Frente Parlamentar em Defesa dos Rodeios. A ideia é valorizar e defender rodeios e cavalgadas como manifestações culturais. Polo explica que a Frente Parlamentar fará um contraponto ao projeto de lei que tramita no Congresso Nacional buscando a proibição dos rodeios e pode motivar outras Assembleias Legislativas a tomarem a mesma iniciativa, uma vez que tais atividades ocorrem em todo o país.