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“Amansa-Burros”: o professor que assustava os alunos

Antônio d´Ávila abriu escola em Porto Alegre, em 1800

Por Leandro Staudt – GZH

Revista Kodak / Reprodução
Colégio público de Porto Alegre em 1912, mais de um século depois da abertura da primeira escola.Revista Kodak / Reprodução

O professor Antônio d´Ávila, com sua cara fechada, colocava medo nos alunos. Ninguém ousaria contrariar o “Amansa-Burros”, o fundador da primeira escola de Porto Alegre. O apelido deixava claro o papel do professor diante dos alunos. A expressão “amansa-burro” também é usada para se referir aos dicionários.

O jornalista Felicíssimo de Azevedo contou a história do pioneiro colégio em edição de 1885 do Annuario da Provincia do Rio Grande do Sul. No início de 1800, cartazes foram colocados nas esquinas das ruas Formosa (Rua Duque de Caxias) e da Graça (parte da Rua dos Andradas). Abaixo, o texto da propaganda, mantendo a grafia usada por Azevedo:

“Antonio d´Avila, recem-chegado a este continente, participa ao publico que vai abrir na rua da Ponte, perto da ponte, uma escola para ensinar a lêr, escrever e contar, e doutrina christã. As pessoas que quizerem se aproveitar do seu prestimo podem trazer os seus filhos para a dita escola”.

primeira escola regular de Porto Alegre abriu em 8 de janeiro de 1800. Nas décadas anteriores, professores ofereciam suas aulas individuais ou para pequenos grupos. Felicíssimo relatou que o professor d´Ávila apareceu de maneira misteriosa, ninguém sabia a origem. Ele descreveu um homem de “semblante sempre carregado”, fazendo crianças tremerem só com a sua presença.

escola ficava na Rua da Ponte (Rua Riachuelo), perto da Rua Clara (Rua General João Manoel). Em pouco tempo, atraiu 50 alunos. Na sala principal, ficavam bancos, escrivaninhas e a poltrona do professor. Uma cruz de madeira, pintada de preto, estava na parede. A aula abria às 7h30, mas o “Amansa-Burros” só entrava às 8h.

Só meninos podiam frequentar a escola. Um dos ilustres alunos foi Antônio Álvares Pereira Coruja, o Professor Coruja, que virou grande cronista da cidade no século 19.

Almanak Litterario e Estatistico do RS / Reprodução
Na infância, Professor Coruja foi aluno do “amansa-burros”.Almanak Litterario e Estatistico do RS / Reprodução

Em 1808, de acordo com o Almanak de Porto Alegre, a cidade tinha uma aula de gramática latina e duas escolas de ler e escrever.

Em mais de 200 anos, a educação passou por grandes transformações. O Brasil deixou de ser um país de analfabetos, onde o ensino era um privilégio. Pela Constituição, a educação é um “direito de todos e dever do Estado e da família”.

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