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Após reunião com deputados, governo do RS calcula ter votos para aprovar projetos que alteram vencimentos na BM

Encontro de representantes do Piratini com deputados da base aliada ocorreu na Assembleia Itamar Aguiar / Palácio Piratini/Divulgação

Duas horas de reunião a portas fechadas com representantes da base aliada deram ao governo do Estado confiança na aprovação dos projetos que alteram vencimentos dos servidores da Brigada Militar. A despeito das dúvidas de alguns deputados quanto à legalidade do aumento na contribuição previdenciária, o Piratini já contabiliza, com sobras, os 28 votos necessários para vencer em plenário.

Conduzido pelo chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, e pelo líder do governo, Frederico Antunes (PP), o encontro foi o primeiro a debater com maior profundidade o teor das medidas que serão votadas no final do mês na Assembleia Legislativa. Em meio a dúvidas e sugestões, serviu como termômetro para o Piratini medir o humor dos parlamentares a respeito das propostas.

No plenarinho da Assembleia Legislativa, deputados, assessores e coordenadores de bancada discutiram com o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa, os secretário da Fazenda, Marco Aurelio Cardoso, e o adjunto do Planejamento, Marcelo Alves, além de técnicos do governo, os projetos de lei complementares (PLCs) 504 e 506.

O primeiro PLC replica nos contracheques dos brigadianos a tabela de descontos à previdência que passa a vigorar em março para os servidores civis. Aprovado em dezembro e sancionada pelo governador Eduardo Leite na antevéspera do Natal, o texto cria oito faixas de alíquotas, cobrando de 7,5% sobre um salário mínimo até 22% sobre os salários acima de R$ 39 mil. Assim como os civis, os inativos da Brigada, antes então isentos até R$ 5,8 mil, também passarão a contribuir com os mesmos índices.

Entre os deputados, é praticamente unânime o entendimento de que não há como deixar de dar tratamento isonômico às duas categorias, o que praticamente torna automática a aprovação. Todavia, alguns parlamentares manifestaram dúvidas sobre a constitucionalidade da cobrança de uma alíquota superior a 10,5% dos militares, estipulada como teto na reforma da Previdência aprovada pelo governo federal no Congresso.

Com forte base eleitoral entre os servidores da segurança, o líder do PSL, tenente-coronel Zucco, liderou a contestação à matéria. Conforme o deputado, se o governo não apresentar garantias do Supremo Tribunal Federal (STF) de que o projeto é constitucional, os três votos da bancada serão contra à medida.

— Se aprovarmos esse projeto (com alíquotas que alcançam 22%), vamos criar um passivo para o Estado. Será uma nova Lei Britto — comparou Zucco, citando o reajuste aprovado pelo então governador Antônio Britto em 1995  que até hoje gera precatórios para o Estado.

O governo ouviu os argumentos do deputado, mas está convicto da legalidade da proposta e não pretende alterar o texto, tampouco consultar o STF. Coube ao procurador-geral garantir a segurança jurídica da proposta:

— É a lei federal que viola a Constituição. Há uma intervenção clara, pois viola o pacto federativo ao impor limites na fixação das alíquotas — sustentou Cunha da Costa.

Outra reclamação dos deputados na reunião foi a diferença salarial criada entre praças e oficias na nova tabela de subsídios. Pelo estipulado no PLC 506, um primeiro-tenente receberá subsídio de R$ 10,6 mil, ante os R$ 20,3 mil pagos ao capitão, seu superior hierárquico imediato. Ciente da resistência, Otomar se dispôs a sugerir nova faixa e abriu margem para que os deputados também apresentarem sugestões. Uma nova reunião, marcada para terça-feira (14), deve aparar as arestas.

A proposta das novas alíquotas

Inativos
Até R$ 1.039 — isento
De R$ 1.039 a R$ 2 mil — 9%
De R$ 2.000,01 a R$ 3 mil — 12%
De R$ 3.000, 01 a R$ 5.839,45 — 14%
De R$ 5.839,46 a R$ 10 mil — 14,5%
De R$ 10.000,01 a R$ 20 mil — 16,5%
De R$ 20.000,01 a R$ 39 mil — 19%
Acima de R$ 39.000,01 — 22%

Ativos
Até R$ 1.039 — 7,5%
De R$ 1.039 a R$ 2 mil — 9%
De R$ 2.000,01 a R$ 3 mil — 12%
De R$ 3.000, 01 a R$ 5.839,45 — 14%
De R$ 5.839,46 a R$ 10 mil — 14,5%
De R$ 10.000,01 a R$ 20 mil — 16,5%
De R$ 20.000,01 a R$ 39 mil — 19%
Acima de R$ 39.000,01 mil — 22%

Previdência Militar – PLC 504/2019
Principais mudanças: Serão criadas oito faixas de alíquotas progressivas, partindo de 9% para quem ganha entre um salário mínimo e R$ 2 mil. Os 14% atuais pagos por todos os servidores da ativa serão válidos para quem ganha entre R$ 3 mil e R$ 5,8 mil. Salários acima de R$ 39 mil pagarão R$ 22%.
Votos necessários para aprovação: 28

Estatuto dos militares – PLC 506/2019
Principais mudanças: estabelece o pagamento por subsídio, unificando todos os apêndices salariais. Os valores começam pelo soldado de nível três, com R$ 4.689,23, e chegam ao comandante-geral e ao coronel, com R$ 27.919,16.
Votos necessários para aprovação: 28

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