Efeito General
Se conceder nesta quarta-feira (4) o habeas corpus preventivo ao bandido corrupto, lavador de dinheiro, chefe da organização criminosa petista e ex-presidente Lula, condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro, o Supremo Tribunal Federal estará induzindo a violência entre os brasileiros, na opinião do general de Exército da reserva Luiz Gonzaga Schroeder Lessa. O general, que foi comandante militar do Leste e da Amazônia, disse que, se votarem a favor do habeas corpus, os ministros estarão “propagando a luta fratricida, em vez de amenizá-la”.“O que querem no momento é abdicar da justiça e fazer politicagem na mais alta corte do país”, afirmou Lessa. Segundo ele, se o Supremo permitir ainda que Lula seja candidato e se eleja ao Planalto, a única alternativa será a intervenção militar. “Se acontecer tanta rasteira e mudança da lei, aí eu não tenho dúvida de que só resta o recurso à reação armada. Aí é dever da Força Armada restaurar a ordem. Mas não creio que chegaremos lá”, afirmou. Na noite desta terça (3), véspera do julgamento sobre o habeas corpus de Lula no STF, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, disse em rede social que repudia “a impunidade”. Ele se disse ainda “atento às suas missões institucionais”, sem detalhar o que pretendeu dizer com a expressão. “Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”, escreveu.
Aberrações não faltam
Motivos para a descrença da população na Suprema Corte brasileira são fartos, abundantes. Notícia desta semana via Agência Brasil, dá conta de que o calendário dos magistrados do STF tem apenas 196 dias úteis, 31 a menos que o de trabalhadores da iniciativa privada e outros servidores públicos. Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e magistrados da Justiça brasileira têm, em seu calendário, pelo menos 88 folgas além dos fins de semana. “O argumento usado por integrantes de entidades representativas da magistratura é que a carga de trabalho dos juízes é imensa, normalmente extrapolando para horários fora do expediente e para dias de descanso. Além disso, afirmam, o peso da responsabilidade é superior ao da maioria das outras profissões”. Então tá!Sede do STF – Brasília
Mudando de assunto
Está na moda a expressão “cidadão de bem”. Sempre que ouço o termo “cidadão de bem” fico com um pé atrás, e frio na espinha. Por quê? Na tentativa de dar àquele que recebe o “elogio” um caráter de pessoa de valor está também uma conotação pejorativa. Não, obviamente, a quem se encaixa no tal perfil. Mas a todos os outros que parecem ser o contrário daquilo que a pessoa imagina ou apenas diz ser cidadão de bem. O óbvio, porém, nem sempre é tão óbvio. Uma versão é única pra quem a profere. Nunca é absoluta quando considerado tudo o que vem implícito no comportamento dos envolvidos em uma determinada situação.
Analisando
Por exemplo, a princípio, é de bem quem paga impostos, é honesto nas suas relações pessoais e profissionais, não desvia dinheiro público, não leva vantagem em prejuízo de outrem. Mas e se, essa mesma pessoa, que a primeira vista parece tão correta, espanca a mulher em casa? Cidadão de bem? Ou que é ótimo pai/mãe, marido/esposa, filho/filha. Sujeito(a) exemplar no convívio familiar, sempre estendendo a mão aos amigos. Mas sonega impostos, puxa o tapete sem dó nem piedade de colegas de trabalho, passa por cima de pedestres na rua, fura fila, usa preconceitos raciais, sociais, religiosos e políticos. Cidadão de bem?
