O que pra muita gente é a “melhor decisão”, eu considero como absolutamente inaceitável.

A exclusão do Grêmio da Copa do Brasil abre um precedente absurdo pro futebol brasileiro, prova o quanto o STJD é manipulável pelo clamor popular e o quanto nós estamos errados quando tentamos corrigir os problemas do nosso país.

Senhores, o futebol não será uma ilha de primeiro mundo em meio a um país de terceiro. Não terá torcedores educados num país onde muitas pessoas são mal educadas.  Não dá pra acreditar que o país melhore do futebol pra fora. É ao contrário.

É inaceitável que milhões de torcedores e outros tantos profissionais do clube sejam punidos por meia duzia de imbecis que não sabem se comportar.

É inaceitável que, de novo, o recado dado seja de que dentro do estádio é uma massa isenta de responsabilidades individuais.

É inaceitável que um clube pague pela reação de uma enorme minoria de sua torcida.

É inaceitável que nós possamos abrir o precedente para que amanhã, quando uma torcida gritar “gaúcho viado” e um deles de fato for gay, seja justo que se elimine o adversário do Grêmio por isso. Mas após a decisão de hoje, seria.

É inaceitável ler a coisa de forma tão simplista ao ponto de acreditar que agora, por perderem um campeonato, os racistas não são mais racistas.

É inaceitável que a punição seja, novamente, na arma e não em quem atirou. O Grêmio é tão vítima quanto o Aranha. O clube não escolheu essas pessoas ali e se pudesse escolher entre tê-las e ser detestado por elas ou ignora-las, faria a escolha lógica.

Não há teste psiquiátrico na venda de ingressos. As pessoas neste país precisam aprender a responder por seus atos. A crescer, gerenciar suas decisões e pagar por elas.

Aqui, não pode maconha, não pode bingo, não pode cassino. Tudo pra que você não faça merda com o SEU dinheiro. Quando na verdade seria muito mais inteligente lhe dar a condição de escolher, ser adulto e pagar quando e se cometer um erro.

Querem te blindar e na verdade te mantém no berço. Somos tratados como bebês.

A imagem está lá. Tem facilmente uns 10 que dá pra identificar e prender. Feito isso, ninguém faz de novo. Mas não. É mais fácil um monte de gente de terno sentar numa mesa, um deles dormindo, e dizer que o problema é o clube.  E assim, punindo a arma, esperam que o atirador não atire de novo.

Pra mim a lógica do caso é inaceitável. As consequências, idem. Afinal, há 200 anos punidos “torcidas” e não um individuo. Não a toa continua tudo igual.

E se você eventualmente acha certo, não esqueça que amanhã, após comprar ingressos, levar seu filho e acompanhar um campeonato todo, seu time pode ser excluído e você pagar pela atitude de cinco ou seis sujeitos que você sequer conhece.

Mas ao concordar com essa decisão, aceita ser também responsável por eles.

abs,
RicaPerrone