Cooperativa gaúcha que já foi a maior da América Latina na década de 1970 está sob administração judicial e aguarda definição em processo movido por um dos credores
Um ano depois de sofrer intervenção da Justiça, com a nomeação de um administrador, a Cotrijui ainda espera sentença que definirá seu futuro. O processo movido por um dos credores, a Chinatex, pede que a liquidação extrajudicial — aprovada em assembleia em 2014 — seja convertida em judicial. Na prática, seria o reconhecimento legal da inviabilidade da cooperativa. A decisão está nas mãos do juiz Guilherme Eugênio Mafassioli Corrêa, da 1ª Vara Cível de Ijuí.
No capítulo mais recente, a Associação de Credores, Amigos e Interessados no Soerguimento da Cotrijui (Acaisc) entrou com pedido de destituição do administrador judicial que desde o ano passado vem tocando as operações da cooperativa. Segundo a advogada da associação, Acácia Wakasugi, os administradores deixaram de cumprir exigências da lei. Cita como exemplos ausência de normas técnicas na avaliação da Cotrijui, não apresentação de documentos e de pagamentos de guias e tributos, não levantamento dos créditos e débitos, entre outros. Ainda não há manifestação do juiz acerca da solicitação — o documento foi entregue em 4 de fevereiro.
Na sexta-feira, o escritório Brizola e Japur, administrador judicial da Cotrijui, emitiu nota de esclarecimento, rebatendo informações da Acaisc.
— Respondemos judicialmente, mas como têm sido feitas manifestações públicas por parte da associação, achamos por bem nos manifestarmos — diz o administrador Rafael Brizola Marques.
Na nota, o escritório traz oito pontos específicos de esclarecimentos. Nega, entre outras questões, que tenham sido sonegadas ou omitidas informações (cita o site preservacaodeempresas.com.br, onde são publicados documentos do processo) e que os supermercados da Cotrijui estejam “abandonados ou desbastecidos”.
Pontua ainda ações desenvolvidas no período de atuação, como o inventário de grãos, a distribuição do produto de venda aos agricultores que haviam depositado na condição de armazém geral, regularização do pagamento de salários dos funcionários remanescentes e a entrega das demonstrações contábeis de 2017 que estavam em atraso, entre outras.
Em relação à nota, Acácia diz “lamentar esse tipo de procedimento”:
— O que queremos é clareza no processo.
A Cotrijui, que na década de 1970 foi a maior cooperativa da América Latina, passou a acumular dívidas nos anos 2000. Em 2014, associados decidiram pela liquidação extrajudicial em assembleia polêmica. Em 29 de janeiro de 2018, três dias após ação do Ministério Público Estadual que destituiu o liquidante, a Justiça nomeou administrador. A expectativa é de que a definição sobre o caso saia em breve.
Gauchazh