Preocupados e revoltados
O problema ganha uma dimensão arriscada quando a ideia de “cidadão de bem” legitima ações violentas. Me parece a pior das escolhas ter dentro da sociedade civil grupos de vingadores, revanchistas, aclamados como “cidadãos de bem” que estão cansados do Estado omisso. Claro. Todos nós estamos, sim, preocupados e revoltados com a criminalidade que campeia por todos os recantes deste país. É culpa dos governos (não só dos atuais, mas de todos os anteriores), de muito dinheiro desviado ao longo de décadas, que deveria ter sido usado para educação e construção de uma sociedade mais igualitária. É culpa nossa, que votamos mal, somos bem corruptíveis no dia a dia e não sabemos nos organizar para pressionar e exigir transformações profundas. Precisamos nos interessar e acompanhar mais a política e nossos políticos. Fiscalizar como aqueles que receberam nosso voto estão trabalhando. Pressionar. Exigir. Não torturar. Não destilar ódio. Não piorar ainda mais o que já está péssimo. E desconfiar sempre do discurso do “cidadão de bem”.
Aliás
O cidadão de bem vestiu camisa amarela, empunhou a bandeira do Brasil e bateu panelas “mas não foi para colocar Temer no poder”. Foi para tirar o PT do poder. Quem colocou Temer no poder foi o PT. Temer e seus amigos sempre foram aliados do PT e vice-versa. Seriam eles “cidadãos de bem”?
Imprensa como inimiga
Alguns homens públicos chegam tratar a imprensa como inimiga, mas não deveriam, pois ela garante tanto ao cidadão comum, como àquele que governa e/ou administra a coisa pública, o exercício da democracia, fazendo valer os direitos das classes minoritárias, dando notoriedade ao trabalho desenvolvido dentro da gestão pública. O papel da imprensa é verificar as versões sobre os fatos, levar ao cidadão o que acontece e quais são as implicações. E por vezes, o que se percebe é que o gestor público está preocupado tão somente com sua exposição; que seja ela positiva. Porém, sabe-se também, que a informação de interesse público é um bem social que não pertence ao gestor público, que por sua vez tem a obrigação de prestar contas sim, de suas ações e omissões, e mais, explicar à massa os motivos de suas atitudes.
Verdade
Bem escreveu o jornalista L. H. Mencken que: “A verdade é uma mercadoria que as massas não podem ser induzidas a comprar”. Lembrando que este fenômeno comunicacional é capaz de dar “vida ou morte aos políticos”. Por ter tanto poder junto à sociedade, lá nos idos de 1928 o inglês Lord Macaulay já apontou a imprensa como o “quarto poder”, aquele responsável por controlar os abusos dos poderes constituídos (Legislativo, Executivo e Judiciário) contra a população que na maioria das vezes não tem voz ativa para interferir em questões importantes.
Mordaça
Enquanto enfocamos a democrática e salutar liberdade de imprensa e de expressão, vê-se vez por outra, aqui e acolá, setores políticos eleitoreiros, e também políticos administrativos, tentando amordaçar e inibir empresas da área das comunicações e, lamentavelmente, empresas tentando amordaçar seus parceiros do dia-a-dia, levados pela pressão externa de interesseiros políticos que, sem dúvida, na medida em que tentam abafar e/ou amordaçar a imprensa, estão, obviamente, com medo de que seus malfeitos por ação ou omissão sejam revelados. Aliás, se o administrador público não está cometendo erros e nem se omitindo de fazer o que lhe cabe por obrigação legal, certamente não teria do que temer, restringir e, muito menos, ter ódio pela imprensa.
Jornalismo uma missão
Ao reportar-me sobre essa questão da liberdade de imprensa, lembrei-me de uma menção que fiz na coluna anos atrás, onde o papa se manifestou sobre o jornalismo: Falando a um grupo de donos de empresas de comunicação de todo o mundo, em junho do ano 2000, o papa João Paulo II disse: “Com sua influência vasta e direta sobre a opinião pública, o jornalismo não pode ser só guiado por forças econômicas, lucros e interesses pessoais. Deve, ao contrário, ser encarado como uma missão, até certo ponto sagrada, realizada com o entendimento de que meios de comunicação foram confiados aos senhores para o bem geral”. Portanto, fica perceptível a grande importância do papel da imprensa perante a sociedade. “Quando a imprensa não fala, o povo é que não fala. Não se cala a imprensa. Cala-se o povo”. (Poeta Willian Blake)