Por J. R. Guzzo – Estadão
Sinceramente, e em português bem claro: você acredita que possa haver algum propósito honesto na criação do “Ministério dos Portos e Aeroportos”? O Brasil sobrevive há mais de 500 anos sem isso; justo agora, quando os portos brasileiros começam a dar lucro pela primeira vez na história, e grandes aeroportos vão se transformando em alguma coisa mais decente por conta da privatização, inventam um ministério para mandar na área e em seus bilhões. Já foi anunciado o seu primeiro grande objetivo – não privatizar nada. Danem-se o Tesouro Nacional e os interesses do público pagante. A única coisa que importa na administração de Lula, que segundo ele já governa o Brasil antes de tomar posse, é controlar todo e qualquer pedaço do País onde circule dinheiro grosso.
Seria muito ruim se fosse só isso, mas é muito pior do que isso. Lula, pela observação objetiva dos fatos, está montando um governo cada vez mais monstruoso; é só ver, dia após dia, quem é nomeado para ser ministro ou algum outro tipo de magnata. O que esperar de um ministro da Fazenda que diz, em público, que não entende nada de economia e que, quando se envolveu no assunto, escreveu uma dissertação sobre “O Caráter Sócioeconômico do Sistema Soviético” – e o que ele considera os seus “êxitos”? Ou, então, a nomeação de um advogado da Odebrecht, a empreiteira-estrela da corrupção sem limites dos governos Lula-Dilma, para um alto posto no Ministério da Justiça? A coisa é daí para baixo. Há a possibilidade real de que, entre os 1.000 principais nomeados do novo governo, não acertem nem um. A calamidade das escolhas, porém, vem acompanhada neste terceiro mandato de Lula de uma agravante fatal: não existe mais, no Brasil de hoje, a menor possibilidade de alguém do governo ser condenado, processado ou sequer incomodado pela Justiça pela prática de corrupção passiva, ativa ou de qualquer outra natureza.
É o que se constata todos os dias no mundo das realidades. O Supremo Tribunal Federal, para todos os efeitos práticos, legalizou a corrupção no Brasil – naturalmente, quando a roubalheira vem de Lula e do “campo progressista”. Não há, é claro, um despacho oficial do STF, por escrito, dizendo: “A partir de hoje a corrupção está permitida em todo o território nacional desde que o ladrão seja de esquerda”. Mas todas as decisões do Supremo, atualmente, absolvem, favorecem ou tiram acusados de corrupção da cadeia – o que, na vida real, dá exatamente na mesma. A propósito, acabam de soltar o ex-governador Sérgio Cabral, condenado a 425 anos por corrupção confessa; votar nele, disse Lula, era “um dever moral”. O que mais se poderia dizer?