Ele foi trazido da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas
Um forte aparato de segurança foi montado para a chegada do médicoLeandro Boldrini no local onde ocorrerá a reconstituição da morte de Odilaine Uglione, em Três Passos, na tarde desta quarta-feira (16). Dezenas de policiais militares e civis fizeram a escolta da viatura da Susepe e depois montaram uma espécie de cordão humano em frente ao prédio onde ficava o consultório de Boldrini.
Além do médico, duas testemunhas devem participar nessa fase final da reconstituição.
Pela manhã, quatro testemunhas fizeram a Reprodução Simulada dos Fatos durante cerca de três horas. Ninguém se manifestou após a primeira etapa do segundo dia da perícia. A ex-secretária de Boldrini, Andressa Wagner, vai participar dessa fase final da reconstituição.
Primeiro dia de reconstituição
O primeiro dia da reconstituição da morte da mãe do menino Bernardo Boldrini foi marcado por divergências entre as testemunhas. Cinco pessoas participaram da chamada Reprodução Simulada dos Fatos.
As divergências das testemunhas ficaram concentradas no momento do disparo que atingiu a cabeça de Odilaine: se ele ocorreu antes de Leandro deixar a sala correndo ou depois. Gaúcha
Aos gritos de "assassino", Leandro Boldrini participa de reconstituição
Médico reproduziu sua versão da morte da então esposa durante duas horas, em Três Passos
Leandro Boldrini reconstituiu a sua versão sobre a morte de Odilaine Uglionepor duas horas no prédio em que mantinha um consultório, no centro de Três Passos, na tarde desta quarta-feira. Ao sair à rua, ouviu gritos de “assassino” vindos das pessoas que se concentravam ao redor do edifício.
Boldrini chegou ao Centro Clínico São Mateus às 13h30min em um camburão da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Vestia calça jeans, uma camisa polo da cor branca sob um colete à prova de balas e tênis. Nas mãos algemadas às costas, segurava um pacote de bolachas água e sal e uma banana. Disse que estava com sede e pediu água.
O médico permaneceu na sala onde ficava o consultório, no terceiro andar do prédio, por cerca de uma hora e meia. Ao entrar, quis saber quem estava no local – e foi tranquilizado ao ser informado de que se tratava de servidores da Polícia Civil e do Instituto-Geral de Perícias (IGP).
Cada passo dado no dia em que Odilaine morreu foi encenado pelo médico, investigado pelo caso. Em depoimento à polícia, Boldrini havia dito que deixava a sala quando ouviu o estampido do tiro que matou a mulher e desceu até a farmácia localizada no térreo, por exemplo. Essa cena foi reproduzida às 15h desta quarta-feira.
Assim que a imagem de Boldrini surgiu atrás da porta de vidro que leva ao estabelecimento, as pessoas que acompanhavam a movimentação protestaram.
– Assassino! Não pesa a tua consciência? – berraram.
Por orientação da defesa, o médico não reproduziu o momento em que diz ter corrido em direção a um consultório ao lado. Às 15h30min, Boldrini deixou o prédio e retornou, no veículo da Susepe, à Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). No local, ele está preso desde abril de 2014, por suspeita de envolvimento na morte do filho, Bernardo.
Para participar da reconstituição, o médico foi escoltado por um forte esquema de segurança. A Brigada Militar ampliou o isolamento nas ruas próximas e espalhou policiais no entorno do edifício. Pelo menos 12 viaturas estavam estacionadas aos arredores.
Solicitada pela Polícia Civil ao IGP, a chamada Reprodução Simulada dos Fatos (RSF) tem por objetivo elucidar o envolvimento de Boldrini na morte da então esposa. Investigação, à época do ocorrido, apontou se tratar de um suicídio. O inquérito foi reaberto em maio deste ano.